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sexta-feira, 6 setembro, 2024

Cinto apertado na América Latina e no Caribe

México (Prensa Latina) A economia global sofre uma distorção recessiva à qual não escapam a América Latina e o Caribe, cujas debilidades se exacerbam por fatores como a baixa dos preços das matérias primas, o atraso tecnológico e sua dependência de fatores externos.

Assim o considera o relatório sobre a inserção internacional da região em 2015, apresentado na capital mexicana pela Comissão Econômica para América Latina e o Caribe (Cepal), a cargo de sua secretária executiva, Alicia Bárcena.

O valor das exportações da América Latina e do Caribe diminuirá pelo terceiro ano consecutivo em 2015 e reduzirá em 14 por cento, segundo projeções do organismo.

As fortes quedas nos preços das matérias primas e uma menor demanda internacional pelos produtos que a região exporta afetaram seus envios ao exterior. Basta dizer que o triênio entre 2013 e 2015 foi o de pior desempenho exportador da região em 80 anos.

Não é para menos. A recessão é o que marca o contexto econômico internacional e impede a dinamização comercial, aponta a Cepal.

Avalia que o atual ciclo se caracteriza por excesso de liquidez e queda da demanda agregada. Isso implica menor capacidade dos países emergentes para absorver impactos externos como a desaceleração da China, um crescimento dos ativos financeiros acima da economia real e mudança de sinal nos fluxos de capitais para a América Latina e o Caribe.

A crise é estrutural e impede que o comércio recupere o dinamismo que exibiu no período anterior à crise de 2008 e 2009. A isso se acrescenta que na área não se cumpriram as tarefas necessárias como o investimento em novas tecnologias e infraestrutura, bem como a melhoria dos processos de produção.

A região está em uma encruzilhada: ou continua no caminho atual restringido pelo contexto global, ou fica comprometido por uma inserção internacional mais ativa que privilegie a política industrial, a diversificação, a facilitação do comércio e a integração intrarregional, reforçou Bárcena.

O relatório da Cepal indica que a queda no valor das exportações e a deterioração dos termos de troca serão mais agudas nos países e subregiões exportadoras de petróleo e de matérias primas, com contrações que vão de 41 por cento na Venezuela, 30 na Bolívia, 29 por cento na Colômbia, 25 no Equador e 22 por cento no Caribe, sobretudo Trinidad e Tobago.

As menores quedas no México e na América Central (cerca de quatro por cento) explicam-se principalmente por seu padrão exportador, pois a demanda dos Estados Unidos tem sido mais dinâmica que a de outras regiões.

Ademais, as exportações mexicanas e centro-americanas têm um alto componente de manufaturas, as quais não sofreram quedas de preços tão abruptas como as das matérias primas.

No entanto, as exportações intrarregionais registrarão uma contração de 21 por cento, acima da queda esperada pelas exportações extrarregionais. Não são muito melhores os índices de importação, com uma queda média de 10 por cento do valor em 2015.

FATOR CHINÊS

A desaceleração da economia chinesa desde 2012 também explica a queda das exportações latino-americanas e caribenhas, em especial dos países especializados em produtos primários que o gigante asiático importa.

O crescimento das exportações regionais a China concentra-se nos recursos naturais brutos ou processados.

As importações de manufaturas de nível tecnológico médio e alto desse país cresceram mais rápido que as exportações, o que gerou um saldo cada vez mais negativo para a região.

Desde 2014, o valor das exportações a China reduziu-se, devido em grande parte aos menores preços dos principais produtos exportados, enquanto as importações desse país seguem crescendo.

Apesar de seu aumento, o número de produtos exportados pelos países da região a China é muito baixo em comparação a outros destinos tradicionais.

Em relação a outros grandes mercados, poucas empresas da região exportam a China, ainda que seu número tenha aumentado, especialmente no Chile, Costa Rica, Equador e México.

A China transita a uma economia com mais ênfase no consumo, o que representa uma oportunidade para a América Latina e o Caribe de diversificar suas exportações a esse mercado.

Nossa região poderia inclusive converter-se em parceiro estratégico no setor agroalimentar, pois espera-se que Beijing duplique as importações desse tipo de produtos para 2020, prevê Bárcena.

No entanto, não é necessário esperar até então. A Cepal recomenda maior ênfase na troca dentro da região, facilitar o comércio para baixar os custos, e propiciar a coordenação e negociação em bloco frente aos grandes apostadores do tabuleiro de comércio mundial

*Corresponsável da Prensa Latina no México.

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