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quinta-feira, 28 março, 2024

China quer manter boa relação com Brasil para tirar protagonismo dos EUA na região, diz especialista

ANÁLISE

Dingding Chen, diretor do Intellisia Institute, um dos maiores think tanks chineses, disse recentemente que a China perderia mais ao longo prazo com relação ruim com o Brasil.

A declaração foi dada por Chen em entrevista ao jornalista Jamil Chade, do portal UOL. Para o chinês, a importância de uma boa relação da China com o Brasil é a mesma importância de uma boa relação do país com os Estados Unidos.

Para Marcus Vinícius Freitas, professor visitante de Direito Internacional Público e de Relações Internacionais da Universidade de Relações Exteriores da China, a declaração de Chen revela que a China deseja exercer cada vez mais influência na América Latina, região historicamente predominada pela influência dos Estados Unidos.

“Para os chineses uma relação comercial intensa com o Brasil é importante até mesmo na movimentação do tabuleiro global. Uma vez que a China faz com que a sua presença no continente latino americano de alguma forma tire aquela situação em que os Estados Unidos predominavam totalmente sobre a região”, disse à Sputnik Brasil.

Segundo Marcus Vinícius Freitas, quanto maior a presença chinesa na América do Sul, mais os Estados Unidos são afetados.

“Obviamente o Brasil é um país importante [para os EUA] porque no subcontinente, se nós pensarmos na América do Sul, o Brasil é o país mais importante e, se houver uma aproximação maior com a China, de um modo mais óbvio os Estados Unidos são afetados”, afirmou.

Para a China, de acordo com Marcus Vinícius Freitas, é importante se manter aliada do Brasil por questões que vão além de trocas comerciais.

“A preocupação chinesa é justamente não alterar essa equação para que a China possa contar com o Brasil como um país líder regional, como um país de liderança global, para que este país de alguma forma, nos assuntos que forem de interesse para a China, se manifeste a favor disso. Não é somente uma relação comercial, mas é uma relação de Estados”, explicou.

Marcus Vinícius Freitas entende que o Brasil deveria conseguir saber utilizar a aproximação que tem tanto com a China quanto com os Estados Unidos para buscar seus interesses nacionais.

“É importante para o Brasil de alguma forma conseguir ter a possibilidade de, na equidistância entre China e Estados Unidos, saber utilizar o jogo global no sentido de buscar os seus interesses nacionais conforme as suas necessidades aliando-se aquilo que lhe convém. Então é equivocado nós acharmos que acirrarmos a relação com a China vai ser algo positivo”, completou.

Sputnik

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