de People’s Daily, in Global Times, China
China jamais permitirá que os EUA desestabilizem o Mar do Sul da China, disse o People’s Daily em comentário no domingo, depois que um destroier da Marina dos EUA, armado com mísseis teleguiados, o USS Decatur, navegou pelas águas das ilhas Xisha, na 6ª-feira, sem aprovação do governo da China.
O que os EUA fizeram, movidos por sua mentalidade hegemonista, não pode ampliar a influência daquele país na região do Pacífico Asiático, diz o artigo. Esse tipo de ato cria inimizades e tem por único resultado confusões sempre maiores, o que acelerará o declínio da influência global dos norte-americanos.
O governo chinês opõe-se resolutamente a esse comportamento de provocação e está tomando uma série de efetivas contramedidas.
Na sequência, a tradução do artigo:
Um destroier da Marinha dos EUA, o USS Decatur, navegou em águas da Ilha Xisha, parte do Mar do Sul da China e de águas territoriais chinesas, na 6ª-feira, sem licença das autoridades chinesas. O governo chinês opõe-se firmemente a esse comportamento de provocação, e tomará uma série de contramedidas efetivas.
Na declaração do governo chinês sobre fundamentos do mar territorial emitida em maio de 1996, China esclareceu o fundamento legal da territorialidade das Ilhas Xisha. A Lei da República do Povo da China sobre o Mar Territorial e a Zona Contígua e outras leis internacionais também estipulam que navios de guerra estrangeiros têm de obter aprovação do governo chinês para navegar em águas chinesas.
A entrada de navios de guerra dos EUA em águas chinesas, sem permissão, viola gravemente a soberania da China e seus interesses se segurança, e é infração grave contra a lei chinesa e a lei internacional, além de ser também ameaça contra a paz, a segurança e a ordem em águas importantes.
A ação dos EUA visa a ferir a soberania, a segurança e interesses marítimos de países regionais, em nome de uma suposta “operação liberdade de navegação”. Mas esses atos de provocação mais uma vez deixam à vista a energia negativa da estratégia de “Reequilíbrio para a Ásia” do governo norte-americano, e ao mesmo tempo comprova que o papel dos EUA é, realmente, criar confusão e problemas no Mar do Sul da China.
A suposta patrulha que os EUA lançaram dessa vez, vem precisamente quando China e Filipinas, país diretamente interessado na questão do Mar do Sul da China, estão recompondo suas relações. Durante a visita de Estado do presidente Rodrigo Duterte à China, os dois países assinaram vários acordos de cooperação.
O ato de provocação dos EUA em águas territoriais chinesas, num momento em que o reatamento de relações entre China e países relevantes está levando a questão do Mar do Sul da China a uma solução encorajadora, é prova de que os EUA insistem em desestabilizar o Mar do Sul da China, jogando com as tensões e agindo para reaquecê-las.
Ao lançar essas supostas patrulhas, a superpotência diz ao mundo que não sabe conviver e não pode tolerar nem com um Mar do Sul da China tranquilo, nem com um Pacífico Asiático pacífico e estável. Dado que já não consegue encontrar fantoches para construir provocações, Washington, desesperada, já teve de criar uma perturbação diretamente, ela mesma.
O presidente Duterte destacou, em discurso, que “os EUA sentem-se um pouco aflitos, ao verem os laços firmes que unem hoje China e Filipinas,” e suas palavras revelam a complicada psicologia dos EUA. A ostensiva provocação pode ser vista, de fato, como modo de tentar aliviar a própria depressão e própria frustração, espécie de movimento inercial do que foi a potência hegemônica.
Washington deve cuidar de entender que é precisamente essa sua mentalidade hegemonista que resultou na decadência de sua influência global como hoje se vê, e na própria inabilidade para enriquecer os bens públicos com energia positiva. Washington também deve admitir que aquela era, quando um país podia dominar uma rede de alianças criando tensões e mentiras sempre novas ou renovadas, já acabou e jamais voltará.
Ninguém quer enfraquecer a influência dos EUA na região do Pacífico Asiático, mas essa influência tem de se basear numa dedicação positiva ao desenvolvimento comum de toda a região. A mentalidade hegemonista já senil e ultrapassada dos EUA não é mais aceita, de modo algum, pelos países regionais, que aspiram à paz, à cooperação e ao progresso partilhado.
É bem sabido que a “liberdade de navegação”, frequentemente citada pelos EUA como pretexto, não passa de uma falsidade, para permitir que os EUA tentem impor à região uma “liberdade absoluta”, só dos EUA, para que cuidem do que entendam que seja sua segurança.
Mas os EUA devem ter em mente as reais consequências de buscar segurança absoluta só para si, e que o país já pagou preço suficientemente amargo pela própria arrogância e pela própria ignorância.
A decisão arbitrária, dessa vez, com certeza levará os EUA a um impasse. Esse país obsessivo e turrão pode conseguir algum poder duro, mas jamais conseguirá poder suave nem poder inteligente.
Se os EUA querem realmente ser potência mundial, de modo algum podem recorrer a armas, armamentos, separação ou provocações, na tentativa de obter algum proveito das águas turvas e agitadas. Esforços para ampliar interesses têm de partilhados por todos os países. Palavras altissonantes, mas ações agressivas de teimosia obstinada não recebem respeito e confiança como resposta de outros países.
Ao longo dos anos, sempre empenhados só em firmar a própria hegemonia marítima, os EUA só tem feito desestabilizar a paz regional, intrometendo-se ilegalmente no Mar do Sul da China, provocando a China e tentando minar os laços que ligam China e Filipinas.
Washington não entendeu que esses truques infantis não conseguem reverter a tendência regional na direção de desenvolvimento pacífico. Como as Filipinas já disseram, “Não podemos ser para sempre os ‘irmãos escurinhos dos EUA”. A opção dos filipinos por ajustar as políticas diplomáticas e reforçar a cooperação com a China também prova que a causa injusta que os EUA tentam promover encontra pouco ou nenhum apoio.
Ainda mais, os EUA que não acalentem fantasias na questão do Mar do Sul da China, porque essa não será a primeira briga que arrumam, contra a China. A China é uma rocha, na determinação de salvaguardar a própria soberania e a própria integridade territorial. A China nunca exigirá o que não lhe pertença, mas lutará por cada polegada do território protegido pela soberania chinesa.
O presidente Xi Jinping da China, na reunião de comemoração dos 80 anos da conclusão da Longa Marcha (1934-36), conclamou todos os militares chineses a permanecer vigilantes e conscientes de suas responsabilidades, destacando que a modernização da defesa nacional e das forças armadas da China deve prosseguir, porque é necessária à defesa dos interesses da soberania, da segurança e do desenvolvimento da China.
Quanto mais os EUA insistirem em tentar consolidar sua hegemonia com ações militares, mais a China reforçará sua defesa, e maior a firmeza com que defenderá seus próprios legítimos interesses.
O exército chinês com certeza salvaguardará a soberania nacional e a segurança da China, aumentando a força e o escopo do patrulhamento conforme seja necessário e otimizando suas capacidades defensivas. A China nunca permitirá que EUA desestabilizem Mar do Sul da China – para a China, essa é questão de princípios.