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quinta-feira, 28 março, 2024

China alerta Bolsonaro: ‘Trump Tropical’ pode encarar ‘custo’ se romper seu maior parceiro

© REUTERS / Ricardo Moraes

Criticada ao longo de toda a campanha de Jair Bolsonaro (PSL), a China reagiu com um sério alerta ao presidente eleito no Brasil. O governo chinês indicou que o país tem mais a perder do que ganhar se adotar uma retórica agressiva como a do presidente dos EUA, Donald Trump.

Em um editorial do jornal China Daily, principal jornal estatal do país asiático, os chineses avisaram que criticar Pequim “pode servir para algum objetivo político específico, mas o custo econômico pode ser duro para a economia brasileira, que acaba de sair de sua pior recessão da história”.

O texto também exalta que as exportações brasileiras “não apenas ajudaram a alimentar o rápido crescimento da China. Mas também apoiaram o forte crescimento do Brasil”. Assim, não faz sentido, pelo ponto de vista de Pequim, a retórica agressiva do ex-capitão do Exército.

“Ainda que Bolsonaro tenha imitado o presidente dos EUA ao ser vocal e ultrajante para captar a imaginação dos eleitores, não existe razão para que ele copie as políticas de Trump”, continuou o editorial, artifício já utilizado antes pelo governo chinês para mandar recados.

O texto, que parte de uma pergunta – “até que ponto o próximo líder da maior economia da América Latina vai afetar a relação Brasil-China?” –, chama Bolsonaro de “Trump Tropical” e ressalta que o presidente eleito poderia seguir a cartilha do atual morador da Casa Branca

“Além disso, ele [Bolsonaro] se mostrou menos que amistoso em relação à China durante a campanha. Ele apresentou a China como um predador buscando dominar setores-chave da economia brasileira”, afirmou o editorial.

As dúvidas dos chineses sobre qual é o verdadeiro Bolsonaro com o qual terá de negociar – “que o Bolsonaro presidente coma naturalmente as palavras extremas do Bolsonaro candidato” –, e foram externadas em encontros de diplomatas e empresários chineses com assessores do ex-capitão ao longo da campanha presidencial.

Tanto Paulo Guedes, economista que deve ser o ministro da superpasta da Economia, quanto Onyx Lorenzoni, deputado federal que será o ministro-chefe da Casa Civil, já trataram de colocar panos quentes nas críticas de Bolsonaro aos chineses. O agronegócio, aliado importante do presidente eleito, tem a China como sua grande cliente e, assim, pode ter um papel relevante para o recuo das palavras do presidente brasileiro.

Um dia antes, outro jornal chinês, o Global Times, já havia publicado críticas à retórica de Bolsonaro. Segundo a publicação, o presidente eleito do Brasil depreciou injustamente a China na sua campanha, afirmando ser “inconcebível que o novo governo de Bolsonaro vá abrir mão do mercado chinês”.

“A cooperação entre o China-Brasil é totalmente recíproca. A China é o maior parceiro comercial do Brasil e o maior superávit comercial do Brasil foi registrado com a China. Em 2017, o Brasil registrou superávit comercial de US$ 20 bilhões com a China, que também é o maior comprador de soja e de minerais brasileiros”, destacou o texto.

A China também espera ouvir de Bolsonaro o que ele pensa a respeito de Taiwan, país que ele visitou e considerou independente da China, algo que Pequim considera inaceitável.

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