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quarta-feira, 9 outubro, 2024

Censura e sensacionalismo: inimigos públicos

Timothy Bancroft-Hinchey*
A cobertura da mídia ocidental sobre a situação na Ucrânia tornou-se, em uma palavra, tão chocante quanto superficial, pueril e perigosa
A falta de equilíbrio, a ausência de boas maneiras, de diplomacia e de equilíbrio transformou a mídia ocidental em uma espécie de show de horrores. É chocante ler e assistir. O que vemos são políticos com o peito para fora falando sobre “Putin”, chamando todas as notícias que saem da Rússia de “propaganda”, depois de terem censurado o Russia Today e o Sputnik, então agora há menos duas fontes para encontrarmos o equilíbrio.
Reivindicações absurdas que nem aconteceram
O que ouvimos são afirmações ridículas de que “Putin pode usar armas químicas”. Pode, note. Ele pode não também. Isso é notícia? Isso é reportagem? Ou essa histeria e sensacionalismo são causados ​​pela censura do outro lado? O que aconteceu com a liberdade de expressão? E hoje, uma entrevista com alguém ligado aos laboratórios na Ucrânia dizendo que “Putin” “poderia” usar antraz. De onde ele tirou isso? Ele pode não usar e ele provavelmente não faria. De qualquer forma não utilizou. Isso é notícia? Ou é propaganda, criando fantasmas?
Encontrando alguns sorrisos entre as lágrimas
Há histórias por aí que trazem algum equilíbrio. Histórias de cidadãos russos enviando ajuda humanitária a cidadãos ucranianos. Isso aconteceu há dois dias, de Tula a Kharkov (Kharkiv em ucraniano). Hoje, mais remessas (20 toneladas de alimentos, incluindo carne e peixe enlatados, confeitaria e pão, bolos, balas e doces) foram entregues aos moradores da região de Ivonkovsky ao redor de Kiev pelas Forças Armadas Russas. Os moradores da região de Izyumskiy, perto de Kharkov, também receberam alimentos e itens essenciais.
Claro, ninguém gosta de ser invadido, mas a conclusão é que isso não é sobre russos e ucranianos, é sobre a Rússia e a OTAN com a Ucrânia presa no meio. A situação é delicada. As pessoas estão morrendo. As coisas podem escalar. Então, ao invés de sufocar a informação, queremos ouvir, queremos ver e queremos saber o que está acontecendo.
Laboratórios de germes
Então, o que é essa história sobre laboratórios de germes administrados pela CIA em território ucraniano? O que é essa história sobre a manipulação de vírus para atingir o DNA russo? O que é essa história sobre o estudo das migrações de aves para o leste para espalhar a infecção? O que é essa história sobre drones destinados a pulverizar a Rússia com partículas e esporos direcionados?
Políticos ocidentais dizem que é um monte de bobagens. Mas a Rússia está apresentando isso no Conselho de Segurança das Nações Unidas e o Ministério da Defesa russo divulgou documentos sobre isso. A Rússia mentiria no CSNU como os Estados Unidos fizeram antes de invadir o Iraque e massacrar civis com táticas de choque e pavor? A Rússia não está usando essas táticas nas cidades ucranianas. Agora, como sabemos onde está a verdade, já que os meios de comunicação russos estão sendo censurados e as páginas do Facebook estão sendo excluídas?
O que é essa história sobre um hospital sendo atacado e “crianças enterradas” por baixo? Que história é essa? O outro lado diz que o hospital está fechado há meses e que estava sendo usado por forças militares. Então, nesse caso, de onde vem essa história sobre bebês? Onde está o outro lado? Censurado.
Então, em quem acreditamos? Acreditamos que aqueles que disseram que Saddam Hussein tinha armas de destruição em massa e representavam uma ameaça imediata para os EUA e seus aliados? Acreditamos naqueles que disseram que o presidente Assad usou armas químicas em áreas repletas de suas próprias tropas? Acreditamos naqueles que mostraram fotos de sírios deitados em hospitais espumando pela boca e, segundos depois, limpando a espuma de barbear e sorrindo para a câmera? Acreditamos naqueles que mostram uma senhora ucraniana com o rosto coberto de sangue, e horas depois a mesma senhora sem nenhum sangue cuidando de seus negócios?
Todo mundo hoje tem um telefone celular e então todo mundo hoje é um fotojornalista. Essas coisas circulam na Net e todos estão cientes delas. Alguns são falsos, outros não, outros não conhecemos, por causa da censura.
Precisamos de equilíbrio, precisamos de informação, não precisamos de conjecturas e opiniões tendenciosas. Não precisamos saber o que “Putin” “poderia” fazer. Ou talvez não. Como eu disse antes, as pessoas são capazes de formar suas próprias opiniões. Eles se juntam a grupos de mídia social e falam com o outro lado. As pessoas sabem que há um contexto para isso, sabem que os moradores de Donbass foram bombardeados por oito anos, sabem que o ocidente escondeu a história e agora traça a linha do tempo em 2022 e não quando isso começou em 2014.
Sem um fluxo livre de informações de todos os lados, como podemos formar nossas opiniões? Quanto mais soubermos, mais cedo poderemos começar a promover um processo de paz e reconciliação, mesmo antes que este comece a nível político e nacional. Os políticos hoje em dia fazem o quê exatamente? Eles deixaram isso acontecer recusando-se a ouvir a Rússia. Todo o corpo diplomático poderia ter resolvido isso se tivesse sentado com Sergei Lavrov e ouvido o que ele tinha a dizer. Não o fizeram, recusaram-se a ouvir, bloquearam a informação enquanto tudo parecia à Rússia que ia ser invadida.
Ninguém gosta de ser invadido, nem a Rússia e nem a Ucrânia. Por quê esse processo não foi interrompido antes de começar? Pergunte àqueles que hoje estão censurando as notícias e fazendo afirmações ridículas. Censura e sensacionalismo, inimigos públicos número um e dois.
*Timothy Bancroft-Hinchey pode ser contatado em timothy.hi
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