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domingo, 24 agosto, 2025

Cartas habaneras (XXXI)

Fotos: Arquivo Prensa Latina

Emiliano José

Víctor Dreke continuou a estudar.

Não importava viesse a polícia a cada 10 de Março e o prendesse.

Chegou à escola superior, em Sagua mesmo.

Entonces, acontece o ataque aos quartéis Moncada, em Santiago de Cuba, e Carlos Manuel de Céspedes, em Bayamo.

O 26 de Julho e o Quartel Moncada: uma derrota que se tornou uma vitória em Cuba - Brasil de Fato

Fidel Castro considera já estar munido de uma bússola.

Disse a Ignacio Ramonet.

Bússola extraída de lições advindas do estudo de Marx e Lênin.

E do indispensável aporte ético encontrado em José Martí, cuja leitura foi anterior até aos dois grandes do marxismo.

Fidel olhou o ambiente.

Havia muita gente consciente do roubo, da malversação do dinheiro público, do desemprego, do abuso, da injustiça.

No entanto, havia a falsa noção disso tudo se dever aos maus políticos.

Não se identificava o sistema a ocasionar tudo aquilo.

As influências ideológicas, culturais do capitalismo eram invisíveis para a gente comum.

O povo não compreendia as razões mais profundas do desemprego, da pobreza, da falta de terra, todas aquelas calamidades.

E Fidel vai chegando à convicção da necessidade de erradicar o sistema.

Ele foi recrutando jovens, convencendo-os, treinando-os.

Chegou a agrupar 1200 jovens, todos muito jovens, um pequeno exército.

Em 26 de julho, foi lançada a Revolução Cubana – Monitor do Oriente

E no dia 26 de julho de 1953, pela manhã, Fidel, comandando um grupo de 165 combatentes, ataca Moncada, em Santiago de Cuba, lado a lado com Abel Santamaría e com o irmão Raúl Castro.

Outro destacamento, ataca o quartel Carlos Manuel de Céspedes, em Bayamo.

Quartel Moncada: como um fracasso militar se tornou o início da Revolução Cubana - Brasil de Fato

Derrotados

Mas, fora dado o passo inicial daquela nova fase da Revolução Cubana.

Anistiado em 1955, Fidel Castro voltará em 1956 para implantar a Guerrilha de Sierra Maestra, e dali em diante seguirá a luta revolucionária até a conquista do poder, em janeiro de 1959.

Víctor Dreke não sabia de nada naturalmente.

Como se aquele 26 de julho, um domingo, fosse um dia normal.

Não era.

Um domingo do qual ele e amigos desfrutaram tranquilamente.

Na segunda, a polícia baixou.

Levou-o preso.

A ele e vários outros jovens.

Aqueles já marcados.

Como sempre ocorria quando de qualquer movimento político considerado contestatório.

Tomou conhecimento, versão policial, dos acontecimentos.

Preso, e feliz.

Bom saber da existência de um grupo de jovens dispostos a tomar quartéis.

Era como se um caminho fosse aberto.

Caminho da revolução.

_ Yo estaba dispuesto a dar la vida contra Batista, de eso sí no tenía ninguna duda.

Mas tinha dúvidas até ali de haver alguém disposto a enfrentar o ditador.

Aquela investida contra Moncada e Manuel de Céspedes animou-o, deu-lhe confiança para seguir no caminho da luta revolucionária.

O salto histórico foi a constituição do Movimento 26 de Julho, em 1955.

De imediato, Dreke se integra a uma

célula do movimento.

Passa a ser chefe de ação e sabotagem em Sagua la Grande.

Simultaneamente, participava do movimento de trabalhadores da Federação Regional Obreira Número 3 de Sagua, onde havia nove centrair açucareiras – aquela era uma das regiões mais fortes de produção da cana de açúcar do país.

Desde então, Dreke vivia numa espécie de vida clandestina, sempre fugindo, sempre perseguido.

Já se habituara a essa vida.

Vida de revolucionário.

A cada Primeiro de Maio, ele e demais companheiros promoviam atividades variadas de luta contra Batista e a favor da classe trabalhadora.

Atividades-relâmpago, onde os revolucionários sequer tinham tempo para hablar.

Era chegar ao local marcado, e logo em seguida baixava a polícia.

Mas não deixavam de fazê-las.

Chegou um momento de as atividades revolucionárias não serem mais possíveis, ao menos realizadas por Dreke e companheiros.

Já estavam por demais “queimados”.

Ao final de 1957, houve uma grande ofensiva revolucionária para tentar impedir as eleições do ano seguinte.

Da célula de Dreke, caem dois companheiros.

Um deles, fraqueja.

O outro, resiste.

Dreke decide não se deixar ser preso.

Sabia: podia ser morto se o levassem.

Fulgencio Batista em 1952.

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Batista já ingressa nessa fase: matava alguns dos quadros presos.

Dreke se despede da mãe, sai de casa.

#omilagrecubano

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