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segunda-feira, 30 junho, 2025

Cartas habaneras (XVIII)

Emiliano José

Esta quinta viagem a Cuba foi, também, reencontro.

Muitos amigos na caravana.

E reencontro com lugares.

Com o centro habanero.

Centro conhecido meu.

Todas as vezes, chegado a Havana, percorro os mesmos lugares.

Rua Obispo, como principal.

Espécie de Baixa dos Sapateiros, quando ela tinha vida.

Era então maravilhosa, a Baixa dos Sapateiros, antes cantada em prosa e verso.

Hoje, um espectro.

A rua Obispo, não.

Cheia de vida.

Assim continua.

Gente, muita gente.

Valter Xéu, com o livro dele, “A culpa é de Fidel”, fala muito desse centro.

No livro, fala também de amizades.

Como a amizade com Gilberto Gil.

Coronel.

Nome de batismo: Gilberto Gil Ramos.

Conhecido como Helito.

Com quem também convivi em Salvador, ajudando a equipe dele na preparação da chegada de Fidel para a Cumbre realizada na capital baiana, em 1993.

Foi médico pessoal de Fidel.

E chefe da segurança do comandante, posição dele naquele 1993.

Valter Xéu provavelmente pode figurar no Guinness.

Entre estrangeiros, talvez o mais frequente turista de Cuba.

Turista, não.

Já é parte da vida cubana.

Número de viagens à Ilha já se aproxima das 70 vezes.

Teve namoradas lá.

Tem filha em Cuba.

Não sei se plantou árvore.

Provável.

Dessa vez, também foi.

No livro, lembra do Habana Libre.

Era Hilton.

Com a chegada de Fidel ao poder, mudou de nome.

Na de Hilton mais.

Também me hospedei ali em 2018, com Carla, minha querida companheira.

Doces lembranças, pelo hotel e por Carla.

Fidel chegou em Havana no dia 8 de janeiro, viu aquele hotel lindo, gostou, e o local lhe serviu de residência por três meses.

Ocupou a suíte 2324, no vigésimo terceir andar.

Depois nacionalizou-o.

Lluvia de Oro.

Valter Xéu é frequentador.

Como eu.

É ir a Cuba, e lá estou.

Digo francamente: mais pela tradição do que pela comida.

Mais pela bebida.

Mais pela música.

Mobília antiga, balcão de jacarandá, geladeira bem antiga.

Almocei lá nessa última viagem.

Almoçamos.

Jorge Ferrera, Beatriz González Gomes e eu.

Beatriz é diretora do Museu 28 de Setembro, voltado à história dos Comitês de Defesa da Revolução, e é  também vereadora.

Um conjunto cubano animava o bar, mesmo no almoço.

Importante: situa-se na rua Obispo.

A Obispo é um mundo.

Diria: melhor retrato de Havana.

Galerias de arte, bares, restaurantes.

Grupos musicais em tudo quanto é canto.

Logo no início, está a Floridita.

Talvez o bar mais famoso da capital cubana.

Nele, Hemingway tomava todas na parte da manhã, daiquiris de preferência, onde o drinque foi inventado.

Completava, no decurso das tardes, com um mundo de mojitos, outro drinque querido por demais.

Lua, tão querida, quase filha, caminhante comigo e Carla por Havana, tomou todos em 2018.

Todos os daiquiris.

Bares, muitos bares, na Obispo.

Valter se recorda de um encontro num desses bares.

Com o carrasco do Sarriá.

Ou tragédia do Sarriá.

Paolo Rossi marcou três gols contra o Brasil, contra aquela extraordinária seleção de 1982, desqualificando-nos.

Conversou muito com ele.

Sobre futebol e política.

Nâo havia mágoas, mais.

Havana, lugar de encontros.

Nessa viagem, tive alegria de reencontrar amigos…

#omilagrecubano

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