21.5 C
Brasília
quinta-feira, 26 junho, 2025

Cartas habaneras (XVI)

Emiliano José

Jorge Ferrera, durante a permanência no Brasil, dedicou-se enfaticamente ao movimento de solidariedade e amizade entre os dois povos.

Tal movimento de solidariedade nasceu nos primeiros anos da década de 1960 no Brasil.

Ferrera destaca a presença dele na maioria dos estados brasileiros.

Apresenta-se estruturados em Associações de Solidariedade José Martí, em Comitês de Solidariedade, Núcleos de Estudos em Centros de Educação e em Comitês de Defesa da Revolução Cubana.

A solidariedade brasileira a Cuba se manifestava, e até os dias atuais, na exigência do fim do perverso, cruel bloqueio econômico, comercial e financeiro por parte dos EUA.

Sempre se manifestou também por meio de doações de medicamentos, materiais escolares, tentando cobrir necessidades do povo cubano, impostas pelo bloqueio.

Nunca deixou de ser uma atividade política.

Muitas notas, declarações, e muitas mobilizações, atos públicos a favor de Cuba e contra o bloqueio, e sempre repudiando a campanha odiosa desenvolvida pelos grandes meios de comunicação, a fazer eco à visão, à ideologia do império norte-americano.

Esse movimento de solidariedade contou sempre com a participação ativa dos partidos de esquerda, das organizações populares.

Partido dos Trabalhadores, Partido Socialista Brasileiro, Partido Comunista do Brasil, Partido Comunista Brasileiro, Partido Democrático Trabalhista, agremiações nitidamente de esquerda.

Também se solidarivam alguns setores do PMDB, depois MDB.

Ferrera destaca, ainda, a solidariedade do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra, Central Única dos Trabalhadores, muitos sindicatos ligados a essa Central, da UNE e da UBES.

Uma solidariedade ampla, de grande alcance.

Para ele, comovente.

E ele revela um momento de profunda solidariedade do povo cubano com o povo brasileiro.

Em 1987, há o escapamento do gás Cesio em Goiânia.

Era um dia 13.

Setembro.

Dois catadores de recicláveis retiraram e desmontaram parte de um aparelho de uma clínica, abandonado na rua.

Vendido a um ferro-velho, onde mais pessoas terminaram por desmontá-lo.

Uma cápsula com 19 gramas de pó foi encontrada.

Um pó interessante.

Esbranquiçado de dia.

Brilhante de noite.

Interessante, e mortífero: era Césio 137.

O pó espalhou-se pela cidade.

História do Césio 137 em Goiânia – Secretaria da Saúde

Foto: Governo de Goiás

Quatro mortes, mais de mil pessoas afetadas pela radiação.

Maior acidente radiológico da história acontecido fora de uma usina nuclear.

Comoção em Goiânia.

Local onde aconteceu a tragédia com césio 137 em Goiânia — Foto: Reprodução

Foto: Divulgação

População nunca havia visto uma coisa como aquela.

Cuba, antes desse acidente, havia dado atenção, dispensado cuidados médicos a centenas de meninos contaminados pelas radiações decorrentes da explosão da Central Nuclear de Chernobil.

As autoridades da Ilha, por orientação de Fidel Castro, colocou-se à disposição do Brasil.

Queria cuidar dos meninos afetados pela radiação do Césio 137.

Muitos então viajaram para Cuba, e na Ilha foram tratados com todo zelo.

Todos regressaram curados.

As mães, acompanhando os filhos, emocionadas com tanto cuidado.

Em Goiás, criou-se uma organização denominada Mães dos Meninos Recuperados em Cuba do Césio 137.

Maneira de agradecer toda a solidariedade cubana.

ÚLTIMAS NOTÍCIAS