Cartas habaneras (XV)

Emiliano José

Ao ser incorporado ao Departamento América do Comitê Central do Partido Comunista de Cuba, Jorge Ferrera pôde contar com a experiência e a colaboração de Sérgio Cervantes Padilla, já dono de um grande acervo de conhecimentos e estudos sobre o Brasil. Faz questão de fazer esse reconhecimento.

Primeira viagem ao Brasil, primeiro trimestre de 1987.

Ferrera integra a delegação do Partido Comunista de Cuba ao Congresso do Partido Comunista Brasileiro (PCB), o primeiro congresso da organização na legalidade.

Uma espécie de iniciação em Brasil.

Depois do congresso, visita Rio de Janeiro e São Paulo.

Vários encontros com movimentos de solidariedade, dirigentes partidários e de organizações sociais.

Foto: Wikimedia Commons

Teve a chance de encontrar-se, também, com Jânio Quadros, ex-presidente da República e então prefeito de São Paulo.

Boa conversa.

Relações com países socialistas rendeu a ele duras críticas.

Como foi criticado por haver convidado o comandante Ernesto Che Guevara ao Brasil e condecorá-lo.

A relação de Cuba com o Brasil no pós-revolução, muito rica.

Fidel teria realizado 12 visitas ao Brasil após a revolução, nas contas de Ferreira.

Participa de preparação de várias viagens de Fidel ao Brasil.

Em 1990, quando da posse de Fernando Collor..

Em 1992, durante a Cumbre de la Tierra, no Rio de Janeiro.

Em 1993, Cumbre Iberoamericana, realizada em Salvador.

Pausa: neste encontro, minha relação tornou-se muito forte com o governo cubano.

Meu escritório, pequena empresa de comunicação, Editexto, funcionou como escritório da equipe de preparação da chegada de Fidel em Salvador, sobretudo dos serviços de segurança.

Depois, convidado para encontro da esquerda baiana com o comandante.

Ainda tenho a foto com ele, no momento de entrega de “Lamarca, o Capitão da Guerrilha”.

Ferrera também preparou passagem de Fidel por Salvador, em 1995, quando ele transitava em direção à África do Sul, destino dele naquela viagem.

Estava em Brasília quando Fidel visitou a capital federal ao regressar de África.

E também em 1999 durante a Cumbre Unión-Europea-América, realizada no Rio de Janeiro, de onde Fidel seguiu para Belo Horizonte, para o Congresso da UNE.

E em todas as andanças, tome-lhe conhecer gente.

Gente importante, além de cidadãos e cidadãs comuns.

Prestes.

Brizola.

Lula.

Arraes.

Amazonas.

Niemeyer.

Frei Betto.

Stédile.

Fernando Morais.

Um tanto de gente.

Renca de gente célebre.

Em 1993, um acontecimento político da maior importância: formação do Grupo Parlamentar Brasil-Cuba no Congresso brasileiro.

A destacar: o mais numeroso e plural de todos os grupos parlamentares então existentes.

Teve uma intensa e importante relação com o parlamento cubano.

Contribuiu decisivamente com as relações de amizade entre Brasil e Cuba e promoveu a colaboração bilateral.

Ferrera aprendeu muito nessa estadia no Brasil.

A visão política se ampliou.

Sustentou um sem número de encontros com parlamentares brasileiros, deputados e senadores.

De esquerda.

De centro.

E alguns de direita.

Estes, não obstante as diferenças políticas, se colocavam contra o bloqueio financeiro e comercial norte-americano contra Cuba, a perdurar até os dias atuais.

Destacados líderes parlamentares ocuparam a presidência do Grupo Parlamentar Brasil-Cuba.

Lembra do deputado Waldir Pires, do senador Roberto Requião e do deputado Eduardo Campos.

Volta no tempo, e se vê integrando a delegação do Partido Comunista de Cuba ao encontro de fundação do Foro de São

Paulo, em 1990,

Era articulação política surgida, na visão de Ferrera, como decorrência da crise do socialismo na Europa, e cujo propósito era continuar defendendo o legado socialista.

Recorda da presença de Lula naquela reunião.

Defendeu fosse o Foro de São Paulo uma instituição ativa, militante.

Não apenas limitada a emitir notas, comunicados sobre a situação internacional.

Na visão de Ferrera, é tarefa pendente até os dias atuais.