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sábado, 16 agosto, 2025

Cartas habananeras (XXX)

Emiliano José

Não sai de minha mente aquela noche.

Victor e a esposa Ana Dreke (Reprodução de MRonline)

Casa de Víctor Dreke.

Agradável morada.

Em Playa, um dos municípios a constituir Havana.

Casa dele e da professora, doutora Ana Morales, vereadora por Playa.

Início de maio de 2025.

Chegamos lá a bordo do Lada de Jorge Ferrera, querido amigo e companheiro, sempre a me guiar por Cuba.

Já disse do guerrilheiro, o Lada.

Motor valente, inteiro.

O resto, nem tanto.

Carro do início dos anos 1980.

Quase meio século.

Um carro comunista.

Nem imagino como sobrevive.

Muita história pra contar, esse Lada.

Una noche mui agradável.

E se já falei sobre Víctor Dreke, agora vou revelar um pouco mais sobre ele.

Por tudo, merece alguma atenção.

Exatamente no dia do golpe de Estado de Batista, 10 de março de 1952, Dreke completava 15 anos.

Nasce em Sagua la Grande, província de Villas.

Se por acaso estiver repetindo, não tem importância.

O leitor não tem obrigação de voltar às páginas anteriores.

Família pobre, humilde, trabalhadora, no bairro de sugestivo nome: Pueblo Nuevo.

Uma casa pequenina, teto de palma, piso de terra.

O pai, vendia pescado no mercado.

Viveu muita dificuldade, sobretudo por não ter como arcar com os impostos cobrados pela atividade dele.

Víctor Dreke, e já contamos isso, não acolheu a resistência do pai ao envolvimento dele na luta revolucionária.

Dizia: negro não deve se meter em nada, só os brancos se valem da política, e nunca saem do poder.

_ Estoy aquí, revolucionario, porque no le hice caso a mim papá. Y siento que él no haya vivido más tiempo para ver que estaba equivocado.

Golpe de estado de 10 de março de 1952: Dia triste na história cubana - La Demajagua

Foto/ Retirado do Sputnik

Diante do golpe de Estado de Batista, os estudantes ganharam as ruas imediatamente.

Uniram-se a uma greve política convocada em Sagua contra o golpe.

O papel da classe trabalhadora na Revolução Cubana – REAGRUPAMENTO REVOLUCIONÁRIO ☭

A greve durou uma poucas horas porque o presidente Prío Socarrás não topou resistir e porque a principal liderança em Sagua, Conrado Rodríguez Sánchez era um oportunista, capaz de mais tarde se juntar aos contrarrevolucionários.

A polícia desceu o pau nos estudantes, e Dreke, apesar dos 15 anos, foi preso, ele e muitos outros jovens, postos em liberdade logo depois por serem menores de 18 anos.

De acordo com a legislação de então, não podiam ser processados.

Eram, aqueles jovens, apenas um grupo de revoltados.

Nem imaginavam essas coisas de revolução, ou algo parecido.

Foram às ruas apenas porque disseram que Batista não era gente boa, era do mal.

Não tinham muita coisa em mente.

Juventude é rebelde.

Ponto.

Houvessem recebido armas, teriam lutado contra Batista.

Não teriam dúvida em colocar a vida em jogo.

Tivessem ou não projetos de longo curso, soubessem ou não de revolução, a partir dali Dreke e os companheiros dele estava fichados como revolucionários.

A cada 10 de março, vinha a polícia, os prendia, eram jogados no cárcere.

Dreke seguiu estudando.

Chegou à escola superior, em Sagua mesmo.

#omilagrecubano

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