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quinta-feira, 28 março, 2024

Carta aos Talibã 

Dr. Ejaz Akram, com Pepe Escobar, Strategic Culture Foundationr

“O que aconteceu no Afeganistão não foi mera troca de governos: foi derrubado um estado fantoche, responsável por matar o próprio povo e disseminar a subversão em toda a região.”

Depois que os Talibã nomearam governo interino, visto dentro do Afeganistão como bastante controverso e que tampouco agradou aos vizinhos eurasianos da nação, procurei o Dr. Ejaz Akram, Professor de Religião e Política Mundial na Universidade de Defesa Nacional em Islamabad, para ouvir análise detalhada. Enviou-me um surpreendente, precioso ensaio inédito, que é leitura indispensável no Leste e no Oeste, que apresento aqui em versão levemente editada, mas que conserva intacta toda a pegada do original. Dr. Ejaz tem a necessária competência não só para mapear o tabuleiro do xadrez regional, mas também para sugerir aos Talibã as vias certas para curar o Afeganistão, depois da guerra de quatro décadas que foi imposta ao país. (P.E.)

Sobre a demanda de que o governo afegão seja ‘inclusivo’

Imaginem se se exigisse dos revolucionários franceses que ‘incluíssem’ todos os elementos da corte de Luiz 16, quando formassem a nova república, para que seu governo fosse declarado ‘governo inclusivo’.

Imaginem se se exigisse dos revolucionários norte-americanos que ‘incluíssem’ os agentes da coroa britânica, quando formassem a nova república norte-americana, para ela fosse declarada ‘república inclusiva’.

Imaginem se se exigisse dos bolcheviques que ‘incluíssem’ os defensores do czar, para que o novo governo revolucionário fosse declarado ‘governo revolucionário inclusivo’.

Imaginem se se exigisse do Grande Timoneiro Mao que ‘incluísse’ o Kuomintang como parte do novo arranjo governamental, para que o novo governo revolucionário fosse declarado ‘governo revolucionário inclusivo’.

Imaginem que se exigisse do Imã Khomeini que ‘incluísse’ os agentes do governo fantoche do Xá Reza, para que o novo governo iraniano fosse declarado ‘governo iraniano inclusivo’.

Imaginem que se exigisse de Erdogan, pouco depois do golpe, que mantivesse intacto o movimento Gulen, para que o governo turco fosse declarado ‘governo turco inclusivo’.

Imaginem que se exigisse dos sauditas que garantissem representação para um quarto de sua população xiita, para que o governo do reino saudita fosse declarado ‘governo saudita inclusivo’.

Imagine que se exigisse de Modi da Índia que garantisse plenos direitos de cidadania a muçulmanos, Sikhs e outras minorias, para que assim um governo cujo primeiro-ministro é membro da [organização] Rashtriya Swayamsevak Sangh da Índia (RSS-Índia. Ver aqui, ing.) pudesse ser  declarado ‘inclusivo’.

Se tudo que acima se imaginou é absolutamente irrealizável, deve-se perguntar: qual lógica a chamada ‘comunidade internacional’ estaria manobrando, ao ‘exigir’ que os Talibã mantenham no governo gente que colaborou com e contribuiu para a ocupação estrangeira absolutamente injustificável, para que assim o novo governo seja declarado ‘inclusivo’?

O que aconteceu no Afeganistão não foi mera troca de governos: foi derrubado um estado fantoche, responsável por matar o próprio povo e disseminar a subversão em toda a região. Conversa sobre governo vem depois de completada a formação do estado. Manter os elementos do Antigo Regime é manter vivos os 5ª-Colunas, que podem arruinar a luta de meio século para manter longe governo de estrangeiros. É como pedir que um cirurgião não remova todo o tecido canceroso do corpo de um doente, porque o câncer pode vir a ter, adiante, alguma serventia.

“Estado” é um grupo que tem o monopólio do legítimo uso da violência. Todos os demais grupos têm de ser desarmados e desmobilizados. Só depois de o estado estar formado e todos os grupos terem subscrito um mesmo credo partilhado por todos, e só então, pode um grupo amplo de pessoas formar um governo, que refletirá as sensibilidades e crenças e valores de todos. Se o governo não age desse modo, o povo não o considerará legítimo, e o estado cuidará de derrubar governo ilegítimo e de despachá-lo para casa.

Essa legitimidade do estado brota de um princípio subscrito pela população daquele estado, mediante suas crenças sociorreligiosas primordiais. No Afeganistão, esse denominador comum não é outro senão o conjunto das crenças e valores do Islã. Ainda que a força predominante dos Talibã seja pashtun (o que significa que praticam o código Pashtunwali) e apesar de terem modo específico de compreender a Xaria Sunita Hanafi, os afegãos pashtuns e não pashtuns são todos muçulmanos. O que significa que o denominador comum a todos os afegãos é o Islã.

Assim se vê que é por lógica absolutamente perfeita, que os Talibã insistem em que o governo deles seja construído sobre princípios islâmicos. Esperar que os afegãos subscrevam liberalismo à moda sueca é delírio. Ashraf Ghani estava preparado para arriscar-se nessa via enlouquecida, mas os Talibã são inteligentes demais para fazer o mesmo.

Não esqueçamos que os Talibã assumiram o controle sobre todo o país, sem ter de lutar. O chamado Exército Nacional Afegão debandou logo, e os soldados até abraçavam combatentes Talibã; muitos uniram-se aos Talibã. Movimento de resistência que não tenha, como apoio, a opinião pública jamais será bem-sucedido.

Aí está a prova do que os Talibã entendem como ‘inclusão’. Diferentes dos bolcheviques, dos revolucionários franceses, dos revolucionários norte-americanos, dos sauditas, dos iranianos e de muitos outros que, na trilha para o poder, massacraram a oposição, os Talibã concederam anistia geral, para todos. Quem carrega mais generosidade no coração: os progenitores das repúblicas modernas… ou os Talibã? Jamais se viu, na recente história humana, semelhante espetáculo. Se o que os Talibã fazem não for inclusão… do que, então, se trataria?

A razão pela qual a “comunidade internacional”, como gangue de nações do ocidente que tivessem virado estados-bandidos, tanto guincha e esperneia contra sistema islâmico no Afeganistão é o sempre mesmo velho histórico preconceito contra o Islã e os muçulmanos. Desde os Cruzados até o pleno colonialismo, o Islã, na imaginação do ocidente, faz as vezes de um espantalho essencial. Edward Said ilustrou precisamente isso, em seu clássico Orientalismo (1978, ed. brasileira da Cia. das Letras). A indústria contemporânea da islamofobia é outra prova do infundado ódio que o ocidente nutre contra o Islã.

Deve-se esperar que os sistemas políticos chinês e russo não permitam que suas respectivas elites sigam esse caminho, ou as consequências de longo prazo para ambas as superpotências podem não ser agradáveis. Até aqui, as mídias estatais por lá estão promovendo, sobretudo nas redes, a lógica ocidental do ‘inclusivismo’, semelhante às posições pró-EUA dos dias imediatamente posteriores ao 11/9, sem pensar muito sobre quem estava certo e quem estava errado. Temos fé que, dessa vez, esses dois sistemas políticos farão melhores julgamentos.

Outra ideia absurda da “comunidade internacional de agosto” é que os Talibã tenham de cumprir promessas feitas nas primeiras horas. É como ‘exigir’ que um recém-nascido comece a correr imediatamente depois de vir ao mundo. Quem conheça o ABC da construção do estado já sabe que é impossível. Primeiro, é preciso consolidar o estado. O que tomará alguns meses.

O quadro dos interinos não deve incluir elementos do Antigo Regime, que estavam na folha de pagamento do inimigo contra o qual o país lutou por vinte longos anos. No devido tempo, devem ser recrutados elementos de etnias variadas e cruzadas, afegãos que subscrevam o denominador comum de crenças e valores, e do qual se espera que o novo estado seja a vanguarda. Isso, sim, é inclusão e só assim a inclusão gera legitimidade do estado aos olhos do próprio povo.

Tão logo o estado esteja consolidado, será hora de formar novo governo que esteja de acordo com os princípios islâmicos. O Islã é neutro quanto à forma de governo. A única exigência é que, seja qual for a forma do governo, produza resultados justos. Seja reino, cidade-estado, democracia, o que for, deve produzir justiça para todos.

O Corão também sugere que justiça não é igualdade. Igualdade é dar a todos partes iguais. Justiça é garantir a todos o que lhe seja devido. O Corão é kitab-al-insaf (livro da justiça), não é kitab-al-masawat (livro da igualdade).

Depois do período de consolidação do estado, o governo a ser formado deve ser alcançado conforme o princípio da meritocracia, não algum tipo de democracia multipartidária – governo no qual os capitalistas globais fazem dos democratas suas meretrizes e arrancam a pele do povo. Deve ser escolhida gente honesta e competente de todos os quadros étnicos, depois deve ser treinada e então assumirá o governo.

Mas essa fase vem depois do processo de formação do estado, no qual não se pode esquecer que a opinião comunidade que lutou e se sacrificou enormemente para derrubar os estrangeiros ocupantes deve ter precedência nas decisões da formação do estado, comparada à opinião de afegãos que se aliaram ao opressor para matar afegãos e seus vizinhos. Até aí, só simples bom-senso, que mesmo assim está muito além do QI da tal “comunidade internacional”.

Mensagem aos Talibã

Estendo minhas congratulações aos ghazis dos Emirados do Afeganistão e minhas condolências pelos mujahidin martirizados em sua jihad contra o opressivo, atroz, cruel governo dos EUA e seus aliados ocidentais. Em dois séculos de humilhação para o mundo muçulmano, os afegãos enterraram nas montanha afegãs britânicos, bolcheviques e Yankees e respectivos impérios.

As dores que sofreram e os sacrifícios que ofereceram à nação [orig. millat, urdu] geraram em vocês caráter do qual muito se podem orgulhar. Agora afinal derrotaram a ocupação estrangeira, e muito ainda resta a fazer. O mundo já começa a ‘sugerir’ que vocês adotem trilha que, no longo prazo, será desastrosa para vocês. Como especialista que conhece bem o Ocidente e o Leste da Ásia, e também conhece as várias ‘leituras’ do Islã dentro da civilização islâmica, talvez eu esteja em posição adequada para oferecer algumas humildes sugestões que podem vir a ser úteis no trabalho de traçar o futuro do Afeganistão e dos afegãos, agora sob governo afegão dos Talibã.

Primeiro e acima de tudo, a espada não pode passar de sua mão direita, para sua mão esquerda, e vocês terão de tomar com a mão direita a pena de escrever.

A era da resistência militar já é passado, mas ainda terão de defender e de desenvolver seu país. Por mais que os inimigos de vocês ainda planejem bombardeá-los sem descanso em esforços cinéticos, há hoje também uma perigosa guerra híbrida, para a qual vocês talvez ainda não estejam plenamente preparados. E sem a força do conhecimento, ninguém vence guerras híbridas.

As décadas de firmeza e resistência que vocês viveram são efeito do princípio do istiqamat (um dos nove princípios do Pashtunwali). Sofreram torturas, encarceramento, foram assassinados, mas o inimigo jamais conseguiu comprá-los com dinheiro, nem forçá-los à escravidão ou à submissão, mesmo tendo tentado durante os últimos 20 anos. É prova de que vocês têm basirat (talento e habilidade para ver além das falsas aparências e das falsas promessas).

São aspectos absolutamente essenciais de caráter, que também são requisitos indispensáveis para ter e manter liderança moral e espiritual na construção do novo estado. Basirat advém de tazkiyya-i-nafs (limpeza da alma), que, por sua vez vem da austeridade e comedimento consigo próprio e generosidade com o próximo. Isso, também, vocês Talibãs já manifestaram, ao dar anistia a todos que lutaram contra vocês – embora também teria sido perfeitamente islâmico exigir vingança, como se fez nos tribunais de Nuremberg organizados e conduzidos pelos vencedores da 2ª Guerra Mundial.

Tenham em mente que movimentos começam com ânimo e espírito elevados e vão-se degradando com o tempo, porque muitos retrocedem para a passada zona de conforto, tornam-se complacentes e afinal são derrotados pelas forças do mal que sempre espionam do fundo das sombras.

Sob a liderança de vocês, em pouco tempo o Afeganistão será uma das nações mais ricas do mundo. Assegurem que se atendam às necessidades do povo e que todos vivam em prosperidade moderada. Sem isso, os excessivamente ricos farão do Afeganistão um país de obesos, preguiçosos e covardes como os árabes do Golfo.

A última grande onda de opressão ocidental chegou ao Afeganistão depois do 11/9. Demorará cerca de 2-4 anos mais para dissipar-se e sumir para sempre. Enquanto se vai dissipando, como um tsunami, também carregará muitas coisas más e indesejadas também de seus vizinhos. Ainda que vocês não queiram transformar seus vizinhos, muitos de nós já começamos a ser transformados pela vitória de vocês, Talibã.

O movimento da Caxemira, o movimento pela independência do Calistão (“Terra do Khalsa”), na região do Punjab, o movimento pela libertação da Palestina e o movimento contra a corrupção no Paquistão já começam a extrair inspiração da vitória dos Talibã sobre forças de opressão.

Não há lugar no Islã para a filosofia política liberal, saída do mesmo útero do qual nasceu a fraude conhecida como ‘democracia’. Afastem-se decididamente dela. Muçulmanos modernistas dirão que o conceito de Shura ‘é’ democracia. Não é. A Shura não é democracia de estilo ocidental. É, isso sim, um sistema de consultas prevalente em todos os estratos da sociedade, da família até o estado. Usem a Shura em todos os níveis, como usaram ao longo dos seus anos de Resistência.

Como lidar com as grandes potências

Os governos dos países ocidentais são inimigos dos Talibã. Ocuparam o país de vocês, derramaram o sangue afegão e destruíram a paz regional. É possível perdoá-los, mas jamais esqueçam. No momento, melhor praticarem diplomacia agressiva, mas em nenhum caso devem tratar com clemência as grandes potências ocidentais. Elas não merecem clemência. Passem fome, se for preciso, mas jamais cedam diante daquelas potências. Apliquem a lei do Pashtunwali e a Xaria, ao lidar com elas.

Vocês dizem que o Paquistão é seu segundo lar. Se formarem seu governo segundo os princípios do Islã, eventualmente virá a ser parte de seu primeiro lar. O Afeganistão não é nação. É território que compreende muitas nações. Tampouco o Paquistão é nação: é uma união de quatro grandes nacionalidades e de algumas poucas nacionalidades menores. O Paquistão também veio à luz em nome de valores islâmico, mas elites corruptas e ocidentalizadas esqueceram-se da própria missão original. Assim, muitos pashtuns, hazaras e tadjiques chegaram ao Paquistão sucessivamente mediante várias guerras, e fizeram-no casa deles. Vocês podem fazer o mesmo, não como um refugiado, mas como cidadãos confederados.

Ambos, Afeganistão e Paquistão aprenderam que, em assuntos de defesa e de política exterior os dois países têm de estar de acordo. Sem isso, sempre haverá problemas. Se integrarem defesa e política exterior, o controle da economia dos seus recursos pode permanecer em mãos afegãs, assim como o controle econômico dos recursos do Paquistão pode permanecer em mãos paquistanesas.

Mas só funcionará no curto prazo. Dado que o Afeganistão não tem acesso ao mar, precisarão acessar o território paquistanês, mas o Paquistão não precisa de acesso pelo território afegão. Contudo, dado que é essencialmente importante promover o comércio com a Ásia Central, que não tem acesso ao mar, os Talibã podem permitir que o Paquistão acesse a Ásia Central, de tal modo que uma dependência de mão única converter-se-á em codependência – o que será melhor para os dois países. Sobretudo, considerem o seguinte ponto, importante.

O Afeganistão tem superfície de aproximadamente 653 mil quilômetros quadrados, com superfície arável de apenas pouco menos de 12% da área total: 78.360 quilômetros quadrados. 1 kmequivale a 247 acres. Nos EUA, 1 acre alimenta entre 1-2 pessoas. No Afeganistão, se 1 acre alimenta 10-15 pessoa, vocês só podem alimentar menos de 2 milhões de pessoas, de uma população total de cerca de 38 milhões. Os restantes 36 milhões terão de ser alimentados a partir do Paquistão, porque essa é a fonte mais barata de trigo excedente. O Paquistão, com 882 mil quilômetros quadrados, tem mais de 40% de terra arável, e produz excedentes de trigo e arroz.

Vocês precisam do Paquistão para ter acesso ao mar, para segurança alimentar e para construir moderna capacidade de defesa. Se insistirem muito no nacionalismo afegão, e o Paquistão também continuar a praticar ideologias atrasadas que aprendem do Tio Sam, desde os idos dias do Iluminismo europeu, vocês continuarão a ser forças adversárias. O Paquistão continuará pobre e vocês morrerão de fome. Enquanto estiverem cavando para extrair seus recursos e vendê-los em troca de comida e de construir infraestrutura, os Talibã estarão tornando mais endividado, a cada dia, o povo afegão.

Tornem-se pares e parceiros dos vários setores do Paquistão, exceto no setor da política do governo Talibã. Se tentarem impor sua política ao Paquistão, nós os deixaremos para trás. Até que surja no Paquistão outra elite com clara consciência política, os Talibã devem manter-se distantes. Se e quando acontecerem as condições necessárias, então, sim, integrem-se o mais intimamente possível com o Paquistão.

É mais provável que os Talibã produzam, de início, um espaço social semelhante ao do Irã. Seja como for, de modo algum repitam o modelo saudita, porque é intratavelmente anti-islamista. Lembrem que mulheres comandaram exércitos de homens na história do Paquistão. O Paquistão já produzia mulheres intelectuais e professoras antes de qualquer outra civilização o fizesse, em todo o planeta. Produzimos até mulheres sultanas, antes de qualquer outro povo na história do mundo.

O Afeganistão, por seu lado, há meio século não conhece paz, e todo o talento das mulheres, como dos homens, consumiu-se para garantir a sobrevivência delas e deles próprias, e das famílias. A atual política para as mulheres no Afeganistão é muito realista para uma sociedade Pashtun conservadora que há muito tempo só conheceu padecimentos e desgraças.

Outros não partilham desse entendimento. Mantenham-se firmes nos deveres e obrigações islâmicas e protejam suas mulheres. Não admitam de homens cheios de ódio contra as ideologias feministas tenham direitos sobre a unidade familiar. Nossas mulheres precisam de liberdade. Nosso bem-estar depende do bem-estar das mães, irmãs, filhas e esposas. Resistam contra todas as pressões que venham do ‘oeste’ ou da própria região, e de forma gradual refaçam a engenharia social, de modo que as mulheres tenham garantida participação discreta e plena na nossa vida civilizacional e nacional.

Do ponto de vista da segurança alimentar, reconsiderem a posição islâmica sobre controle populacional. É importante que as famílias sejam menores agora, do que nos dias de guerra. Para que a sobrevivência do país seja administrável, a população afegã, em duas gerações deve estar abaixo de 20 milhões; no caso do Paquistão, deve cair de 220 milhões de habitantes, para 150 milhões.*******

Imagem: REUTERS/Stringer

“O que aconteceu no Afeganistão não foi mera troca de governos: foi derrubado um estado fantoche,
responsável por matar o próprio povo e disseminar a subversão em toda a região.”


Depois que os Talibã nomearam governo interino, visto dentro do Afeganistão como bastante controverso e que tampouco agradou aos vizinhos eurasianos da nação, procurei o Dr. Ejaz Akram, Professor de Religião e Política Mundial na Universidade de Defesa Nacional em Islamabad, para ouvir análise detalhada. Enviou-me um surpreendente, precioso ensaio inédito, que é leitura indispensável no Leste e no Oeste, que apresento aqui em versão levemente editada, mas que conserva intacta toda a pegada do original. Dr. Ejaz tem a necessária competência não só para mapear o tabuleiro do xadrez regional, mas também para sugerir aos Talibã as vias certas para curar o Afeganistão, depois da guerra de quatro décadas que foi imposta ao país. (P.E.)

Sobre a demanda de que o governo afegão seja ‘inclusivo’

Imaginem se se exigisse dos revolucionários franceses que ‘incluíssem’ todos os elementos da corte de Luiz 16, quando formassem a nova república, para que seu governo fosse declarado ‘governo inclusivo’.

Imaginem se se exigisse dos revolucionários norte-americanos que ‘incluíssem’ os agentes da coroa britânica, quando formassem a nova república norte-americana, para ela fosse declarada ‘república inclusiva’.

Imaginem se se exigisse dos bolcheviques que ‘incluíssem’ os defensores do czar, para que o novo governo revolucionário fosse declarado ‘governo revolucionário inclusivo’.

Imaginem se se exigisse do Grande Timoneiro Mao que ‘incluísse’ o Kuomintang como parte do novo arranjo governamental, para que o novo governo revolucionário fosse declarado ‘governo revolucionário inclusivo’.

Imaginem que se exigisse do Imã Khomeini que ‘incluísse’ os agentes do governo fantoche do Xá Reza, para que o novo governo iraniano fosse declarado ‘governo iraniano inclusivo’.

Imaginem que se exigisse de Erdogan, pouco depois do golpe, que mantivesse intacto o movimento Gulen, para que o governo turco fosse declarado ‘governo turco inclusivo’.

Imaginem que se exigisse dos sauditas que garantissem representação para um quarto de sua população xiita, para que o governo do reino saudita fosse declarado ‘governo saudita inclusivo’.

Imagine que se exigisse de Modi da Índia que garantisse plenos direitos de cidadania a muçulmanos, Sikhs e outras minorias, para que assim um governo cujo primeiro-ministro é membro da [organização] Rashtriya Swayamsevak Sangh da Índia (RSS-Índia. Ver aqui, ing.) pudesse ser  declarado ‘inclusivo’.

Se tudo que acima se imaginou é absolutamente irrealizável, deve-se perguntar: qual lógica a chamada ‘comunidade internacional’ estaria manobrando, ao ‘exigir’ que os Talibã mantenham no governo gente que colaborou com e contribuiu para a ocupação estrangeira absolutamente injustificável, para que assim o novo governo seja declarado ‘inclusivo’?

O que aconteceu no Afeganistão não foi mera troca de governos: foi derrubado um estado fantoche, responsável por matar o próprio povo e disseminar a subversão em toda a região. Conversa sobre governo vem depois de completada a formação do estado. Manter os elementos do Antigo Regime é manter vivos os 5ª-Colunas, que podem arruinar a luta de meio século para manter longe governo de estrangeiros. É como pedir que um cirurgião não remova todo o tecido canceroso do corpo de um doente, porque o câncer pode vir a ter, adiante, alguma serventia.

“Estado” é um grupo que tem o monopólio do legítimo uso da violência. Todos os demais grupos têm de ser desarmados e desmobilizados. Só depois de o estado estar formado e todos os grupos terem subscrito um mesmo credo partilhado por todos, e só então, pode um grupo amplo de pessoas formar um governo, que refletirá as sensibilidades e crenças e valores de todos. Se o governo não age desse modo, o povo não o considerará legítimo, e o estado cuidará de derrubar governo ilegítimo e de despachá-lo para casa.

Essa legitimidade do estado brota de um princípio subscrito pela população daquele estado, mediante suas crenças sociorreligiosas primordiais. No Afeganistão, esse denominador comum não é outro senão o conjunto das crenças e valores do Islã. Ainda que a força predominante dos Talibã seja pashtun (o que significa que praticam o código Pashtunwali) e apesar de terem modo específico de compreender a Xaria Sunita Hanafi, os afegãos pashtuns e não pashtuns são todos muçulmanos. O que significa que o denominador comum a todos os afegãos é o Islã.

Assim se vê que é por lógica absolutamente perfeita, que os Talibã insistem em que o governo deles seja construído sobre princípios islâmicos. Esperar que os afegãos subscrevam liberalismo à moda sueca é delírio. Ashraf Ghani estava preparado para arriscar-se nessa via enlouquecida, mas os Talibã são inteligentes demais para fazer o mesmo.

Não esqueçamos que os Talibã assumiram o controle sobre todo o país, sem ter de lutar. O chamado Exército Nacional Afegão debandou logo, e os soldados até abraçavam combatentes Talibã; muitos uniram-se aos Talibã. Movimento de resistência que não tenha, como apoio, a opinião pública jamais será bem-sucedido.

Aí está a prova do que os Talibã entendem como ‘inclusão’. Diferentes dos bolcheviques, dos revolucionários franceses, dos revolucionários norte-americanos, dos sauditas, dos iranianos e de muitos outros que, na trilha para o poder, massacraram a oposição, os Talibã concederam anistia geral, para todos. Quem carrega mais generosidade no coração: os progenitores das repúblicas modernas… ou os Talibã? Jamais se viu, na recente história humana, semelhante espetáculo. Se o que os Talibã fazem não for inclusão… do que, então, se trataria?

A razão pela qual a “comunidade internacional”, como gangue de nações do ocidente que tivessem virado estados-bandidos, tanto guincha e esperneia contra sistema islâmico no Afeganistão é o sempre mesmo velho histórico preconceito contra o Islã e os muçulmanos. Desde os Cruzados até o pleno colonialismo, o Islã, na imaginação do ocidente, faz as vezes de um espantalho essencial. Edward Said ilustrou precisamente isso, em seu clássico Orientalismo (1978, ed. brasileira da Cia. das Letras). A indústria contemporânea da islamofobia é outra prova do infundado ódio que o ocidente nutre contra o Islã.

Deve-se esperar que os sistemas políticos chinês e russo não permitam que suas respectivas elites sigam esse caminho, ou as consequências de longo prazo para ambas as superpotências podem não ser agradáveis. Até aqui, as mídias estatais por lá estão promovendo, sobretudo nas redes, a lógica ocidental do ‘inclusivismo’, semelhante às posições pró-EUA dos dias imediatamente posteriores ao 11/9, sem pensar muito sobre quem estava certo e quem estava errado. Temos fé que, dessa vez, esses dois sistemas políticos farão melhores julgamentos.

Outra ideia absurda da “comunidade internacional de agosto” é que os Talibã tenham de cumprir promessas feitas nas primeiras horas. É como ‘exigir’ que um recém-nascido comece a correr imediatamente depois de vir ao mundo. Quem conheça o ABC da construção do estado já sabe que é impossível. Primeiro, é preciso consolidar o estado. O que tomará alguns meses.

O quadro dos interinos não deve incluir elementos do Antigo Regime, que estavam na folha de pagamento do inimigo contra o qual o país lutou por vinte longos anos. No devido tempo, devem ser recrutados elementos de etnias variadas e cruzadas, afegãos que subscrevam o denominador comum de crenças e valores, e do qual se espera que o novo estado seja a vanguarda. Isso, sim, é inclusão e só assim a inclusão gera legitimidade do estado aos olhos do próprio povo.

Tão logo o estado esteja consolidado, será hora de formar novo governo que esteja de acordo com os princípios islâmicos. O Islã é neutro quanto à forma de governo. A única exigência é que, seja qual for a forma do governo, produza resultados justos. Seja reino, cidade-estado, democracia, o que for, deve produzir justiça para todos.

O Corão também sugere que justiça não é igualdade. Igualdade é dar a todos partes iguais. Justiça é garantir a todos o que lhe seja devido. O Corão é kitab-al-insaf (livro da justiça), não é kitab-al-masawat (livro da igualdade).

Depois do período de consolidação do estado, o governo a ser formado deve ser alcançado conforme o princípio da meritocracia, não algum tipo de democracia multipartidária – governo no qual os capitalistas globais fazem dos democratas suas meretrizes e arrancam a pele do povo. Deve ser escolhida gente honesta e competente de todos os quadros étnicos, depois deve ser treinada e então assumirá o governo.

Mas essa fase vem depois do processo de formação do estado, no qual não se pode esquecer que a opinião comunidade que lutou e se sacrificou enormemente para derrubar os estrangeiros ocupantes deve ter precedência nas decisões da formação do estado, comparada à opinião de afegãos que se aliaram ao opressor para matar afegãos e seus vizinhos. Até aí, só simples bom-senso, que mesmo assim está muito além do QI da tal “comunidade internacional”.

Mensagem aos Talibã

Estendo minhas congratulações aos ghazis dos Emirados do Afeganistão e minhas condolências pelos mujahidin martirizados em sua jihad contra o opressivo, atroz, cruel governo dos EUA e seus aliados ocidentais. Em dois séculos de humilhação para o mundo muçulmano, os afegãos enterraram nas montanha afegãs britânicos, bolcheviques e Yankees e respectivos impérios.

As dores que sofreram e os sacrifícios que ofereceram à nação [orig. millat, urdu] geraram em vocês caráter do qual muito se podem orgulhar. Agora afinal derrotaram a ocupação estrangeira, e muito ainda resta a fazer. O mundo já começa a ‘sugerir’ que vocês adotem trilha que, no longo prazo, será desastrosa para vocês. Como especialista que conhece bem o Ocidente e o Leste da Ásia, e também conhece as várias ‘leituras’ do Islã dentro da civilização islâmica, talvez eu esteja em posição adequada para oferecer algumas humildes sugestões que podem vir a ser úteis no trabalho de traçar o futuro do Afeganistão e dos afegãos, agora sob governo afegão dos Talibã.

Primeiro e acima de tudo, a espada não pode passar de sua mão direita, para sua mão esquerda, e vocês terão de tomar com a mão direita a pena de escrever.

A era da resistência militar já é passado, mas ainda terão de defender e de desenvolver seu país. Por mais que os inimigos de vocês ainda planejem bombardeá-los sem descanso em esforços cinéticos, há hoje também uma perigosa guerra híbrida, para a qual vocês talvez ainda não estejam plenamente preparados. E sem a força do conhecimento, ninguém vence guerras híbridas.

As décadas de firmeza e resistência que vocês viveram são efeito do princípio do istiqamat (um dos nove princípios do Pashtunwali). Sofreram torturas, encarceramento, foram assassinados, mas o inimigo jamais conseguiu comprá-los com dinheiro, nem forçá-los à escravidão ou à submissão, mesmo tendo tentado durante os últimos 20 anos. É prova de que vocês têm basirat (talento e habilidade para ver além das falsas aparências e das falsas promessas).

São aspectos absolutamente essenciais de caráter, que também são requisitos indispensáveis para ter e manter liderança moral e espiritual na construção do novo estado. Basirat advém de tazkiyya-i-nafs (limpeza da alma), que, por sua vez vem da austeridade e comedimento consigo próprio e generosidade com o próximo. Isso, também, vocês Talibãs já manifestaram, ao dar anistia a todos que lutaram contra vocês – embora também teria sido perfeitamente islâmico exigir vingança, como se fez nos tribunais de Nuremberg organizados e conduzidos pelos vencedores da 2ª Guerra Mundial.

Tenham em mente que movimentos começam com ânimo e espírito elevados e vão-se degradando com o tempo, porque muitos retrocedem para a passada zona de conforto, tornam-se complacentes e afinal são derrotados pelas forças do mal que sempre espionam do fundo das sombras.

Sob a liderança de vocês, em pouco tempo o Afeganistão será uma das nações mais ricas do mundo. Assegurem que se atendam às necessidades do povo e que todos vivam em prosperidade moderada. Sem isso, os excessivamente ricos farão do Afeganistão um país de obesos, preguiçosos e covardes como os árabes do Golfo.

A última grande onda de opressão ocidental chegou ao Afeganistão depois do 11/9. Demorará cerca de 2-4 anos mais para dissipar-se e sumir para sempre. Enquanto se vai dissipando, como um tsunami, também carregará muitas coisas más e indesejadas também de seus vizinhos. Ainda que vocês não queiram transformar seus vizinhos, muitos de nós já começamos a ser transformados pela vitória de vocês, Talibã.

O movimento da Caxemira, o movimento pela independência do Calistão (“Terra do Khalsa”), na região do Punjab, o movimento pela libertação da Palestina e o movimento contra a corrupção no Paquistão já começam a extrair inspiração da vitória dos Talibã sobre forças de opressão.

Não há lugar no Islã para a filosofia política liberal, saída do mesmo útero do qual nasceu a fraude conhecida como ‘democracia’. Afastem-se decididamente dela. Muçulmanos modernistas dirão que o conceito de Shura ‘é’ democracia. Não é. A Shura não é democracia de estilo ocidental. É, isso sim, um sistema de consultas prevalente em todos os estratos da sociedade, da família até o estado. Usem a Shura em todos os níveis, como usaram ao longo dos seus anos de Resistência.

Como lidar com as grandes potências

Os governos dos países ocidentais são inimigos dos Talibã. Ocuparam o país de vocês, derramaram o sangue afegão e destruíram a paz regional. É possível perdoá-los, mas jamais esqueçam. No momento, melhor praticarem diplomacia agressiva, mas em nenhum caso devem tratar com clemência as grandes potências ocidentais. Elas não merecem clemência. Passem fome, se for preciso, mas jamais cedam diante daquelas potências. Apliquem a lei do Pashtunwali e a Xaria, ao lidar com elas.

Vocês dizem que o Paquistão é seu segundo lar. Se formarem seu governo segundo os princípios do Islã, eventualmente virá a ser parte de seu primeiro lar. O Afeganistão não é nação. É território que compreende muitas nações. Tampouco o Paquistão é nação: é uma união de quatro grandes nacionalidades e de algumas poucas nacionalidades menores. O Paquistão também veio à luz em nome de valores islâmico, mas elites corruptas e ocidentalizadas esqueceram-se da própria missão original. Assim, muitos pashtuns, hazaras e tadjiques chegaram ao Paquistão sucessivamente mediante várias guerras, e fizeram-no casa deles. Vocês podem fazer o mesmo, não como um refugiado, mas como cidadãos confederados.

Ambos, Afeganistão e Paquistão aprenderam que, em assuntos de defesa e de política exterior os dois países têm de estar de acordo. Sem isso, sempre haverá problemas. Se integrarem defesa e política exterior, o controle da economia dos seus recursos pode permanecer em mãos afegãs, assim como o controle econômico dos recursos do Paquistão pode permanecer em mãos paquistanesas.

Mas só funcionará no curto prazo. Dado que o Afeganistão não tem acesso ao mar, precisarão acessar o território paquistanês, mas o Paquistão não precisa de acesso pelo território afegão. Contudo, dado que é essencialmente importante promover o comércio com a Ásia Central, que não tem acesso ao mar, os Talibã podem permitir que o Paquistão acesse a Ásia Central, de tal modo que uma dependência de mão única converter-se-á em codependência – o que será melhor para os dois países. Sobretudo, considerem o seguinte ponto, importante.

O Afeganistão tem superfície de aproximadamente 653 mil quilômetros quadrados, com superfície arável de apenas pouco menos de 12% da área total: 78.360 quilômetros quadrados. 1 kmequivale a 247 acres. Nos EUA, 1 acre alimenta entre 1-2 pessoas. No Afeganistão, se 1 acre alimenta 10-15 pessoa, vocês só podem alimentar menos de 2 milhões de pessoas, de uma população total de cerca de 38 milhões. Os restantes 36 milhões terão de ser alimentados a partir do Paquistão, porque essa é a fonte mais barata de trigo excedente. O Paquistão, com 882 mil quilômetros quadrados, tem mais de 40% de terra arável, e produz excedentes de trigo e arroz.

Vocês precisam do Paquistão para ter acesso ao mar, para segurança alimentar e para construir moderna capacidade de defesa. Se insistirem muito no nacionalismo afegão, e o Paquistão também continuar a praticar ideologias atrasadas que aprendem do Tio Sam, desde os idos dias do Iluminismo europeu, vocês continuarão a ser forças adversárias. O Paquistão continuará pobre e vocês morrerão de fome. Enquanto estiverem cavando para extrair seus recursos e vendê-los em troca de comida e de construir infraestrutura, os Talibã estarão tornando mais endividado, a cada dia, o povo afegão.

Tornem-se pares e parceiros dos vários setores do Paquistão, exceto no setor da política do governo Talibã. Se tentarem impor sua política ao Paquistão, nós os deixaremos para trás. Até que surja no Paquistão outra elite com clara consciência política, os Talibã devem manter-se distantes. Se e quando acontecerem as condições necessárias, então, sim, integrem-se o mais intimamente possível com o Paquistão.

É mais provável que os Talibã produzam, de início, um espaço social semelhante ao do Irã. Seja como for, de modo algum repitam o modelo saudita, porque é intratavelmente anti-islamista. Lembrem que mulheres comandaram exércitos de homens na história do Paquistão. O Paquistão já produzia mulheres intelectuais e professoras antes de qualquer outra civilização o fizesse, em todo o planeta. Produzimos até mulheres sultanas, antes de qualquer outro povo na história do mundo.

O Afeganistão, por seu lado, há meio século não conhece paz, e todo o talento das mulheres, como dos homens, consumiu-se para garantir a sobrevivência delas e deles próprias, e das famílias. A atual política para as mulheres no Afeganistão é muito realista para uma sociedade Pashtun conservadora que há muito tempo só conheceu padecimentos e desgraças.

Outros não partilham desse entendimento. Mantenham-se firmes nos deveres e obrigações islâmicas e protejam suas mulheres. Não admitam de homens cheios de ódio contra as ideologias feministas tenham direitos sobre a unidade familiar. Nossas mulheres precisam de liberdade. Nosso bem-estar depende do bem-estar das mães, irmãs, filhas e esposas. Resistam contra todas as pressões que venham do ‘oeste’ ou da própria região, e de forma gradual refaçam a engenharia social, de modo que as mulheres tenham garantida participação discreta e plena na nossa vida civilizacional e nacional.

Do ponto de vista da segurança alimentar, reconsiderem a posição islâmica sobre controle populacional. É importante que as famílias sejam menores agora, do que nos dias de guerra. Para que a sobrevivência do país seja administrável, a população afegã, em duas gerações deve estar abaixo de 20 milhões; no caso do Paquistão, deve cair de 220 milhões de habitantes, para 150 milhões.

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