Por Ana Luíza Matos de Oliveira, no site da Fundação Perseu Abramo:
Se até junho de 2019 eram concedidos cerca de 260 mil benefícios por mês, desde então o ritmo de concessão de benefícios caiu para cinco mil. Isso enquanto a cobertura do programa cai (https://fpabramo.org.br/2020/01/14/teto-de-gastos-amplia-disputa-por-recursos-na-area-social/) e a pobreza aumenta no país. Segundo o Estadão, a fila de brasileiros que esperam pelo Bolsa Família já chega a 3,5 milhões de pessoas, o que representa 1,5 milhão de famílias de baixa renda. É uma receita para ampliar o caos social, ampliar o desespero das famílias brasileiras, empurrar as pessoas ainda mais para a precariedade, para a informalidade.
Enquanto isso, caiu o ministro da cidadania (antes Osmar Terra, que também havia sido ministro do Governo Temer), responsável pelo programa, e entrou Onyx Lorenzoni em seu lugar. Não se sabe se a troca ocorreu por insatisfação do presidente com a gestão do ministro e com a fila no PBF, se foi por um contrato milionário realizado pelo Ministério sem licitação com empresa investigada pela Polícia Federal, ou se por outro motivo.
Especialistas ouvidos pelo Estadão apontam que o motivo para a queda brusca no número de famílias aceitas ao Bolsa Família a partir de meados do ano passado poderia ser devido à necessidade de “economizar” recursos para cumprir a promessa de campanha de Jair Bolsonaro de pagar um “13o” aos beneficiários. No entanto, o governo tem lutado para que a oposição não consiga transformar o “13º” em pagamento obrigatório todos os anos e muito menos que este “13º” inclua beneficiários do Benefício de Prestação Continuada (BPC), voltado a idosos carentes e deficientes. Além disso, os valores do benefício seguem sem reajuste.
Para Guedes-Bolsonaro, o objetivo parece ser aprofundar o desespero dos mais vulneráveis da sociedade brasileira, garantindo que os espaços da elite continuem intocados.