Assunção (Prensa Latina) Do campo chegaram nesta quinta-feira (05) a esta capital camponeses paraguaios para expressar seu repúdio à repressão governamental a favor de colonos brasileiros e expulsá-los de suas terras.
A Federação Nacional Camponesa (FNC) convocou para esta quinta-feira uma manifestação ante a sede do Ministério do Interior, para condenar o uso da força policial no desalojamento na Colônia Guahory, distrito de Tembiaporã, departamento de Caaguazú.
Ali teve na segunda-feira um saldo de 20 feridos e vários detidos, quando um contingente da polícia agrediu os moradores do local, que tentavam evitar a ocupação dos brasileiros, com maquinaria agrícola incluída.
De acordo com as versões que chegaram a esta capital, os agentes irromperam na região para tirar os habitantes de suas precárias moradias e empreenderam sobre eles vários golpes, sem respeitar idade nem sexo.
Como também é usual nestes casos, o chefe do grupo policial culpou os camponeses pelo início do conflito, por uma suposta atitude agressiva, e argumentou que seus subordinados simplesmente se defenderam.
No entanto, as vítimas e os detidos negaram, ao afirmar que os policiais foram expulsá-los das terras que lhes pertencem para favorecer aos colonos brasileiros, que ingressaram nos terrenos sob proteção dos policiais.
Gás lacrimogêneo e disparos com balas de borracha foram utilizados para dispersar os habitantes do lugar, assinalam os informes.
Por esse motivo, a FNC convocou para a quarta-feira concentrações em vários pontos da geografia rural, sobretudo em lugares próximos e no próprio território de Caaguazú.
Essas foram preâmbulo à de hoje em Assunção ante a sede do Ministério do Interior, em repúdio à ação repressiva.
No local os citados expressarão seu apoio aos lutadores pela terra de Guahory e o protesto contra o novo violento despejo e repressão sofrida pelas famílias camponesas, sujeitos legítimos da reforma agrária, segundo a FNC.
A ampla organização camponesa paraguaia destaca que a luta pela terra é pela pátria, contida em um apelo recebido aqui pela Prensa Latina.
Uma vez mais, assinala esse texto, a Polícia Nacional ‘deixa um obscuro antecedente com este procedimento, que engrossará a lista de ações antidemocráticas, repressivas, violentas contra o povo’.
Para a FNC está claro, acrescenta, que enquanto não tiver reforma agrária não terá paz no Paraguai.
‘Assim como nossos avôs e avós lutaram e defenderam a terra, hoje faremos o esforço e construiremos a organização necessária para combater a ocupação de nosso território por agroexportadores’, menciona.
Esses, assegura, ‘não fazem outra coisa mais que concentrar a terra, expulsar comunidades camponesas e indígenas, e produzir de acordo com os interesses de outros países e de outros mercados’.