Por Altamiro Borges
A notícia frustrante para os detratores do Brasil não ganhou as manchetes dos jornalões e nem virou destaque na tevê. Miriam Leitão e Carlos Alberto Sardenberg, entre outros urubólogos, não fizeram autocrítica das suas análises equivocadas e tendenciosas sobre a inexorável retomada ianque. Para os analistas econômicos mais sérios, menos partidarizados, a perda de fôlego da economia dos EUA já era previsível em decorrência da desaceleração dos mercados externos, dos baixos investimentos do Estado e do setor privado, da retração das exportações e da queda dos preços das commodities.
Em artigo publicado na revista CartaCapital, intitulado “A crise dentro da crise”, o jornalista Carlos Drummond apresentou vários dados que revelam a paralisia no coração do capitalismo. “A situação dos EUA estaria muito pior do que o Federal Reserve pensa… A austeridade fiscal, a valorização do dólar e a má distribuição de renda vão descarrilar a economia dos EUA, alerta o Instituto Levy de Economia. Algumas das fragilidades do sistema financeiro evidenciadas em 2008 parecem persistir”. Como afirma o economista Luiz Gonzaga Belluzzo, este quadro “questiona a avaliação predominante no Brasil de que a crise era chinesa e a economia dos Estados Unidos estava se recuperando”.