Piñera não ocultou sua contrariedade quando na segunda-feira comissões da Câmara de Deputados recusaram por maioria projetos legislativos sobre pensões e educação que o Governo apresenta entre seus mais importantes iniciativas.
O mandatário qualificou tais resultados de um duro golpe, apelou ao ‘patriotismo’ dos deputados, e chamou à maioritária oposição a ‘corrigir esse erro, retificar o rumo’ e aprovar a possibilidade de legislar sobre ambos os textos legislativos.
As expressões do presidente não são novas, pois em outras ocasiões também se referiu à oposição com termos como antipatriota e obstrucionista.
A respeito, o presidente da Câmara de Deputados, o democrata cristão Iván Flores, assinalou que esse tipo de expressões ‘não contribuem à boa relação que tem que ter entre os poderes do Estado’ e pediu ‘mais respeito’ para os deputados.
Por sua vez, o prefeito da comuna da capital de Recoleta, Daniel Jadue, declarou em entrevista a rádio DNA que se o Governo não quer que lhe recusem todos os projetos tem que conversar e dialogar com a oposição com honestidade.
Acrescentou que ‘se o diálogo vai ser sempre acusando de antipatriota aos que pensam diferente, isto se parece muito ao tempo da ditadura’.
Outros legisladores de centro e esquerda também recusaram os arroubos do mandatário que, segundo analistas, carecem de mais possibilidades do Governo de levar adiante essas iniciativas, que no caso da reforma à lei de pensões será submetida amanhã quintas-feiras na Câmara Baixa se se legisla ou não.
A respeito, Iván Flores disse esperar que o Governo mostre ‘uma vontade um pouquinho mais ampla que estas desqualificações se expressarem’.
A reforma à lei de pensões defendida pelo executivo é considerada um engano pela oposição, pois anuncia um aumento de pensões insuficiente para satisfazer as necessidades básicas dos aposentados dado o alto custo da vida.
Como condição para a aprovar, tinham apresentado 10 propostas mínimas ao Governo para modificar o texto, incluindo um aumento de 20 por cento nas pensões, entre outras que foram acolhidas tibiamente pela Moeda. Entretanto, a lei denominada de Admissão Justa é vista como um retrocesso em comparação com a legislação vigente, ao reduzir as possibilidades das famílias e dos estudantes com menos recursos a ter um ensino de qualidade.