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segunda-feira, 17 novembro, 2025

BRICS e o ocidente – trajetórias opostas em um mundo conectado por pessoas

Wellington Calasans

Pensei em escrever um texto sobre a “Crise do Ocidente e o ascenso do BRICS”, mas fui percebendo que todos os pontos se cruzam. Erros e acertos decorrem das premissas adotadas e os caminhos escolhidos. Assim, o cenário global testemunha o resgate do povo, através de uma revolta sem precedentes contra a corrupção e as políticas neoliberais que há décadas dominam o cenário internacional.

Em diversos países, os cidadãos estão se levantando contra sistemas políticos percebidos como falidos e desconectados de suas necessidades reais. Na Argentina, a exaustão com o governo de Milei revela as contradições de um projeto ultraliberal que prometia renovação mas gerou divisão e instabilidade.

Enquanto isso, na Turquia, Erdogan enfrenta pressões crescentes que ameaçam seu longo domínio político. Paradoxalmente, enquanto o Ocidente mergulha em caos, países como o Paquistão veem nos protestos populares não uma ameaça, mas um “rito de passagem” rumo a uma governança mais autêntica, alinhada com valores nacionais em vez de imposições externas.

Este movimento global de rejeição ao status quo ocidental encontra ressonância na crescente atração por alternativas geopolíticas que desafiam a hegemonia estadunidense. O “Ocidente Alargado” exagerou na soberba e teve seu sangue sugado pelos carrapatos do sionismo.

A desintegração do modelo político ocidental torna-se evidente na incapacidade das instituições tradicionais de responder às demandas populares. Nos EUA, a coesão que antes era o lema do MAGA transformou-se em um turbilhão caótico de polarização, enquanto a Casa Branca parece cada vez mais desconectada das realidades enfrentadas pela maioria da população.

Figuras como Obama, Fauci e os Clinton seguem suas carreiras sem temor de consequências, evidenciando um sistema que protege suas elites enquanto criminaliza vozes dissidentes comuns.

Este contraste entre a impunidade das elites e a repressão aos cidadãos comuns expõe a hipocrisia estrutural do sistema ocidental, cuja narrativa se desfaz diante da crise de legitimidade que enfrenta.

A obsessão com divisões partidárias internas cega o establishment político para as verdadeiras necessidades de suas populações, enquanto a repressão se intensifica sob rótulos de “segurança nacional”.

A Europa, outrora modelo de estabilidade democrática, mergulha em crises profundas que expõem suas fragilidades estruturais. Reino Unido, Alemanha e França estão falidos, prestes a um colapso social.

A Turquia vive um momento de ruptura política com a declaração de seu principal partido de oposição como “organização terrorista”, enquanto na França, Macron enfrenta impasses parlamentares e descontentamento popular que ameaçam sua governabilidade.

A Espanha emerge como exceção notável ao adotar medidas concretas contra Israel, demonstrando que é possível romper com a inércia histórica da política externa ocidental, embora sua eficácia dependerá da ampliação desse esforço para uma coalizão global capaz de impor sanções econômicas e diplomáticas significativas contra os fanáticos sionistas.

Este cenário de instabilidade contrasta dramaticamente com a crescente coesão observada em blocos alternativos, especialmente o BRICS, que oferece um modelo de cooperação baseado no respeito à soberania nacional e na multipolaridade.

A expansão estratégica do BRICS em 2024 representa um marco histórico na reconfiguração do sistema internacional. Com a adesão de Egito, Etiópia, Irã e Emirados Árabes Unidos, o bloco agora conta com onze membros e dez parceiros, ampliando significativamente sua influência geopolítica, econômica e demográfica global.

Esta expansão não é meramente simbólica, mas reflete uma busca consciente por maior influência nos assuntos internacionais por parte dos países que se sentem marginalizados pelo sistema atual.

Enquanto os EUA e seus aliados tradicionais se afundam em crises internas e políticas externas contraditórias, o BRICS estabelece uma alternativa concreta baseada no desenvolvimento econômico inclusivo, na resolução pacífica de conflitos e no respeito à diversidade cultural e política de seus membros.

O fato de países como Laos terem recentemente optado por se alinhar ao BRICS demonstra a atração crescente deste modelo alternativo. O vício ocidental de querer ser colonizador, agora encontra cada vez mais dificuldade de ser alimentado.

O contraste entre a estabilidade relativa do BRICS e o caos do modelo ocidental torna-se especialmente evidente na abordagem para conflitos internacionais. Enquanto a política externa ocidental permanece presa em narrativas simplistas e intervenções militares desastrosas, o BRICS tem promovido diálogos multilaterais que respeitam a soberania nacional.

A recente decisão de instalações centrais do governo ucraniano terem sido alvo de um ataque russo, em resposta direta às ameaças de Macron de enviar tropas francesas para Kiev, ilustra como a escalada ocidental apenas agrava conflitos.

O BRICS, por outro lado, oferece um espaço para negociação que não exige submissão a agendas externas, reconhecendo que a paz só será alcançada quando a justiça for priorizada sobre a lógica da sobrevivência política de políticos desprovidos de humanidade como Netanyahu, e quando o direito à vida dos palestinos for reconhecido com a mesma urgência que o é para os israelenses.

A crise estrutural do modelo ocidental manifesta-se não apenas na esfera política, mas também na economia. Enquanto a economia norte-americana apresenta fissuras profundas, com políticas baseadas em ordens executivas frágeis que podem ser revertidas em minutos por qualquer próximo presidente, o BRICS tem construído instituições econômicas duradouras como o Novo Banco de Desenvolvimento.

Este contraste é particularmente evidente na relação com países emergentes: enquanto Trump prende trabalhadores sul-coreanos em uma fábrica da Hyundai, gerando tensões desnecessárias, o BRICS promove cooperação econômica baseada no respeito mútuo e no benefício compartilhado.

A crescente adesão de países ao bloco não é um fenômeno aleatório, mas uma escolha consciente por um modelo que reconhece a diversidade de caminhos de desenvolvimento e respeita a soberania nacional.

Diante deste cenário, torna-se evidente que o BRICS não representa apenas uma alternativa geopolítica, mas um novo paradigma de paz e prosperidade baseado em princípios fundamentalmente diferentes dos que têm guiado o Ocidente nas últimas décadas.

Enquanto o modelo ocidental se baseia em intervenções militares, sanções unilaterais e imposição de valores, o BRICS propõe cooperação baseada no respeito à soberania, no desenvolvimento econômico inclusivo e na resolução pacífica de conflitos.

Este modelo, que reconhece a legitimidade de diferentes sistemas políticos e culturais, oferece uma saída do ciclo interminável de dor e vingança que caracteriza as relações internacionais sob a hegemonia ocidental.

A verdadeira paz só será alcançada quando o mundo decidir, finalmente, agir com coragem ética, priorizando o bem-estar de todos os povos em vez dos interesses de elites poderosas – uma visão que o BRICS, em sua diversidade e cooperação mútua, está demonstrando ser capaz de concretizar.

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