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quinta-feira, 25 abril, 2024

BRASIL REAL, SUA TRANSFORMAÇÃO E OS ETERNOS CAFAJESTES DOS PODERES CONSTITUIDOS

 Pedro Augusto Pinho*

A leitura diária do Monitor Mercantil (MM) nos permite conhecer o Brasil que nos é ocultado pela “grande imprensa” e ter a análise de excelentes profissionais.

Neste artigo usarei dados e informações que me vem, entre outros, da coluna diária Fatos & Comentários, de Marcos de Oliveira, da Empresa Cidadã, do professor Paulo Márcio de Mello, e do artigo, de 12/04/2018, do jurista Luiz Flávio Gomes, “Que Brasil sairá das urnas em 2018”.

Creio que todos, medianamente informados, alfabetizados e leitores eventuais, já se deram conta de que não houve o episódio que denominaríamos Independência do Brasil. Nem digo no sentido econômico, bastante óbvio, malgrado o esforço de alguns poucos governantes, tão poucos que posso citá-los nominalmente neste espaço do artigo: Getúlio Vargas, Juscelino  Kubitschek, João Goulart, Emílio Médici, Ernesto Geisel e Lula da Silva/Dilma Rousseff. O sentido econômico leva em consideração tecnologia, produção e consumo interno, como é óbvio.

Todos, rigorosamente todos os demais, inclusive o atual, incriminado imposto pelo golpe de 2016, dedicaram-se a torpedear a capacitação tecnológica e/ou a produção industrial. E ainda, este esterilizador Temer, dedicando o orçamento aos juros ao invés das necessidades do País, não satisfeito com as excrescências de “superavits fiscais”, congela os recursos por 20 anos e impõe a alienação de bens naturais e produtivos brasileiros.

Não sendo um país independente somos, consequentemente, uma colônia. E neste sentido a primeira característica é a sujeição das decisões, eventualmente adotadas no Brasil, aos interesses da metrópole.

Parece bastante simples verificar na história do que os livros chamam de Brasil Colônia. Mas o historiador Gustavo Barroso já advertia que, antes mesmo da formalidade de 7 de setembro de 1822, o Brasil já passara a ser colônia inglesa e, mais especificamente, de banqueiros ingleses.

Deste modo, ficamos à margem da primeira revolução industrial, que chamarei pelo insumo energético, do carvão. Também continuamos à margem da segunda revolução industrial, do petróleo.

Mas, na época, já colônia dos Estados Unidos da América (EUA), tivemos com Vargas a primeira possibilidade de, tardiamente, nos industrializarmos, ou seja, deixarmos de ser meros produtores de matérias primas, num feroz mercado onde disputávamos, com outras colônias, o privilégio de bem servir aos senhores.

Convém trazer a esta questão da soberania uma crucial necessidade: a consciência da escravidão e o anseio pela liberdade. Sem estes conhecimentos e sentimentos nunca seremos livres e soberanos.

Como os colonizadores tratavam desta questão? Primeiro pela ignorância, daí a instrução que denomino “pedagogia colonial”. Ensinam-nos a servir, a não acreditarmos em nós (viralatismo em suas diversas dimensões), não termos capacidade de análise, de crítica, nem instrumentos operacionais para agir. E quem criticou esta pedagogia, no período pós Vargas, foi imediatamente rotulado comunista. Mesmo quando, seguindo o Concílio Vaticano II, apenas pedia um capitalismo cristão, solidário com os desvalidos.

Ainda hoje, quando não há, efetivamente, fora das teorias em meios acadêmicos, a gestão comunista e, acredito, nem mesmo obteria resposta, razoavelmente uniforme, se inquirisse partidos que trazem em seu nome a designação comunista, ainda existe a campanha anticomunista. Alguém ganha, claro!

O comunismo virou uma espécie de bicho papão para os que tem a mentalidade infantil. Além dos medos, a repetição por toda vida do que aprenderam no berço.

Mas os colonizadores sabem muito bem como, além da pedagogia colonial, destruir as vontades. A comunicação de massa, no mundo, é gerenciada por seis grupos, todos subordinados ao capital financeiro internacional, que denomino, banca.

Do mesmo modo das grandes empresas internacionais, os donos das empresas de comunicação são diretamente, por controles societários que nos levam inexoravelmente aos paraísos fiscais, ou pelos endividamentos, subordinados à banca.

É assim que, pela ignorância e pelo controle do que lhe chega e como chega qualquer fato ao conhecimento, o colonizador determina o seu saber e a sua emoção. Não fosse deste modo, as “primaveras árabes”, os “ocupem Wall Street” e ocupações diversas, os “vem para rua” e outros movimentos fantoches não ocorreriam, pois justificaram a troca de dirigentes que, independentemente de suas qualificações, defendiam a soberania dos Estados que governavam; apenas isto.

Tratemos do Brasil. A maior corrupção sempre foi a que favoreceu o estrangeiro e a insignificante “elite” que administrava, no Brasil, estes interesses alienígenas. As exceções dos dirigentes, todos com defeitos e virtudes, mas nunca radicais na oposição colonial, já foram apontadas e eles nominados.

Apenas, por recente, darei três exemplos de uma infinidade desses ataques aos brasileiros: a Coca-Cola e a Ambev, gigantes multinacionais, receberam de “créditos tributários” entre R 0,15 a R$ 0,20, a cada latinha vendida; o Banco Itaú viu, por decisão da 4ª Turma do STJ, reduzida sua multa de R$ 160 milhões para R$ 160 mil, e, um escândalo de proporções astronômicas, os golpistas de 2016 isentaram em 1 trilhão de reais os impostos em favor das petrolíferas estrangeiras que irão explorar o pré-sal brasileiro. Estas três notícias de corrupção, que nenhuma Lava Jato examina, tira “legalmente” dos bolsos brasileiros recursos para o desenvolvimento do Brasil.

Chegamos ao impasse. “Muita gente não está conseguindo ver nenhuma luz no fim do túnel. Mesmo depois das eleições presidenciais, há grande risco de o Brasil continuar sendo um país desesperançado” (Luiz Flávio Gomes, MM citado).

É verdade. Não há, até onde tenho notícia, um partido, um candidato a posto executivo ou legislativo que diga ser sua plataforma a independência do Brasil.

E o que, no âmbito mais amplo, consistiria esta Independência: de início a revisão de todas as instituições impostas pelos colonizadores – com base em suas experiências nativas onde, também, o povo suporta e mantém uma elite governante que os explora por séculos – e um plebiscito que estabelecesse as novas instituições nacionais, voltadas obviamente para a Soberania Nacional e para a construção da plena cidadania. E implantá-la em caráter de urgência urgentíssima, como se designava o tempo para atendimento aos desejos colonizadores.

Há muito a ser criticado e aprofundado neste projeto único: Independência do Brasil. Deixo a meus inteligentes e mais participativos leitores.

*Pedro Augusto Pinho, avô, administrador aposentado

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