Charge: Erasmo |
Por Caique Lima, no Diário do Centro do Mundo:
Além dela, outros 17 delegados já receberam punições similares ao longo da atual gestão.
Saiba quais delegados foram punidos ou demitidos em retaliação
– Ricardo Saadi foi vítima da intriga de policiais bolsonaristas no Rio de Janeiro. Então superintendente da PF no estado, teve sua troca anunciada em portaria de agosto de 2019.
– Maurício Valeixo, ex-diretor-geral da PF, entrou na mira do governo após defender Saadi. Ele desmentiu Bolsonaro, dizendo que a exoneração não se deu por produtividade, como havia alegado o presidente.
– Rolando de Souza, substituto de Valeixo, é ex-diretor e resistiu à pressão de Bolsonaro, que queria trocar cargos na corporação.
Bolsonaro também tirou Denisse Ribeiro, responsável pelo inquérito dos atos golpistas. Ela só pôde ter o inquérito de volta em suas mãos após decisão judicial.
– Bernardo Guidali Amaral, delegado do Serviço de Inquéritos Especiais, era responsável por inquérito para investigar Dias Toffoli por acusação de receber propina de R$ 4 milhões em troca de decisão no TSE (Tribunal Superior Eleitoral). Foi rifado pelo presidente em gesto de aproximação com o magistrado.
– Felipe Leal, delegado que era responsável por inquérito que apura interferência do mandatário na PF, questionou a cúpula da instituição sobre afastamentos de delegados no inquérito e foi punido. Graziela Costa e Silva, delegada que coordenou abaixo-assinado em apoio a Leal, teve promoção negada.
– Hugo Correia, ex-superintendente do DF, foi acusado de dar liberdade demais aos subordinados que investigavam o círculo bolsonarista e foi punido.
– Rodrigo Fernandes, que investigou a facada, teve sua promoção negada. Ele concluiu que o atentado não foi um complô da esquerda. Antonio Marcos Lourenço Teixeira, que comandava a segurança de Bolsonaro na eleição, acabou afastado da chefia do Comando de Operações Táticas. Ele teria brigado com o motorista que destravou a porta do carro em que Bolsonaro estava durante a campanha eleitoral.
– Carla Patrícia Cintra Barros da Cunha foi removida da Superintendência de Pernambuco por acusações de bolsonaristas de que estaria ligada ao governo do estado, do PSB.
– Daniel Grangeiro, que atingiu Arthur Lira e Humberto Martins, aliados de Bolsonaro, por rachadinha, também foi punido.
A investigação contra Salles, que o ligava a grupo de exportação ilegal de madeira gerou represálias a cinco delegados. Alexandre Saraiva, delegado do Amazonas, foi substituído no cargo. Thiago Leão, responsável pela operação que deflagrou maior apreensão de madeira ilegal da história da PF, também sofreu represálias.
– Max Eduardo Pinheiro teve promoção no Amapá negada. Ele teria autorizado Alexandre Saraiva a dar entrevista sobre a investigação de Salles.
– Franco Perazzoni foi vetado na chefia do combate ao crime organizado no DF após negar acesso à cúpula da PF ao inquérito que investigava o ex-ministro do Meio Ambiente.
– Rubens Lopes da Silva, delegado da Operação Akuanduba, que envolve Salles, perdeu a chefia da Divisão de Repressão a Crimes contra o Meio Ambiente, que tocava a apuração.