18.1 C
Brasília
sexta-feira, 29 março, 2024

Bolívia: o antes e o depois de Evo Morales

HÁ muitos anos, o homem que levou seu país a mostrar indicadores econômicos e sociais de primeira ordem, o Estado Plurinacional da Bolívia, esteve preso em uma base militar em Copacabana, uma cidade no departamento de La Paz, muito próxima da fronteira com o Peru.

Era o ano de 1995 e Evo Morales suportou insultos e indagações, por defender seus direitos e os do setor da coca. No entanto, o nome expresso com mais ódio pelos seus captores era o de índio, uma palavra que se transformou num insulto em bocas sem moral, mas que era e é para este homem um dos seus grandes valores.

Atualmente esse índio, Evo Morales, é muito amado por seu povo e continua pondo bem alto suas raízes aborígenes.

Além disso, Evo luta incansavelmente para continuar erradicando males sociais que anos atrás fizeram de seu país uma nação sem futuro.

No entanto, algumas pessoas alheias a esta realidade, de diferentes latitudes, ou no conforto de seus lares, criticam a decisão deste líder de concorrer a um quarto mandato, obviando o inegável apoio de seu povo e os números que, sem dúvida, ratificam suas certezas.

A BOLÍVIA ANTES DE EVO

Um comentário oportuno do jornal mexicano La Jornada lembra como na Bolívia alguns donos de capital exploraram os índios aymaras e quíchuas, guaranis e outros povos indígenas, grupos étnicos que compõem o universo boliviano e viram como seus direitos mais simples foram desrespeitados.

O texto do jornal afirma que 90% da população rural vivia na pobreza, de modo que esta nação, juntamente com Honduras e Haiti, formava uma tríade de futuro incerto, com os piores índices de desenvolvimento humano da região. Ao mesmo tempo, empresas que antes eram públicas após a chegada ao poder dos governos oligárquicos desde 1952, tornaram-se privadas e os presidentes no poder fizeram fortuna hipotecando o bem-estar das pessoas e bens que deveriam proteger, não desviar.

No entanto, como indica o especialista Darío Restrepo em um estudo realizado pela Universidade Nacional da Colômbia, com a chegada ao poder de Morales, um programa contrário ao vigente começou nos últimos 20 anos.

«(…) em vez de democracia representativa exclusiva, quero reivindicar o poder para as comunidades, povos e organizações indígenas, camponesas e populares; em vez de reivindicar ser o presidente de uma Bolívia moderna, ocidental e liberal, expressou o anseio por uma Bolívia multinacional, crítica do ‘Estado colonial’ e da democracia liberal e burguesa», enfatiza.

BOLÍVIA COM EVO

Segundo o jornal chileno La Tercera, nos últimos 12 anos a economia boliviana cresceu 4,9% ao ano, superando em muito a média regional de 2,7% e triplicando seu PIB de 11,5 bilhões de dólares para 37,7 bilhões atuais.

Esta publicação também garante que, de acordo com o Instituto Nacional de Estatística (INE) do país, a inflação subiu apenas 2,7% em 2017, a mais baixa em dez anos, enquanto o mercado de trabalho se fortaleceu.

Por outro lado, numa entrevista feita ao líder boliviano pela BBC World , Evo comentou que uma das batalhas vencidas por seu governo foi o fato de que por três ou quatro anos consecutivos sua nação foi a primeira quanto a crescimento econômico em toda a América do Sul. «Isso nunca aconteceu desde a fundação da República», reafirmou.

Outra das grandes realizações sob sua liderança tem sido a redução do setor mais desprovido de recursos. Segundo a Telesur, em 2017, a Bolívia fez esforços consideráveis para reduzir a pobreza, caindo para o seu nível histórico mais baixo, em 36,4%.

A renda mínima aumentou para 127% e o salário mínimo dos trabalhadores é o segundo melhor da América Latina.

Mas a população não só se beneficiou em questões econômicas. Como o presidente boliviano nos conta naquela entrevista: «O setor mais humilhado e marginalizado, que era o das mulheres de todas as classes sociais e indígenas, agora tem espaços no Estado Plurinacional».

«Todos nós temos os mesmos direitos e deveres “, enfatizou.

Segundo o analista Hugo Siles, «a história contemporânea da Bolívia está dividida em duas: antes e depois de Evo Morales». Além disso, ele enfatiza para o La Nación que «a Bolívia mudou substancialmente na última década, há um antes e um depois de Evo Morales». É uma nação muito diferente social, econômica e politicamente. A chegada de Morales implicou uma mudança de 180 graus em questões como a gestão de recursos naturais e a inclusão dos povos indígenas».

Ao mesmo tempo, Siles reconhece que ainda há muito a ser feito, especialmente em questões relacionadas com as reformas ou mudanças no sistema judicial e maior reco-nhecimento da população LGBT.

Esse homem simples, de família humilde, que teve que trabalhar como pedreiro, padeiro e trombeteiro para pagar seus estudos, foi considerado terrorista e demonizado pela oposição para refrear suas aspirações políticas. No entanto, em 2005, ele venceu as eleições presidenciais com 53,7% dos votos, apoio que continua crescendo em nossos dias.

EM NÚMEROS

1.5 bilhão de dólares: Recentemente, o governo de Morales anunciou que essa quantia será investida para continuar a construção de rodovias e aeroportos.

3.000 centros públicos de saúde: Depois que Evo Morales ocupou a presidência, a Bolívia conta até à data com 3.000 centros públicos de saúde de primeiro nível e mais de 200 no atendimento secundário, em todo o território nacional, segundo a ministra da Saúde, Ariana Campero.

85,2 % da população tem água potável: Foi garantido o acesso da água potável à população que em outros tempos viveu até uma «Guerra da Água».

1.4 milhão de títulos de terras: Entregues aos camponeses e indígenas da Bolívia.

900.000 pessoas idosas recebem a «Renda da Dignidade», graças a um investimento de mais de US$ 2,9 bilhões.

14% do orçamento   Destinado pelo governo boliviano para a educação.

BOLÍVIA LIDEROU O CRESCIMENTO ECONÔMICO NOS ANOS 2009, 2014-2017

Estimativa oficial em 2017

Países                               Banco Mundial

Bolívia                                     3,9

Paraguai                                  3,8

Uruguai                                   3,0

Argentina                                2,8

Peru                                       2,7

Colômbia                                 1,8

Chile                                       1,4

Equador                                   0,8

Brasil                                       0,7

América do Sul                          0,6

Países                  Fundo Monetário Internacional

Bolívia                                 4,0

Paraguai                              3,9

Uruguai                               3,5

Peru                                    2,7

Argentina                            2,5

Colômbia                             1,7

Chile                                   1,4

Brasil                                  0,7

América do Sul                     0,6

Equador                              0,3

PROJETOS EM PREFEITURAS E MUNICÍPIOS MONTANTE

(em milhões de dólares)

Acessos Seguros para viver bem: para projetos                               116,8

próprios de infraestrutura de maquinaria e equipamentos

Beneficiadas: 8 prefeituras e 2 municípios

Contrapartes Locais: para obras concorrentes                                 463,6

Com o Governo Nacional em obras públicas, serviços básicos.

Beneficiadas: 8 prefeituras e 81 municípios

Contrapartes Locais: para projetos com 50% de avanço.                   103,5

Beneficiadas: 2 prefeituras e 9 municípios

Universidades Públicas Autônomas: projetos                                       6,9

de investimento e infraestrutura

Total                                                                                        690,8

ÚLTIMAS NOTÍCIAS