Nênia em Homenagem
Temam menos a morte e mais a vida insuficiente
Bertold Brecht
Para Alair Barbosa Thereza – 22.12.2016 – Bauru-SP
A Amiga Alair que se foi
Deixou a despedida em página final aberta no Facebook
Grito aberto, véspera de Natal
Dizendo da sua solidão-ferida-aberta
Da família, do filho, da esperança morta…
A amiga virtual Alair
Tantas vezes nas trincheiras conosco
Entre palavras, frases, gritos de coragem; mensagens
E depois o fim tão trágico
Foi-se embora a amiga,
ferida dessa dor de descrédito.
A vida pífia
O país enlutado
E a amiga virtual não suportou
Não com sua sensibilidade…
Não a amparamos o suficiente?
(Não há vida o suficiente)
Não há mais nem esperança limpa para os excluídos sociais
A amiga virtual Alair se foi
E estamos todos perplexos; de alguma forma rendidos
A utopia apagou a sua chama
E nós, covardes, sobrevivemos, aceitando, submissos
Mas os fortes nos dão bandeiras de lições:
-Morrem em nosso nome, em nosso lugar, por nós
Ainda que a esperança esteja de luto.
Estamos sozinhos nas trincheiras?
Não, Alair agora está conosco, na nossa lágrima mais profunda
Viva a morte? Viva a luta!
Alair viverá no nosso grito de desespero e dor
Somado à revolta do que fizeram com o sonho de inclusão social
(Morremos todos nós)
Mas não há paz na dor
Estamos de luto, mas estamos na guerra.
Continuamos
Por ela, Alair Barbosa Thereza
A nossa dor; a nossa trincheira nessa tristeza!
Alair vive em nós!
A luta continua. Pelo povo, para o povo, agora por Alair!
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Silas Corrêa Leite
Itararé-SP