Santiago de Chile, (Prensa Latina) A etnia mapuche, a maior de Chile, recebeu nesta sexta-feira (23) pela primeira vez um mea culpa do Estado, que pediu perdão pelos ”erros e horrores” cometidos contra o povo originario.
Em uma cerimônia no Palácio da Moeda, a presidenta da República, Michelle Bachelet, ao apresentar um Plano Integral para a região da Araucanía, referiu-se também aos séculos de invisibilidade dos mapuches.
‘Em minha qualidade de Presidenta quero solene e humildemente pedir perdão ao povo mapuche pelos erros e horrores que tem cometido ou tolerado o Estado em sua relação com eles ou suas comunidades’, expressou.
No passado ano pela primeira vez na história e por iniciativa de Bachelet, os diferentes atores do denominado conflito mapuche sentaram-se em uma Mesa de Diálogo encabeçada pelo bispo de Temuco (capital regional), Héctor Vargas.
Daí surgiu o documento apresentado hoje que permitiu à mandatária socialista fazer o mea culpa do Estado chileno e se comprometer mais do que nunca a solucionar a situação do denominado conflito mapuche.
‘Temos falhado como país, por isso hoje quero pedir perdão ao povo mapuche pelos erros e horrores que se cometeram ou foi tolerado em nossa relação com eles e suas comunidades’, reafirmou.
Povo amerindio, primeiro consagrado à caça e horticultura e depois forçado à pesca e a agricultura, foi submetido pelo Chile e pela Argentina no fim do século XIX de campanhas militares de Pacificação da Araucanía e Conquista do Deserto.
Estes primeiros povoadores chilenos e da parte da Argentina distinguiram-se também por sua férrea rebeldia e capacidade de luta frente aos conquistadores espanhóis, que terminaram retirando-os de seus territórios.
Mas a batalha por recuperar suas terras não tem cessado desde então, e os 700 mil mapuches que aproximadamente habitam o Chile em pequenas comunidades na pobreza, têm confrontos pela reivindicação de seus direitos.
Incêndios e atos violentos na Araucanía são atribuídos aos mapuches, meia centena deles condenados sob a lei anti terrorista desenhada pela ditadura de Augusto Pinochet.