Bogotá (Prensa Latina) Considerada uma das cidades mais antigas do território colombiano, Zipaquirá seduz hoje moradores locais e visitantes devido a sua Catedral de sal, única de seu tipo no mundo, e pela herança de antigas culturas.
Nesse local acharam restos humanos de uma enigmática civilização que habitou a região 12.400 anos atrás.
O Valle del Abra foi o lugar onde essas evidência vieram à tona, junto a petróglifos e instrumentos líticos que provavelmente pertenciam a esse agrupamento humano chamado atualmente de abriense.
No coração do povoado, o Museu Arqueológico expõe peças representativas desse grupo e de outras sociedades pré-colombinas como Tumaco, Nariño, Calima, Muisca, Tolima, Quimbaya, Sinú e San Agustín.
A poucos metros dali, a Catedral de Sal recebe cada mês cerca de 20 mil pessoas que percorrem os labirintos de uma mina legendária, cujo coração palpita 180 metros embaixo da terra dentro de uma montanha.
Distante 48 quilômetros da capital nacional, esse lugar foi uma área marinha no período cretácico (Era Mesozóica), fato que explica a existência do maciço de sal, com apenas 15% de impurezas.
Uma longa passagem conduz ao interior da jazida, descoberta em tempos pré-hispânicos e explorada até hoje.
Contam que foi um menino da comunidade Muisca quem descobriu acidentalmente o grande depósito de sal dentro do povoado conhecido atualmente como Zipaquirá.
Desde então começaram a extraí-lo de maneira rústica para seu uso na preparação de alimentos e para ser trocado por outros produtos como as esmeraldas.
A princípios do século XIX, começou a exploração da mina em grande escala, com técnicas como uso de explosivos para soltar as rochas, dando lugar a grandes explosões nas profundidades.
A religiosidade dos mineiros, que faziam votos por sua saúde e sobrevivência no meio do trabalho penoso, motivou a criação de uma capela dentro da mina, que depois de sua deterioração foi substituída por uma catedral linda, ambas complemente construídas com pedras de sal.
Depois de quase uma hora de trajeto, o ponto final do itinerário é o grande altar, presidido por uma cruz de 15 metros, a maior do mundo situada nas profundidades, e onde grupos de música clássica ou culta ocasionalmente oferecem concertos.
Também é deslumbrante a majestuosa cascata de sal petrificada, formada em uma parede pelos processos de escorrimento ou filtragem através da montanha.
Do lado oposto ao caminho transitado pelos recém chegados, grupos de mineiros continuam o trabalho de extração, agora com outros métodos menos invasivos que permitem diluir em água os blocos para seu posterior processamento industrial.
Cerca de 127 operários moldaram durante três anos a maioria das cruzes, colunas, escadas e outras obras achadas dentro do lugar, foi uma tarefa titânica, comentou à Prensa Latina Miguel Vallejo, guia do peculiar lugar aberto ao público desde 1995.
Ainda que menos famoso, o Museu Arqueológico compete em originalidade e valor com a mina de sal e sua catedral, ao preservar curiosos rastros dos primeiros povoadores da Colômbia.