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quinta-feira, 25 abril, 2024

Até a Globo condena a submissão total de Bolsonaro aos EUA

Os principais colunistas do Globo foram escalados para condenar os sinais da política externa de Jair Bolsonaro, que indicam submissão total aos Estados Undios. “A transferência da sede da embaixada do Brasil para Jerusalém pode ter como efeito bumerangue a retaliação comercial dos árabes ao Brasil. Mas principalmente é ruim por significar um retrocesso no não alinhamento automático com os Estados Unidos,”, lembra Miriam Leitão. Segundo Merval Pereira, Bolsonaro se arrisca a “promover a importação de ódios e terrorismo”

Brasil 247 – O jornal O Globo, da família Marinho, decidiu criticar abertamente os primeiros sinais da política externa de Jair Bolsonaro, que indicam total submissão aos interesses dos Estados Unidos, com decisões como a mudança da embaixada do Brasil em Israel para Jerusalém, além do distanciamento em relação aos parceiros comerciais do Mercosul e da China.

Em artigo publicado nesta terça-feira, Miriam Leitão lembra que a tradição de governos militares, especialmente do general Ernesto Geisel, era defender interesses nacionais – e não rebaixar o Brasil ao posto de satélite dos Estados Unidos. “Geisel, em março de 1977, rompeu o acordo militar com os Estados Unidos assinado nos anos 1950. Era uma forma de o Brasil escolher seu caminho também nesta área. O então presidente chegou a pensar num rompimento de outros acordos, mas foi aconselhado pelos diplomatas a esperar a reação americana com cartas na manga. Tudo o que os Estados Unidos fizeram foi enviar o general Vernon Walters ao Brasil para tentar demover o país, missão que fracassou”, lembra a jornalista.

“A transferência da sede da embaixada do Brasil para Jerusalém pode ter como efeito bumerangue a retaliação comercial dos árabes ao Brasil. Mas principalmente é ruim por significar um retrocesso no não alinhamento automático com os Estados Unidos, um dos avanços conseguidos na diplomacia dos últimos governos militares. Só um país do mundo, a Guatemala, seguiu os Estados Unidos nessa decisão”, pontua ainda Miriam, que critica a adoção de uma política externa de ultra-direita.

Além dela, Merval Pereira também critica, em artigo, os movimentos iniciais de Bolsonaro. “É preocupante o rumo que Jair Bolsonaro parece querer imprimir à política externa, que poderá pôr em risco a credibilidade das instituições brasileiras e promover a importação de ódios e terrorismo, em vez de exportar concórdia, resultante do convívio harmônico entre judeus e árabes, de que o país é exemplo”, afirma.

“Além do mais, o presidente eleito terá que lidar com um problema adicional: a péssima imagem que tem no exterior, que contamina a do próprio Brasil. Seu futuro chanceler terá que ter credibilidade para reverter essa imagem, e suas ações contribuirão para facilitar ou dificultar o trabalho do futuro ministro das Relações Externas, que por isso mesmo precisa ser da carreira e com experiência para aguentar o tranco que vem por aí.”

Merval fala ainda de prejuízos econômicos que podem advir das decisões de Bolsonaro. “Desdenhar da China, nosso principal parceiro comercial, afastar-se do Mercosul bruscamente, menosprezar a Argentina como parceira regional importante, tudo parece improvisado e ditado por uma política ideológica de que o próprio presidente eleito acusa os governos anteriores”, diz ele.

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