Caracas, 16 May. AVN
Por: Yuleidys Hernández Toledo
“Por que olhas a palha que está no olho do teu irmão e não vês a trave que está no teu”, questionam na Bíblia os apóstolos Mateus e Lucas. Esta parábola poderia ser aplicada em relação à Colômbia e México, países que criticam e questionam as eleições na Venezuela, apesar de que nos dois países, onde também ocorrem eleições neste ano, foram registradas ameaças a presidenciáveis e dezenas de assassinatos de políticos.
Um total de 90 políticos, entre pré-candidatos, ex-prefeitos e militantes de partidos foram assassinados nos últimos oito meses no âmbito das eleições gerais que acontecem no México no dia 1º de julho. Enquanto na Colômbia três candidatos que disputam a presidência no dia 27 de maio receberam ameaças.
Apesar da violência política no México e Colômbia, nem o governo dos Estados Unidos (EUA), nem o secretário-geral da Organização dos Estados Américanos (OEA), Luis Almagro, nem a União Europeia exigiram a suspensão da votação, como fizeram na Venezuela.
Entrevistado pela Agência Venezuelana de Notícias, o internacionalista Luis Quintana, explicou que se trata de uma política de dupla moral com a Venezuela.
“Pretende-se julgar a Venezuela de forma permanente com o objetivo de deslegitimar tanto o processo como as autoridades deste processo eleitoral. Isso traz como consequência que se invisibilizam atos de violência em outros países e se pretenda destacar determinados aspectos da realidade venezuelana ou pretenda tergiversá-la como supostas carências democráticas, como supostas carências de um regime autoritário quando na realidade nao é assim”, disse Quintana.
O especialista afirmou que a Venezuela conta com garantias eleitorais em sua legislação interna. “Além disso, são disposições ou garantias que não estabelecem a maioria dos países da América Latina. Por exemplo há países como Chile, Brasil, Argentina que não admitem acompanhamento eleitoral internacional”.
No México, segundo a consultoria especializada em riscos e políticas públicas, Etellekt, 90 políticos foram assassinados desde que começou o processo eleitoral em setembro de 2017.
Entre as vítimas: 22 pré-candidatos, 15 ex-prefeitos, 13 secretários-municipais, 13 militantes de partidos, 10 prefeitos, sete dirigentes políticos, quatro candidatos, dos ex-secretários municipais, um deputado local, um representante municipal, um ex-síndico e um ex-deputado federal, publicou Hispantv no último 11 de maio.
Na terra de Emiliano Zapata, em 1º de julho serão eleitos 3.400 cargos públicos. Entre eles: um novo presidente. Outros 180 políticos sofreram agressões diretas, o que transforma esta eleição na mais sangrenta da história mexicana.
Já na Colômbia, os presidenciáveis Iván Duque (Centro Democrático), Gustavo Petro (Movimento Colômbia Humana) e Germán Vargas Lleras (Movimento Cidadão Melhor Vargas Lleras) receberam ameaças de morte.
Apesar destes fatos, o também professor de Geopolítica considera que os processos eleitorais nos dois países não devem ser questionados.
“Não creio que seja conveniente aplicar os mesmos critérios que aplicam contra nós, em qualquer caso as eleições do México e da Colômbia serão válidas se cumprem com as leis nacionais de seus países, e isso deve definir o povo da Colômbia e México, respectivamente. Assim como na Venezuela será o povo venezuelano que determinará”, disse.
Para Quintana, o ataque contra as eleições presidenciais e conselhos legislativos estaduais não tenta “desconhecer o resultado eleitoral, mas tirar o chavismo do poder. O objetivo é instalar na Venezuela um governo neoliberal que esteja subordinado aos interesses do mundo, isto é dos Estados Unidos, União Europeia, entre outros poderes”.
O internacionalista avalia que um grupo significativo de países vai respeitar os resultados eleitorais na Venezuela, enquanto outro grupo não vai mencionar os resultados. “Vão seguir mantendo relações normais como mantiveram até agora, e outros grupos de países sobretudo os vizinhos, com o apoio dos Estados Unidos e Europa não vão reconhecer os resultados, mas bom, isso não vai impedir que a Venezuela continue desenvolvendo o processo que vem ocorrendo nos últimos 20 anos”.
Foto: O candidato à presidência da Colômbia, Gustavo Petro, em comício improvisado após ser atacado por manifestantes / EFE