Valdrin Xhemaj/Agência Lusa
Pedro Pinho*
A guerra é o limite da racionalidade humana. Ocorre quando a capacidade de raciocinar, de argumentar não tem mais onde se escorar. Nada, que não seja a violência extrema, irá satisfazer.
Certamente era comum entre os caçadores coletores, pois seu estreito universo perceptivo e o pequeno domínio da fala os levavam a brigar ao invés de negociar.
Também as religiões, com as limitadas razões para fé, foram as grandes fontes de guerra na história. O que nos dá provas robustas o maior massacre da história universal, ocorrido entre as populações primitivas das Américas, em nome de Deus, como relatam Marcelo Grondin e Moema Viezzer (“O Maior Genocídio da História da Humanidade”, 2018). Os astecas, maias e incas foram reduzidos em 90% da população à época dos descobrimentos.
O grande assassino deste século são, indubitavelmente, as finanças apátridas. Não se pode atribuir hoje nem a um país, os Estados Unidos da América (EUA) ou ao Reino Unido (RU), ser a pátria do dinheiro, nem a uma etnia, a judaica, por exemplo, o controle da moeda.
São instituições residentes em paraísos fiscais, com dinheiro de todos os países e todas as raças, que comandam as guerras. Os países são os executores, e utilizam, para conquistar adesões, todo tipo de falácias e felonias, de suborno e corrupção.
Os judeus reclamavam da inexistência de uma terra para os acolher, desde muito antes do surgimento do nazismo. Não viam que, sua própria origem, se declarando o povo eleito de um Deus, que era só seu, já provocavam a exclusão e a cizânia entre os povos do Oriente Médio e norte da África. Situação que perdura ao longo da história ocidental, avança pela Idade Média, e culmina na Inquisição.
Foi um período realmente difícil para estes semitas. Porém, longe de buscar a integração, acentuaram as diferenças, aproveitando a proibição da usura para os católicos, para se tornarem os grandes financistas do início do capitalismo, os séculos XV e XVI.
Entram no absolutismo como credores dos reis, na aristocracia como financiadores dos nobres, e quando os Países Baixos e a Grã-Bretanha resolvem criar seus bancos nacionais, chamam os judeus para os orientarem por sua capacitação técnica; estes eram os mais importantes estados colonizadores na passagem dos séculos XVII a XIX.
Sob a ótica das religiões, continuaram um povo excludente, fechado, mas tiveram a companhia, no campo econômico, das designações protestantes, principalmente da matriz calvinista.
Ao crescimento do capitalismo sobem a religião judaica e protestante, cai a religião católica. O mundo custará a perceber, nas sociedades, as mudanças provocadas por esta alteração.
Hoje são as neopentecostais que promovem a nova ideologia triunfante no ocidente: o neoliberalismo.
E esta coexistência neopentecostal neoliberal atinge fortemente os valores que, de algum modo, eram mantidos pelo catolicismo e pelas designações protestantes mais antigas: luteranos, batistas, presbiterianos.
Vive-se o tempo das mensagens intencionalmente falsas (fake news), abunda a corrupção, e, neste contexto, as guerras usam os mais impensáveis pretextos para serem aplicadas.
Vejam-se as armas de destruição de massa no Iraque, a farsa do 11 de setembro de 2001, em Nova Iorque, a inexistente repulsa a Muammar al-Gaddafi, que transformara a Líbia no país de mais elevado Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) da África, e tantas outras farsas a provocarem guerra de rapina e destruição de governos neste século XXI.
E é neste contexto que deve ser analisado o genocídio dos palestinos em Gaza, que atinge agora os funcionários da ONU, e suas diversas Organizações especializadas, como os médicos da Organização Mundial de Saúde (OMS) e os profissionais da Agência da ONU para Refugiados (ACNUR).
UM GENOCÍDIO MUITO ALÉM DA CAUSA JUDAICA
A ação de Benjamin Netanyahu não é a da causa judaica. É das finanças apátridas, que lhe proveem de recursos para se manter na política, apesar dos crimes possivelmente já cometidos e impunes, pelos processos lentos dos julgamentos, e contra boa parte dos judeus em todo mundo, que desejam a convivência pacífica com os povos da Palestina, Jordânia, Síria e Líbano.
Quem ganha com as guerras? Aqueles que as financiam, os fabricantes de armas, os que pesquisam equipamentos e instrumentos de destruição de pessoas e bens, os que vivem da fome e da miséria dos povos. E quem são eles? Não os judeus, que já sofreram guerras e perseguições, menos ainda os palestinos que estão sendo expulsos das terras de seus ancestrais, nem aqueles que trabalham e esperam prosperar em seus países.
A guerra, hoje, neste século 21, é o resultado de uma civilização em crise, que já não consegue manter o nível que atingiu de produção e bem estar, cada mês menor do que o anterior, até que ao invés de conter imigrantes, conterá migrantes, buscando a florescente Ásia.
As instituições que os países buscam não são mais as que os EUA constituíram após a II Grande Guerra para expandir seu poder: o Fundo Monetário Internacional (FMI), o Banco Mundial (WB), a própria Organização das Nações Unidas (ONU), com um excludente Conselho de Segurança, que invalida a pseudo igualdade dos países membros. Os assassinatos dos funcionários da Agência para os Refugiados (ACNUR) pelos soldados de Netanyahu retratam a decadência da própria ONU. Além de constituir um crime inominável.
Os EUA, a Europa Ocidental em crise, a OTAN desmoralizada ao tentar enfrentar a Rússia, tudo que vem acontecendo nestes últimos 24 anos, conduzem para o novo mundo, sem guerra, aberto pela multipolaridade chinesa. Da Iniciativa do Cinturão e Rota (ICR), congregando contratos entre 150 países, e da Organização para Cooperação de Xangai (OCX), de apoio e aliança política, econômica e militar de países da Eurásia. Também dos BRICS, originalmente cinco, hoje com dez países e, provavelmente, até o próximo ano com mais 20, representando a verdadeira diversidade de culturas e objetivos nacionais.
Israel, com este governo, está representando o pior deste momento da sociedade humana: a guerra, o desrespeito pelas diferenças, o espalhar das mortes, doenças, miséria e desespero. E tudo para que? para manter um poder plutocrata decadente.
*Pedro Augusto Pinho, administrador aposentado.