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domingo, 19 outubro, 2025

As elites eurofóbicas tentam conduzir o continente à guerra

– É incrível que uma direção tão sinistra esteja a ser ditada de forma tão descarada por uma elite irresponsável em Bruxelas.

SCF [*]

A União Europeia, constituída por 27 nações, revelou esta semana um plano quinquenal de “preparação para a guerra” com a Rússia.

O chamado “Roteiro para a Prontidão de Defesa Europeia 2030” soa como um manifesto de guerra e uma profecia auto-realizável, colocando a UE numa rota de colisão desastrosa com a Rússia.

É incrível que uma direção tão sinistra esteja a ser ditada de forma tão descarada por uma elite irresponsável em Bruxelas. Há 85 anos, o Terceiro Reich tinha um plano para dominar a Europa através do domínio da União Soviética. A elite da UE está a dar continuidade a esse plano.

Quanto ao roteiro de “prontidão para a defesa” (ou seja, “prontidão para a guerra”), o futuro já está aqui, não daqui a cinco anos. A UE está atualmente em rota de desastrosa colisão com a Rússia.

Tal como os Estados Unidos, a União Europeia tem estado em guerra com a Rússia através do seu regime proxy na Ucrânia desde fevereiro de 2022 e, antes disso, desde o golpe de 2014 em Kiev.

Ao longo dos últimos quatro anos, a UE forneceu quase 180 mil milhões de euros do dinheiro dos seus contribuintes para armar o regime neonazista em Kiev. Como observámos no editorial da semana passada, essa vasta alocação (e desperdício) de recursos é muito maior do que os próprios países membros da UE receberam para desenvolver as suas economias e sociedades. Quando é que o público europeu teve a oportunidade de votar sobre isso? As decisões estão a ser tomadas por uma camarilha da elite.

Ao contrário da administração Trump, a União Europeia, sob a influência de russofóbicos radicais como a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, e a chefe dos Negócios Estrangeiros, Kaja Kallas, não demonstrou absolutamente nenhuma vontade de encontrar uma solução diplomática para o conflito na Ucrânia. Com honrosas exceções, a maioria dos governos europeus está a promover a histeria da guerra. O mesmo acontece com os media europeus, tal como os media americanos. A Rússia é o agressor maligno, sem diplomacia, sem diálogo com Moscou, sem rendição, e assim por diante. É uma guerra em piloto automático.

O bloco europeu, pelo menos a nível oficial, é completamente dominado pela propaganda da Otan e das agências de inteligência que retratam a Rússia como o inimigo. A CIA e o MI6 britânico estão, sem dúvida, a puxar os cordeirinhos e a Europa dança como um fantoche patético.

Na quinta-feira o presidente Donald Trump teve uma conversa telefónica de duas horas com o seu homólogo russo, Vladimir Putin, durante a qual os dois líderes concordaram em se encontrar em Budapeste nas próximas duas semanas. A reunião é uma continuação da cimeira em Anchorage, em 15 de agosto, para tentar acabar com as hostilidades na Ucrânia.

A liderança da UE opõe-se implacavelmente a qualquer diplomacia desse tipo. Ela ficou desconcertada com a reunião no Alasca porque Trump tratou Putin com diplomacia respeitosa. As notícias recentes sobre uma cimeira em Budapeste também estão enervando os líderes da UE. Eles estão a clamar para que Trump entregue mísseis de cruzeiro Tomahawk à Ucrânia, pelos quais eles pagarão. O objetivo é garantir que a diplomacia seja destruída.

Desde o golpe apoiado pelo Ocidente em Kiev, em 2014, a União Europeia passou por uma transformação retrógrada para se tornar um bloco militarizado definido por uma hostilidade obsessiva em relação à Rússia. A UE é cada vez mais um clone da aliança militar da OTAN. Historicamente, a União Europeia defendia a paz através do comércio e das relações comerciais com os países vizinhos. Pretendia-se que tivesse evoluído das cinzas da Segunda Guerra Mundial, garantindo que nunca mais haveria guerra no continente. Em 2012, o bloco recebeu o Prémio Nobel da Paz. Não que esse prémio signifique grande coisa, mas serve para ilustrar o absurdo.

Nos últimos meses, a UE fixou-se numa mentalidade de guerra febril. As economias das 27 nações são cada vez mais orientadas pela produção e pelos gastos militares. Todo o propósito do bloco está a ser definido como um confronto existencial com a Rússia. Parece significativo que Von der Leyen e o chanceler alemão Friedrich Merz tenham esqueletos nazis nos armários das suas famílias. Os Estados Bálticos, que emergiram como influências beligerantes na política da UE, também têm ligações nefandas com o passado nazista.

A mentalidade bélica atingiu o auge no discurso do Estado da União de Von der Leyen em 10 de setembro. Ela começou declarando que “a Europa está em luta” com a Rússia. Ela disse que era uma luta pela “liberdade e independência” e uniu a causa da UE com a Ucrânia contra a Rússia.

“A Europa deve combater… porque a liberdade da Ucrânia é a liberdade da Europa”, afirmou.

Von der Leyen, ex-ministra militar alemã e a mais alta funcionária da União Europeia, a qual não é eleita, estava a declarar que o bloco estava em guerra. Agora, não daqui a cinco anos.

Nos últimos meses, com ênfase cada vez maior, as agências de inteligência da UE (clones da CIA e do MI6) têm advertido da iminência de uma guerra com a Rússia – e tem havido um aumento suspeito de incursões de drones na Polónia, Estónia, Roménia e Dinamarca, as quais têm sido atribuídas à Rússia sem qualquer prova.

Ao mesmo tempo, líderes europeus e o chefe da NATO, Mark Rutte (ex-primeiro-ministro holandês e um clone dos mais abjetos que já houve), têm apelado a aumentos maciços nas despesas militares a fim de “combater a ameaça russa”. Em março, Von der Leyen acenou com o montante de 800 mil milhões de euros para gastos do bloco em “defesa”.

Em 2014, os gastos militares combinados da UE eram inferiores a 200 mil milhões de euros. Atualmente, são de 340 mil milhões de euros. Isso representa um aumento de 70% em uma década.

O roteiro divulgado esta semana certamente cumpre a cifra astronómica anteriormente apresentada por Von der Leyen. Está a planear um gasto total militar da UE de 800 mil milhões de euros – mais do que o dobro do nível atual e quatro vezes mais do que o nível gasto pela UE 10 anos atrás.

Isto é insano e insustentável. Se não provocar uma escalada para uma guerra total na Europa, o efeito menos danoso de tal militarismo desenfreado será a destruição das nações europeias devido ao colapso económico e político.

É evidente que foram tomadas grandes decisões à porta fechada para levar a UE numa direção de maior militarismo, em que as economias civis são transformadas em economias de guerra. Isso é uma ótima notícia para as corporações militares e os políticos que são patrocinados (subornados) por lobistas. Os cidadãos europeus são os perdedores e não estão a ser consultados sobre o seu destino. As suas sociedades estão a ser drenadas de recursos vitais, os quais são sugados pelo militarismo e investidores corporativos.

Para levar a cabo este grande roubo e burla, a UE confia em burocratas não eleitos como Von der Leyen, Kallas e Rutte para incitar a russofobia e os “medos da guerra”. A mídia desempenha o seu papel, espalhando propaganda de serviços secretos a fim de fabricar aquiescência pública.

No entanto, há uma resistência a esta loucura. A ascensão de partidos populistas (ou seja, mais representativos e democráticos) está a demonstrar desprezo pela antidemocrática classe dominante da UE. Os protestos em França que lançaram o governo no caos são motivados pela repulsa com os cortes económicos nos serviços públicos e nos direitos dos trabalhadores, enquanto Paris gasta milhares de milhões de euros a apoiar a guerra por procuração na Ucrânia.

Para seu crédito, os governos da Hungria e da Eslováquia estão a manifestar-se contra o belicismo da UE em relação à Rússia. Viktor Orbán e Robert Fico criticaram a militarização da Europa e apelam consistentemente à diplomacia com Moscovo.

É significativo que Trump tenha escolhido encontrar-se com Putin na capital húngara para a sua próxima reunião, presidida por Orbán, que descreveu o evento como “uma ótima notícia para quem quer a paz”.

A liderança europeia e da NATO está desgostosa por Budapeste ser o local escolhido, porque sugere seguir uma opção diplomática ao invés de uma política de guerra em piloto automático.

As elites eurofóbicas estão a tentar coagir o continente à guerra. Não veem outra forma de conduzir as relações internacionais. Comprometeram a UE com a guerra e com gastos ditatoriais com a guerra, o que é criminoso. Por isso, não podem permitir que a paz e a diplomacia tenham êxito, porque isso seria uma admissão do seu belicismo criminoso.

Mas o seu caminho conduz ao abismo.

19/Outubro/2025

[*] Strategic Culture Foundation.

O original encontra-se em strategic-culture.su/news/2025/10/17/five-years-until-war-with-russia-eu-already-at-war

Este editorial encontra-se em resistir.info

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