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domingo, 8 setembro, 2024

As civilizações mães da Humanidade (I)

Qualquer cínico diria que o homem só se tornou um ser civilizado quando se ligou à televisão, mas a verdade é que o fez muitos séculos antes, num período que se perde nas brumas do tempo.

Por: Alberto Salazar
Editor-chefe Ásia e Oceania

Os historiadores não concordam totalmente sobre o momento exacto em que isto ocorreu e concedem-se um intervalo tão amplo como 4000 DC a 476 DC, que chamam de Idade Antiga da História Universal.

Eles concordam – é claro – em considerar o homem “civilizado” baseado em estilos de vida sedentários e na prática da agricultura intensiva, e concordam em chamar de “civilizações antigas” aquelas que foram formadas desde a invenção da escrita no Oriente Próximo até a queda do século XIX. Império romano.

Isto sugere que as primeiras civilizações, a rigor, foram a da Suméria na Mesopotâmia (3.500 a 539 aC); a do Egito, no delta do rio Nilo (3.300 a 332 a.C.); o do Vale do Rio Indo (2.600 a 1.900 aC) e o da China Antiga (1.600 aC a 220 dC).

MESOPOTÂMIA ANTIGA

Instalados às margens dos rios Tigre e Eufrates (Mesopotâmia significa “terra entre rios”), os sumérios criaram engenhosos sistemas de irrigação através da construção de canais, o que representou um notável avanço tecnológico para o futuro das cidades antigas.

Além de serem uma importante civilização fluvial, também mudaram o curso da história com a invenção da roda e da escrita.

Durante mais de três mil anos, o povo da Mesopotâmia desenvolveu uma cultura rica que estabeleceu os primeiros impérios, leis e estruturas político-administrativas que estabeleceram os padrões a serem seguidos por muitas sociedades posteriores.

CIVILIZAÇÃO EGÍPCIA

Desenvolveu-se ao longo do Nilo durante mais de três mil anos e tornou-se uma sociedade altamente hierárquica graças – do ponto de vista material – à copiosa produção agrícola facilitada pela existência do rio.

Já por volta de 2685 a.C. o Egito contava com uma civilização consideravelmente desenvolvida, capaz de fundir metais para fabricar ferramentas, armas e ornamentos e possuir escrita hieroglífica, usada para preservar informações, documentar fatos históricos e escrever textos religiosos.

No período que vai do século 27 ao século 25 a.C., os egípcios construíram grandes pirâmides como as de Saqqara e Gizé, que ainda hoje são motivo de admiração. Seus legados também incluem o sistema de arado e um calendário de 365 dias.

Milhares de anos se passaram entre períodos de esplendor e instabilidade, marcados por mudanças de dinastia.

Em 332 a.C. o Egito foi conquistado por Alexandre, o Grande. Após sua morte, Ptolomeu assumiu o comando de seu território e estabeleceu uma dinastia que prevaleceria por 300 anos, até a conquista romana em 30 AC.

CIVILIZAÇÃO DO VALE DO INDUS

Foi a primeira sociedade urbana antiga desenvolvida no subcontinente indiano e, juntamente com as da Mesopotâmia e do antigo Egito, uma das três civilizações mais antigas da história.

É também conhecida como Cultura Harappa devido ao nome da primeira das suas grandes cidades, cujo nível de sofisticação foi revelado pela existência de luxuosos palácios, edifícios e banhos públicos.

Apesar do seu elevado nível de desenvolvimento, a civilização do Vale do Indo sofreu uma fase de declínio que levou ao seu desaparecimento no II milénio a.C., invadida por tribos nómadas provenientes das estepes eurasiáticas.

Acredita-se que seus habitantes eventualmente se misturaram com os ocupantes indo-europeus e resultaram na evolução da cultura indiana baseada nos textos védicos que conhecemos hoje.

CHINA

As origens da civilização chinesa remontam ao povoamento de aldeias nas bacias dos rios Amarelo e Yangtze, por volta de 2.000 aC.

Segundo alguns estudiosos, o primeiro deles foi Xia, mas outros consideram-no uma lenda e apontam para o chamado Shang (1600 a.C.-1046 a.C.), do qual existem claros registos arqueológicos.

Já naquela aldeia são reconhecidas as características civilizacionais de uma sociedade hierárquica: agricultura, metalurgia e um tipo de escrita esculpida em ossos de animais e provavelmente utilizada para fins de adivinhação.

Durante a dinastia Zhou (1046 a.C.-256 a.C.) surgiram correntes de pensamento que teriam grande influência nos modos de raciocínio dos povos orientais: o confucionismo e o taoísmo.

Depois o território da China passou por um período marcado pelas lutas de vários senhorios até que finalmente a dinastia Qin unificou todos os reinos e os transformou na primeira dinastia imperial.

Após uma sucessão de batalhas pelo poder, em 206 a.C. a dinastia Han emergiu vitoriosa, estabelecendo um estado de estilo confucionista, expandindo o território sob seu comando e promovendo uma prosperidade económica que durou 200 anos. Hoje, o maior grupo étnico da China é o Han.

Normalmente, quando se fala em civilizações-mãe, também se menciona Grécia e Roma, no Ocidente, e as culturas andina e mesoamericana do lado oposto do planeta, mas essas são outras histórias das quais falaremos na segunda parte desta série .

Colaboraram neste trabalho:

Amélia Roque
Editora Especial Prensa Latina

Laura Esquivel

Editora Web Prensa Latina

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