Foto: Adrián Pérez
Alba Gonzáles – Direto de Buenos Aires
Milei, presidente da república, disse abertamente algo gravíssimo: “gostaria de colocar o último prego no caixão do kirchnerismo com a Cristina dentro”.
Cristina lhe respondeu por rede X: “então, agora você quer também me matar? Mesmo que me matem e de mim não sobrem cinzas, o teu governo é um fracasso e você, como presidente, é uma vergonha”.
O pronunciamento de Milei gerou um repúdio generalizado da oposição no Legislativo, de vários dirigentes políticos, sindicais do peronismo e fora dele em solidariedade a Cristina Kirchner; alguns, como o senador Carlos Linares (UP), chamam o Congresso a acionar um julgamento político ao presidente. Falas presidenciais como essa, atuam como instigação à violência social. Há denúncias de antecedentes como o clima midiático gerado por redes libertárias ou manifestações de jovens da LLA (Liberdade Avança) induziu ao atentado à ex-vice-presidenta Cristina em 2023. Isso, considerando que a “Justiça” pouco tem feito para ir às raízes e condenar os responsáveis do crime, num país onde o poder Judiciário tem dado respaldo ao Executivo sem atuar com independência e cumprir normas constitucionais. Muito diferente do Brasil onde o STF anula as condenações da Lava Jato.
As mobilizações estudantis têm sido exemplar. Por todo o país, centenas de ocupações de Faculdades públicas por estudantes e professores exercendo aulas e assembleias ao ar livre. Um elemento de resistência pacífica e esperança para falar com a sociedade e impedir retrocessos fatais. Apesar, das tentativas de provocação e infiltração de militantes de direita do LLA em assembleias estudantis em Quilmes, possuídos de gás lacrimogênio, justificados pelos discursos da ministra de segurança Patricia Bullrich; mesmo assim, os jovens das universidades públicas não se intimidaram e realizaram cerca de 100 aulas na terça-feira, 22 de outubro, ao ar livre na Praça de Maio, contra o veto presidencial que cortou o financiamento estatal. Nesse dia, Milei (ignorando-os, ou provocando) saiu ao balcão da Casa Rosada com alguns membros do governo para comemorar seu aniversário, dirigindo o seu olhar perdido rumo ao céu. Os estudantes interromperam a paz das aulas abertas e passaram a protestar-lhe aos gritos: “Universidade é dos trabalhadores! E quem não gosta, se fode, se fode!
Atitudes presidenciais como essa, foram alvo do pronunciamento do ator, diretor e produtor, Norman Briski, durante a entrega do prêmio “Martin Fierro de cinemas e artes” (que repercutiu por suas críticas, entre outras, ao massacre em Gaza) que falou sobre a ficção: “a ficção é uma fotografia da realidade. Nos estão afanando a ficção. A ficção está na Rosada!”. Por suas palavras, o ator recebeu denuncia judicial, repudiada por várias forças democráticas.
Além do recente veto do Milei à lei de financiamento das Universidades Públicas, continuam medidas para deter o protesto de reitores e professores (estes, com salários já rebaixados de 45%). O governo, persegue e ordena uma auditoria sobre as Universidades através de um organismo legalmente não adapto (SIGEN). Os reitores denunciam judicialmente tal medida. Enquanto isso, os sindicatos dos trabalhadores estatais entram em greve, e se somam à greve geral nacional da 4ª. Feira, dos trabalhadores dos trens, metrô, taxis, aviões e alfândega. Haverá, simultaneamente, greve dos professores e funcionários das universidades apoiados pelas duas CTAs da área educativa. Na 5ª. Feira será o dia da paralisação dos ônibus contra cortes de subsídios e aumento de bilhetes impagáveis para a população. Soma-se na 6ª feira o apagão sincronizado de moradores contra o aumento das tarifas de luz.
Foto: site da ambito.com