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terça-feira, 10 setembro, 2024

Apresentado no Chile o plano de busca de mais de mil desaparecidos

Santiago do Chile (Prensa Latina) Os defensores dos direitos humanos saudaram o Plano Nacional de Busca de Detidos e Desaparecidos durante a ditadura, apresentado nesta quarta (30) pelo governo chileno 50 anos após o golpe.

O programa, assinado pelo presidente, Gabriel Boric, e pelo ministro da Justiça, Luis Cordero, visa esclarecer as circunstâncias e o destino das vítimas deste crime contra a humanidade.

Num ato na Plaza de la Constitución, em frente ao Palácio de La Moneda, Boric declarou que a partir de agora o Estado assume a responsabilidade coletiva e institucional pela busca dos desaparecidos, algo que na época os familiares assumiam sozinhos. das vítimas.

Estou convencido de que a única possibilidade de construir um futuro mais livre e mais respeitador da vida e da dignidade humana é conhecer toda a verdade, disse Boric.

Lembrou que nos 17 anos de ditadura (1973-1990) cerca de 1.500 pessoas foram submetidas a esta forma de violência extrema e brutal e o paradeiro de 1.159 ainda é desconhecido.

Em declarações à Prensa Latina, a presidente da Associação de Familiares de Executados Politicamente, Alicia Lira, considerou o lançamento do plano um acontecimento inédito, já que nenhum governo desde o retorno à democracia tornou visível esta questão ética, política, moral e de Justiça.

É um avanço importante utilizar os mecanismos do Estado para cumprir uma dívida não só com os familiares e as vítimas, mas também com toda a sociedade, disse.

Ele lembrou que já se passaram 50 anos e as famílias ainda não puderam vivenciar o luto.

A Universidade do Chile entregará em breve a Medalha Direitos Humanos e Futuro a Alicia Lira pela primeira vez, em reconhecimento ao seu trabalho em defesa das prerrogativas cidadãs.

Entrevistada por esta agência, Mónica Díaz, presidente da Associação de Familiares dos Detidos Politicamente Executados e Desaparecidos de Antofagasta, agradeceu ao Governo a disponibilidade para levar a cabo este plano e manifestou a sua esperança na resolução destas questões pendentes.

No entanto, alertou que para que se concretize, algumas instituições devem dizer onde estão os restos mortais dos camaradas executados.

Enquanto não houver vontade política é difícil avançar, mas temos esperança de que esse diálogo aconteça, afirmou.

Mónica lembrou que alguns dos seus colegas não foram encontrados porque foram atirados ao mar, mas considerou importante saber a verdade do sucedido até ao último minuto da vida deles.

O plano de busca insere-se nas atividades comemorativas que assinalam meio século do golpe de Estado contra o governo de Unidade Popular, chefiado por Salvador Allende.

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