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sexta-feira, 14 março, 2025

Angola, um capítulo cativante da colaboração cubana em África

Luanda (Prensa Latina) A cooperação médica de Cuba em Angola constitui hoje um capítulo cativante de colaboração em África, segundo o Ministro da Saúde da nação caribenha, José Angel Portal.

Por Karina Marron

Correspondente-chefe em Angola

O ministro, que visitou Angola à frente de uma delegação convidada pelo presidente, João Lourenço, para participar na inauguração do hospital geral do Cuanza Sul, que leva o nome do comandante Raúl Díaz-Argüelles, conversou com a Prensa Latina sobre o trabalho de Profissionais de saúde cubanos nesta região.

“É impossível falar da cooperação médica cubana e não o fazer dos laços que se desenvolveram com a África, carinhosos e muito profundos, pois foi através deste continente que começou a própria história humana da colaboração cubana no campo da saúde,” ele enfatizou.

Portal recordou o início em 1963, quando 55 profissionais do sector chegaram à Argélia como parte da primeira brigada médica em Cuba que prestou serviço a outras cidades, à qual se seguiria, nessa mesma década, o envio de colaboradores para Conacri. e Tanzânia, atingindo 398.

Desde esses primeiros momentos nunca mais parou, observou o ministro, o que quis dizer que em 10 anos os profissionais já estavam presentes em outras 13 nações africanas e do número inicial passaram para 5.193 cooperadores.

Aludiu a marcos decisivos, como o início do Programa Integral de Saúde (PIS), em 1998, concebido após a destruição causada pelo furacão Mitch em vários países da América Latina e do Caribe, destinado a levar serviços às áreas rurais onde o trabalho dos cubanos não interfira com os médicos locais.

No âmbito do PIS, Cuba estendeu a colaboração a outros países do continente, explicou, acrescentando que isso permitiu que 7.335 colaboradores estivessem em 27 nações africanas no final do século passado.

“Atualmente, 3.633 colaboradores cubanos da saúde estão em 27 países africanos, dos quais 2.354 são médicos. Isto significa que atualmente os nossos colaboradores estão presentes em 50 por cento dos países africanos”, comentou Portal.

Acrescentou que, em geral, mais de 50 mil trabalhadores humanitários vieram a estas terras para salvar vidas e prestaram a sua ajuda em 42 nações.

SOLIDARIEDADE ACIMA DE TUDO

Portal destacou dois momentos que são expressão do espírito de solidariedade que anima a cooperação em África.

A primeira foi a participação dos membros do Contingente Internacional de Médicos Especializados em Situações de Desastres e Epidemias Graves “Henry Reeve”, que, em 2014, se juntaram à luta contra o Ébola na Serra Leoa, Libéria e Guiné Conacri.

Destacou o profissionalismo e o compromisso com a vida dos 255 membros daquele contingente que, apesar dos riscos envolvidos, responderam ao apelo para responder à extensa e devastadora epidemia.

Este trabalho foi reconhecido em 2017 pela Organização Mundial da Saúde, que atribuiu o Prémio Dr. Lee Jon-Wook à Brigada Henry Reeve, pelo seu contributo para a Saúde Pública.

O segundo momento, indicou o Portal, ocorreu durante a pandemia da Covid-19, quando os membros do Contingente regressaram ao continente africano e um conjunto de 716 colaboradores, organizados em 12 brigadas, prestaram serviços no mesmo número de países.

Cuba também tem desempenhado um papel importante na preparação dos recursos humanos africanos, dentro e fora das suas fronteiras, acrescentou o responsável pela Saúde.

“Foi em 1975, na cidade de Aden, então capital do Iêmen do Sul, onde começou a formação de médicos no exterior com a assessoria de professores cubanos e a utilização de nossos programas de estudos”, exemplificou, e lembrou a criação de centros médicos escolas no exterior.

“No âmbito do Programa de Formação de profissionais de outras nações, na cidade de Jimma, na Etiópia, foi inaugurado o primeiro deles em 1984. Aliado a isso, tanto nas universidades cubanas de Ciências Médicas como na Escola Latino-Americana de Medicina, formaram-se 10.631 profissionais africanos”, observou.

Portal destacou que, independentemente dos desafios a enfrentar, Cuba estará sempre ao lado de África enquanto precisar de nós.

ANGOLA NO CENTRO DA COOPERAÇÃO

A ministra da Saúde, que chegou a solo angolano no dia 20 de Outubro e partiu imediatamente para a província do Cuanza Sul, disse à Prensa Latina como foi especial visitar este país pela segunda vez, mas desta vez com tempo para conhecer o desenvolvimento. política nacional de saúde e chegar aos colaboradores cubanos em vários cantos desta geografia. O programa, que se estendeu até 29 de Outubro, além da inauguração do moderno hospital que leva o nome do primeiro chefe da missão militar cubana em Angola que aqui perdeu a vida em 1975, incluiu visitas a outras instituições de saúde e locais históricos.

Portal considerou um privilégio ter visitado locais que marcaram a história comum dos dois países, como Ebo, onde caiu Díaz-Argüelles, Sumbe, Cuito Cuanavale, cenário da vitória que mudou o rumo da história da África Austral, e Cabinda, espaço de uma batalha decisiva pela independência de Angola.

Em todos esses lugares esteve acompanhado por um grupo de combatentes da nação caribenha, protagonistas daqueles acontecimentos históricos, que lhe permitiram reviver passagens que consolidaram a irmandade entre as duas nações e povos.

Também pôde apreciar os avanços do país na saúde, com a abertura de hospitais com tecnologia de ponta e condições excepcionais para prestar um atendimento de qualidade à população.

No Cuanza Sul, Cabinda e Cuito Cuanavale, o ministro conversou com os trabalhadores humanitários cubanos, que cumprimentou um a um e indagou sobre as suas dificuldades, situação familiar ou o possível impacto das recentes chuvas no leste do país no seu entorno imediato.

Do mesmo modo foi feito em Luanda com as brigadas que trabalham no Complexo Hospitalar de Doenças Cardiopulmonares Cardeal Dom Alexandre do Nascimento, no Instituto Hematológico Pediátrico Dra.

O encontro com a história de amizade entre Angola e Cuba desde 1975 até à atualidade reafirmou no Portal a convicção de que cabe às novas gerações não deixar morrer este legado, que deve ser preservado e valorizado.

Isto foi expresso em todos os lugares onde esteve, onde ratificou o compromisso cubano com a cooperação sanitária em território angolano, que teve diferentes modalidades, mas foi sustentada ao longo do tempo.

“São mais de 16 mil colaboradores que passaram por esta nação irmã, a maioria médicos de diversas especialidades”, disse a ministra da Saúde, que recordou a chegada da primeira brigada em 1976, composta por 141 colaboradores.

Desde 1991, está cooperação é feita através da Antex SA Corporation, explicou, e marcou como um marco importante a extensão aqui, em 2008, dos benefícios da Operação Milagre, que incluiu a abertura de uma clínica oftalmológica em Benguela com equipamentos doado por Cuba.

“Nesse âmbito, foram tratados 53.039 pacientes. Ao final da Operação Milagre, o pessoal cubano continuou realizando operações oftalmológicas e hoje são cerca de 60 mil pessoas beneficiadas”, disse.

Lembrou ainda a chegada em 2020 de 205 colaboradores do Contingente Henry Reeve para contribuir no combate à pandemia da Covid-19, a pedido do Governo angolano.

“Atualmente são 1.243 colaboradores que prestam os seus serviços”, comentou Portal e destacou não só o trabalho na área da saúde que realizam, mas também o trabalho docente que boa parte deles desempenha em diversos cantos do país, em resposta à prioridade que o governo executivo angolano e o Ministério da Saúde local concedem a formação de profissionais.

A isto somam-se os jovens que estudam nas universidades de Ciências Médicas de Cuba, nesta altura 52, embora historicamente nelas se formaram 1.646 profissionais de saúde, alguns dos quais com responsabilidades no desenvolvimento do sistema de saúde angolano, como observou Portal durante a sua visita.

O ministro destacou que o Memorando de Entendimento entre a Agência Reguladora de Medicamentos e Tecnologias em Saúde (Armed) e o Centro de Controle Estatal de Medicamentos, Equipamentos e Dispositivos Médicos de Cuba (Cecmed), é mais uma oportunidade para ampliar esses vínculos.

“O objetivo fundamental é estabelecer uma cooperação mutuamente benéfica no domínio da regulação e regulação farmacêutica, mas entre outros aspectos, o documento apoia a formação de profissionais de saúde em áreas como ensaios clínicos, controlo de qualidade e requalificação sanitária de produtos”, comentou.

Podem também preparar-se em logística farmacêutica, farmacoepidemiologia e farmacoeconomia, bem como assistência técnica e intercâmbio de especialistas em diversas áreas, acrescentou.

“É interesse de Cuba e de Angola continuar a aumentar e reforçar a colaboração no domínio da Saúde e ratificamos isso em vários cenários. A recente inauguração do moderno hospital no Cuanza Sul é um exemplo fiável disso”, considerou Portal.

Estamos convencidos de que o lançamento desta instituição moderna fortalecerá muito o cuidado à população angolana, disse, e destacou que a defesa da vida é precisamente a essência da colaboração sanitária que a nação caribenha leva aos mais diversos locais do país. planeta.

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