O Almirante Othon Luiz Pinheiro da Silva recebeu na manhã desta quinta-feira, dia 12, a Medalha Henrique Morize, concedida pela Academia Brasileira de Ciências. É a principal comenda da instituição e leva o nome do seu do fundador. O almirante foi um dos idealizadores do submarino nuclear brasileiro e é reconhecido mundialmente pelos seus conhecimentos na área. Uma presença de destaque foi a do atual comandante da Marinha, almirante Marcos Olsen. O presidente do Clube de Engenharia, Francis Bogossian e a vice, Olga Simbalista, representaram a entidade no evento.
Considerado o pai do programa nuclear brasileiro, o Almirante Othon prepara um livro de memórias, em que vai narrar não só pontos de sua biografia como importantes episódios da saga nacional pelo domínio do ciclo de enriquecimento do urânio e de seu emprego como energia. Será uma oportunidade para revelar fatos históricos, detalhar avanços científicos e apresentar sua posição com relação ao processo que o levou à prisão por 601 dias, quando começou a escrever o livro.
Graças ao empenho do almirante e de centenas de engenheiros e técnicos que trabalharam no projeto desenvolvido em conjunto entre a Marinha e o Instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares (IPEN) da Universidade de São Paulo (USP), o Brasil entrou para o rol dos poucos países que dominam a tecnologia de enriquecimento do mineral. É um processo por ultracentrifugação, considerado até mais avançado do que o de outras nações. A época que estudou no Massachusetts Institute of Technology (MIT), nos Estados Unidos, despertou nele o interesse por buscar um modelo mais eficaz.
Por sua ousadia e pela notória oposição dos Estados Unidos a que outros países obtenham avanços científicos no campo nuclear, o Almirante Othon conta que passou a ser uma espécie de persona non grata para Washington. Também teria contribuído para isso, sua oposição a que o Brasil assinasse um termo adicional ao Tratado de Não-Proliferação de Armas Nucleares, proposto na época pelo governo Barack Obama.
O Almirante Othon chegou a ser condenado a 43 anos de prisão. Porém, em março de 2022, o Tribunal Regional Federal da 2ª Região reduziu a pena para quatro anos, dez meses e dez dias de prisão. Othon Luiz Pinheiro da Silva é ex-presidente da Eletronuclear e foi arrolado no processo conhecido como “Operação Radioatividade”.
A homenagem é feita dez anos depois do início dos trabalhos da “Operação Lava Jato”, cujos tentáculos o alcançaram em plena atividade para viabilizar o submarino nuclear destinado ao patrulhamento da costa marítima brasileira após a descoberta do pré-sal.
Na época, a ramificação da Lava Jato anunciou que havia desvendado “um esquema de corrupção nas obras de construção da usina nuclear de Angra 3”. O almirante foi preso em junho de 2015 em consequência dessa trama. Após a decisão do TRF-2, a pena de reclusão foi substituída por duas restritivas de direitos. O julgamento da 1ª Turma Especializada do TRF-2, que reduziu sua pena, foi concluído em 31 de março de 2022. Ele ainda luta na Justiça e aguarda o arquivamento.
Fonte: Clube de Engenharia do Rio de Janeiro