
O resgate da memória, apesar de ser muitas vezes uma operação dolorosa, proporciona um componente crucial na construção da identidade coletiva, na definição dos rumos da instituição e no direcionamento do olhar. Uma mulher de três olhos que pode ver as coisas passadas, presentes e futuras é assim que Tomás de Aquino simboliza a memória. Com um dos olhos voltados ao passado, ganhamos um pouco de sabedoria e de prudência.
A Favela do Esqueleto, “uma das maiores e mais emblemáticas do Rio”, foi desocupada manu militari em 1965. A brasa que lhe deu vida foi soprada pela antropóloga e coordenadora de núcleos de pesquisa Letícia de Luna Freire, docente da Faculdade de Educação. Ela buscou textos oficiais e acadêmicos, ouviu os ex-moradores e reconstituiu a vida local, sua remoção, a intimidação, a violência, mas também a resistência. No espaço da comunidade, vítima da barbárie, foi erguido um monumento de cultura.
Com apoio de Jaurés, nos próximos capítulos sopraremos brasas ao som do Hino da UEG, musicado pelo maestro Armando Prazeres com letra de João Lyra Filho. A poesia está no DNA da família. Seu irmão, general Aurélio de Lyra Tavares, presidente da Junta Militar Ditatorial em 1969, compôs a Canção da Engenharia do Exército Brasileiro, o que serviu de pretexto para a Academia Brasileira de Letras (ABL), que puxava o saco dos militares, lhe conceder uma cadeira fazendo Machado de Assis tremer de vergonha em sua sepultura. Poemas assinados com o pseudônimo de Adelita – as iniciais de seu nome – foram ridicularizados pelos “comunistas”.