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sexta-feira, 29 março, 2024

A tentativa de Biden de liderar luta contra crise climática

Biden anunciou retorno ao Acordo de Paris já em seu primeiro dia no cargo

DW Cúpula virtual convocada pelo presidente americano reúne 40 líderes internacionais e proclama retorno dos EUA à linha de frente no combate ao aquecimento global. Olhos estão particularmente voltados para China e Brasil.

Apenas três meses após tomar posse, o presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, reúne nestas quinta (22/04) e sexta-feira 40 líderes internacionais numa cúpula virtual sobre o clima, proclamando um retorno dos EUA à linha de frente na luta contra as mudanças climáticas em meio a crescentes preocupações com o rápido aquecimento do planeta.

Após os Estados Unidos afastaram-se do Acordo de Paris e das preocupações em relação ao aquecimento global durante o governo do ex-presidente Donald Trump, Biden anunciou o retorno ao acordo global sobre o clima já em seu primeiro dia no cargo.

Antes da abertura da Cúpula de Líderes pelo Clima, a Casa Branca anunciou que Biden se comprometerá a cortar as emissões dos EUA de gases causadores do efeito estufa em ao menos pela metade até 2030.

Biden afirmou esperar que o novo objetivo americano incentive outros líderes a estabelecer metas mais ambiciosas de corte de emissões, que têm acelerado as mudanças climáticas num ritmo sem precedentes, segundo um representante da Casa Branca.

Às vésperas da cúpula, a União Europeia (UE) chegou a um acordo para reduzir em pelo menos 55% as emissões até 2030, em comparação com valores de 1990.

Biden convidou para a cúpula os líderes dos 17 países responsáveis por cerca de 80% das emissões globais de gases do efeito estufa e do PIB mundial. Biden convidou tanto líderes de países que demonstraram uma “forte liderança climática” quanto de países especialmente vulneráveis às alterações climáticas, anunciou a Casa Branca.

Além da União Europeia foram convidados representantes do Brasil, da China, Índia, Canadá, Rússia, Reino Unido, Alemanha e África do Sul, entre outros.

Ceticismo em relação a Bolsonaro

Além dos presidentes russo, Vladimir Putin, e chinês, Xi Jinping, Bolsonaro vai discursar nesta quinta-feira na cúpula, assim como o presidente da França, Emmanuel Macron, o primeiro-ministro do Reino Unido, Boris Johnson, o primeiro-ministro da Itália, Mario Draghi, e a chanceler federal da Alemanha, Angela Merkel, entre outros líderes.

Sob Bolsonaro, desmatamento, queimadas e crimes ambientais na Amazônia chegaram a índices alarmantes. E esse cenário não gera expectativas positivas, apesar dos sinais vindos do Planalto de que o Brasil se venderá ao mundo e a Biden como comprometido com o meio ambiente .

Bolsonaro enviou na semana passada uma carta de sete páginas a Biden, na qual se comprometeu a acabar com o desmatamento ilegal no Brasil até 2030. O presidente também reiterou o pedido de apoio internacional para alcançar metas de redução de emissões.

Na campanha eleitoral à Casa Branca, Biden propôs que países forneçam ao Brasil 20 bilhões de dólares para combater o desmatamento e disse que o país deve sofrer repercussões se falhar esse objetivo. Na época, Bolsonaro classificou os comentários de Biden como “lamentáveis” e “desastrosos”.

Na última sexta-feira, John Kerry, enviado para o clima do governo Biden pediu que Bolsonaro tome “ações imediatas” contra o desmatamento, e disse esperar que o governo brasileiro atue ao lado das comunidades indígenas e da sociedade civil nas questões ambientais.

Também na última sexta-feira, um grupo de senadores democratas enviou uma carta ao presidente americano criticando o péssimo histórico ambiental de Bolsonaro e pedindo a Washington que condicione qualquer ajuda financeira à redução do desmate na Amazônia.

Além de Bolsonaro, foi convidada para a Cúpula de Líderes pelo Clima Sinéia Wapichana, do Conselho Indígena de Roraima (CIR), da Terra Indígena Raposa Serra do Sol.

Olhos voltados para a China

Com Putin e Xi Jinping, o presidente americano conseguiu que dois dos maiores emissores do mundo, Rússia e China, embarcassem nas discussões da cúpula.

Antes do evento, Putin – alvo de críticas do governo Biden em relação à suposta interferência eleitoral de Moscou e ao tratamento dado ao oposicionista Alexei Navalny –  afirmou que a Rússia, o quarto maior emissor do mundo, “deve responder aos desafios da mudança climática”.

A China, por sua vez, é de longe o maior produtor de CO2 do mundo e, ao lado dos EUA, emite cerca de metade da poluição responsável pelas mudanças climáticas.

O representante especial dos EUA sobre mudanças climáticas, John Kerry, que visitou a China na semana passada, enfatizou nesta quarta-feira em entrevista ao jornal The Washington Post que não há como resolver a questão do aquecimento global sem o envolvimento do país asiático, independentemente das diferenças com Washington em outras áreas.

Kerry afirmou que a China decidiu assinar o comunicado conjunto que será divulgado após a reunião, que reconhecerá a mudança climática como uma crise global. O governo chinês, por sua vez, confirmou que que XI fará um “discurso importante” no evento.

“A China usou pela primeira vez a palavra crise”, ressaltou o ex-secretário de Estado, que espera que o presidente chinês faça um anúncio sobre “o que vai fazer para enfrentar este desafio imediato de agora até 2030”.

Kerry acrescentou que Biden está procurando “aumentar a ambição globalmente”, com o olhar voltado mais para 2030 do que para 2050. “Tenho ouvido muitas pessoas assinando zero emissões até 2050, e as elogio, isso é essencial. Mas ainda faltam 30 anos”, disse Kerry, para quem o prazo deve ser mais ambicioso.

O representante americano advertiu que, se os países não se comprometerem a reduzir suas emissões dentro de nove anos e o aumento da temperatura da Terra não for mantido abaixo de 1,5 grau Celsius, será difícil zerar as emissões em 2050.

O primeiro dia da Cúpula de Líderes pelo Clima coincide com o Dia da Terra, criado em 1970 com o objetivo de promover a conscientização sobre problemas ambientais.

lf (Efe, Lusa, AFP, AP)

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