A Tarifa de 100% de Trump: chantagem imperialista e a força do BRICS

Wagner França*

A especulação de Donald Trump barrar o avanço do BRICS é uma estratégia falha, que ignora a resiliência do Brasil e a busca por alternativas econômicas globais.

A proposta de Donald Trump de implementar uma tarifa de 100% sobre os produtos dos países do BRICS — Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul — é uma tentativa de pressionar economicamente o bloco, em resposta ao seu crescente poder no cenário global. Essa medida vai além de uma simples estratégia fiscal, sendo, na verdade, uma tentativa de desacelerar o fortalecimento de um bloco que busca alternativas ao sistema financeiro dominado pelos Estados Unidos. O BRICS tem se posicionado como uma plataforma para economias emergentes, buscando reduzir a dependência do dólar e das potências ocidentais.

A ideia de taxar os produtos do BRICS é uma ação tradicional de governos imperialistas, como os Estados Unidos, que frequentemente utilizam a chantagem econômica para manter seu domínio sobre países emergentes. Essa estratégia visa intimidar os países do bloco, limitando seu crescimento e tentando evitar que busquem novas alianças comerciais e financeiras. O BRICS, ao criar alternativas ao sistema financeiro global, como o Novo Banco de Desenvolvimento e as reservas contingentes, tem incomodado as potências ocidentais, que vêem sua hegemonia ameaçada.

Além disso, a tarifa de 100% teria consequências devastadoras para os países do BRICS, especialmente para o Brasil, cuja economia depende fortemente da exportação de commodities. Com a elevação dos preços desses produtos, a competitividade do Brasil no mercado global seria prejudicada, afetando diretamente o crescimento de sua economia e suas relações comerciais. Isso geraria um impacto negativo, principalmente nos pequenos e médios produtores, que são mais vulneráveis a mudanças nas políticas externas.

A proposta de Trump também reflete a dependência mútua entre os Estados Unidos e os países do BRICS. Embora o bloco tenha se fortalecido, a economia norte-americana ainda depende do comércio com esses países. A imposição de tarifas tão altas poderia gerar uma guerra comercial de grandes proporções, com consequências negativas para ambas as partes. Isso poderia acelerar o processo de criação de alternativas econômicas fora do controle dos Estados Unidos, ampliando a influência do BRICS.

Por fim, a tarifa de 100% é mais do que uma estratégia de disputa comercial: é uma chantagem direta, típica dos governos imperialistas que buscam manter sua hegemonia econômica. No entanto, a chantagem não terá efeito sobre o Brasil, que conta com uma liderança forte, como a da presidenta Dilma Rousseff, uma pessoa que já enfrentou desafios imensos, inclusive a tortura durante a ditadura militar. Sua resistência e firmeza diante de adversidades históricas mostram que os ataques econômicos não irão impedir o Brasil de continuar seu caminho de soberania e de consolidar a importância do BRICS como uma alternativa para o futuro econômico global.

*Wagner França é jornalista e produtor cultural