A banca busca seus recursos na corrupção e na fraude.
Pedro Augusto Pinho*
Todos sabemos que o sistema financeiro, que denomino ”banca”, se apropriou do poder mundial a partir de 1990. E vem conquistando não apenas os setores econômicos mas todas as áreas da ação humana inclusive se apossando de governos nacionais.
Também tenho analisado a ação da banca e a designado como um poder corrupto. E não é difícil chegar a esta conclusão. A banca nada produz que seja vendido com lucro e assim veja aumentar seu patrimônio.
A banca, dirão os clássicos e ortodoxos, financia a produção. É uma visão que, como a competição no mercado, não encontra suporte na realidade. Os mercados todos tendem ao monopólio e, quando se torna difícil, aos oligopólios.
A banca busca seus recursos na corrupção e na fraude.
Vejamos um caso bastante conhecido: a fraude fiscal. A banca usa seu poder corruptor para não pagar os impostos que lhe deveriam ser imputados. Ora pelo legislativo, com leis de exceção, ora pelo judiciário, com sentenças compradas, ora pelo executivo que não cumpre seu dever fiscalizador.
Assim, os governos ficam sem recursos para cumprir suas obrigações mínimas de segurança, pública e nacional, de atendimento social aos desvalidos, de dotar o País de infraestrutura de energia, transporte, comunicação e de serviços próprios dos estados. Sem estes recursos, os governos passam a emitir títulos de dívida, avidamente adquiridos pelo sistema financeiro, com recursos dos particulares que usam seus serviços ou investem em seus papéis.
A banca pressiona então para as mais altas taxas de juros possíveis, sem matar a galinha dos ovos de ouro. Faz-se assim um círculo vicioso de dívida, empréstimos e receitas cujo único ganhador é a banca.
Mas este é apenas um item na pauta de corrupção da banca.
O relatório, divulgado pelo jornal virtual Brasil 247, intitulado “Financial Secrecy Index – 2018 Results” aponta os países mais corruptos do mundo. E não há surpresa, são os que mais servem e são dominados pela banca.
O atilado leitor pensou logo no país que lava mais branco: a Suíça. E segue-se o que vem se tornando o maior paraíso fiscal do planeta, os Estados Unidos da América (EUA).
Nos últimos governos democratas, associados à banca, foi elaborado o projeto de carrear para os EUA os recursos ilícitos dos países árabes e do leste europeu. A partir daí, com a sólida (!) base de isenções fiscais e sigilo das movimentações financeiras, seriam expandidas as ações para a Ásia, América Latina e Ásia.
E quem seriam os prejudicados pelo projeto estadunidense senão os países que são verdadeiras lavanderias, para onde fluem os ilícitos de todo mundo?
O relatório enumera: Ilhas Cayman, Hong Kong, Cingapura, Luxembugo, Alemanha, Taiwan, Emirados Árabes Unidos e Ilha de Guernsey.
Poderia acrescentar, pelos meus próprios estudos, Liechtenstein, Ilhas Virgens Britânicas, Andorra, San Marino, Santa Lúcia, São Vicente e Granadinas e Ilha da Madeira.
Pobre dos que acham que há no Brasil uma pandemia corruptora. Como na soberania, no desenvolvimento industrial, na assistência de toda sorte aos seus nacionais, somos simplórios e imitadores aprendizes. Em matéria de corrupção, como se vê, há também um primeiro mundo.
E, entre todos, sobressai o Reino Unido. Por que? Porque leva para suas colônias – políticas ou de fato – como as Ilhas Cayman, Guernsey, Hong Kong, Ilha de Man, Ilhas Virgens Britânicas, Santa Lucia etc, a má fama de paraísos fiscais, que são no entanto e efetivamente controlados pela City. Não é por mero acaso que este poder financeiro surgiu, há mais de dois séculos, na Inglaterra.