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segunda-feira, 17 novembro, 2025

A locomotiva que puxa todo  o comboio ocidental para o precipício tem nome: EUA

Wellington Calasans – direto deEstocolmo

A crise imobiliária comercial norte-americana representa um dos pontos de inflexão mais perigosos no declínio acelerado do império estadunidense, com aproximadamente $1,2 trilhão em dívidas imobiliárias comerciais programadas para vencer entre 2024 e 2025, criando um “fosso significativo de financiamento” em um momento de ocupação reduzida e juros elevados.

Com a dívida total de imóveis comerciais nos EUA atingindo quase $4,7 trilhões, cerca de $929 bilhões dessa quantia estava programada para vencer já em 2024, gerando uma pressão insustentável sobre um mercado com escritórios vazios e demanda em queda livre.

As taxas de inadimplência estão disparando, com Manhattan registrando um aumento de mais de 1.000% nos empréstimos inadimplentes de janeiro de 2023 a janeiro de 2024, sinalizando que o colapso silencioso dos bancos regionais está apenas começando.

Essa crise não é isolada, mas sim o resultado direto da repetição dos mesmos erros que levaram à Grande Recessão, porém em escala ampliada e com menos ferramentas para conter o estrago.

A situação é agravada pelo esgotamento dos mecanismos de liquidez que historicamente salvaram o sistema financeiro, com os saldos de reverse repo do Fed caminhando para zero em 2024, seguido por uma queda significativa nas reservas bancárias.

Enquanto isso, o Tesouro norte-americano, em vez de estabilizar o sistema, está inundando o mercado com dívida de curto prazo para financiar déficits crescentes, drenando a liquidez exatamente quando os bancos mais precisam dela para enfrentar a maturidade da dívida imobiliária.

Essa política miope revela uma desconexão perigosa entre a política fiscal e as necessidades reais do sistema bancário, repetindo o erro clássico de tratar sintomas enquanto a doença sistêmica se aprofunda.

Com as condições de liquidez estabilizadas apenas superficialmente, a atenção deve se voltar para quando (não se) essas condições se deteriorarão novamente, como prevêem analistas.

O risco sistêmico é ainda maior porque instituições como Fannie Mae e Freddie Mac agora detêm uma parcela crescente da dívida imobiliária, particularmente no setor multifamiliar, transformando o que deveria ser um problema de mercado em uma bomba-relógio fiscal.

Embora os dados específicos sobre a participação exata delas na dívida comercial multifamiliar não estejam muito claros, o fato é que com a inadimplência estagnada e abaixo dos níveis pré-pandêmicos, o refinanciamento da dívida imobiliária comercial tornou-se um desafio cada vez maior.

Quando essa bolha estourar, não serão apenas os bancos afetados, mas todo o sistema financeiro, com os depositantes pagando o preço através de resgates legais disfarçados – um padrão já estabelecido em 2008, mas agora com menos capacidade de resposta devido ao alto nível de endividamento soberano.

A economia norte-americana tenta mascarar seu declínio com a ilusão de crescimento gerada pela inflação, onde as empresas inicialmente se beneficiam de aumentos nominais de vendas, criando uma falsa impressão de saúde econômica.

Porém, quando a inflação ultrapassa certo limite, como está acontecendo agora, ela começa a corroer margens e lucros, expondo a fragilidade subjacente.

Essa dinâmica ajuda a explicar a admissão surpreendente do economista-chefe da Bloomberg sobre o início da recessão em abril de 2024, um marco que contrasta com a narrativa otimista oficial.

Com quase $3 trilhões em empréstimos de imóveis comerciais nos EUA e cerca de $1 trilhão programado para vencer nos próximos dois anos, o sistema financeiro está caminhando para um “muro de maturidade” de $2 trilhões que ameaça derrubar instituições menores primeiro.

Enquanto enfrenta essa crise interna, os Estados Unidos demonstram crescente desespero em sua política externa, como evidenciado pela tentativa mal sucedida de Trump de interromper a cúpula da OCS com uma solicitação tardia de “conversas militares” que Pequim rejeitou com a justificativa pertinente de “falta de entendimento mútuo”.

Essa postura arrogante, aliada à agressão da União Europeia – exemplificada pela visita de Kaja Kallas a Pequim para pressionar sobre a Rússia enquanto insinua que a China deveria se distanciar de Moscou – revela um Ocidente cada vez mais isolado.

As declarações belicistas de líderes europeus como Friedrich Merz, que rotula Putin como “o mais grave criminoso de guerra”, apenas aceleram o afastamento do chamado (por algum infeliz) Sul Global (que não é nem Sul, nem Global), que busca alternativas como a 25ª Cúpula da OCS para cooperação baseada em benefícios compartilhados, não em neocolonialismo.

Este declínio não é acidental, mas o resultado previsível de décadas de políticas baseadas no Consenso de Washington, cujas raízes remontam à Conferência de Bretton Woods de 1944 que estabeleceu instituições financeiras globais dominadas pelo poder de veto norte-americano.

O sistema criado para “subjugar” o mundo em desenvolvimento através da dívida agora está voltando-se contra seus criadores, com os EUA enfrentando simultaneamente uma crise imobiliária sem precedentes, liquidez em deterioração e isolamento geopolítico.

Enquanto o Federal Reserve, FMI e Banco Mundial outrora projetavam poder imperial, hoje testemunham como a repetição obstinada dos mesmos erros – desde a desregulação financeira até a arrogância geopolítica – acelera o colapso de um império que já não consegue mascarar suas fissuras sistêmicas, nem mesmo com a ilusão temporária de crescimento inflacionário.

A história está mostrando que impérios não caem de uma só vez, mas através da acumulação repetida de erros que, uma vez ignorados, tornam o colapso inevitável.

NOTA DESTE OBSERVADOR DISTANTE

Na comunicação de guerra existe uma máxima: nunca acredite na própria propaganda. O Ocidente criou uma realidade paralela para enganar o restante do planeta, mas está preso na própria mentira. É a semente da desgraça total.

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https://x.com/wcalasanssuecia/status/1965673483133735029

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