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quinta-feira, 28 março, 2024

A idade da razão ou a aniquilação da humanidade?

Pedro Augusto Pinho*

No ocidente e no oriente não ocorreram as mesmas transformações, nem nos mesmos tempos. As denominadas “História do Mundo” buscam qualificar o ser humano excluindo o fato mais importante de sua vida: a cultura. E as culturas surgem das relações do ser humano com seu meio ambiente. É evidente que os diversos tipos de contatos entre as sociedades modificam aspectos culturais, mas não o suficiente para acreditarmos numa única civilização, na globalização como fenômeno inevitável e açambarcador.

Vamos tratar do mundo ocidental e a partir da Idade Moderna. Podemos considerar o século XV um marco, onde as demandas da sociedade europeia levam ao comércio mais longínquo e o espírito capitalista se apodera das relações sociais.

Como consequência de desenvolvimento destas características, em 200 anos surgem a Revolução Industrial e as lutas pela partilha dos bens, agora mais abundantes e geograficamente dispersos. Têm início a colonização e os impulsos para participação e para autonomia.

O século XIX consolida estas tendências e marca seu apogeu no Império Britânico, onde “o sol nunca se punha” e onde se decidia o que e com quem partilhar.

Vimos que foram necessários quase 400 anos para a grande transformação no Ocidente, invadindo inclusive o espaço oriental. A partir do século XX os tempos serão menores para as mais radicais alterações.

A industrialização, em 200 aos, cedeu lugar para especulação estéril e novas formas de comunicação criaram, ao lado de circulação das mensagens por todo planeta, as setorializações sociais, diferenças inimagináveis para os antropólogos estudiosos da evolução humana.

Ao longo do século XX, principalmente na sua segunda metade, as finanças apátridas promoveram duas mudanças fundamentais para obter o poder, concentradas a partir dos anos 1960. Na área da cultura: Movimento Hippie (1960), Maio de 1968 em Paris, Massacre de Tlatelolco no México e Woodstock (1969). Na área da energia as guerras no Oriente Médio e norte da África e as crises do petróleo nos anos 1970.

Em 1980 as finanças conseguem as desregulações financeiras e a meia dúzia de “paraísos fiscais” logo se elevam para 85, espalhando-se por países, cidades e um bairro, na sede do poder financeiro, a City de Londres.

Pode-se estabelecer 1991, com a dissolução da União das Repúblicas Socialistas Soviéticas (URSS), como a data da ascensão das finanças ao poder no mundo ocidental, para implantar, em todo planeta, o decálogo estabelecido pelo “Consenso de Washington”.

De 1987 até 2008 ocorreram dez crises, todas com objetivo de transferir recursos dos Estados e de empresas nacionais para o sistema financeiro internacional [1987 (EUA), 1990 (Japão), 1992 (Europa), 1994 (México), 1997 (Sudeste Asiático), 1998 (Rússia), 1999 (Brasil), 2000 (EUA), 2001 (Argentina) e 2008 (EUA)]. Mas estas finanças apátridas continuaram a emitir documentos para aplicações, sem preocupação com lastros que cobrissem os resgates.

A resposta das finanças às insolvências tem sido, além dos saques pelas crises, as guerras que provocam mortes, destruição e gastos, com as mais pífias razões, que, de 1990 até o presente, computadas apenas as que os EUA e a OTAN se envolveram, direta e indiretamente, se elevam a duas dezenas, na Comunidade de Estados Independentes (CEI), na antiga Iugoslávia, no Afeganistão, Congo, Etiópia, Iraque, Líbano, Líbia, Síria, Tunísia e entre Israel e seus vizinhos.

Hoje, a guerra travada por procuração entre a OTAN e a Federação Russa, demonstrando a superioridade militar e econômica da Rússia, e com as previsíveis derrotas das finanças, representadas principalmente pelos EUA, faz surgir a ameaça do conflito atômico, destruidor da humanidade e do planeta Terra.

É mais uma prova da ação desumana do poder financeiro, sempre em busca poder, de dinheiro e sempre cínico, como a história registrou no comércio de escravos, iniciado no reinado da Rainha Elizabeth I (1562), que durou, no Brasil, até 1888, nas ações de Winston Spencer Churchill (1874-1965), representante do Reino Unido, no Massacre de Amritsar (Índia, 1919), na fome deliberada causada ao povo da Índia e da Irlanda (1943), na separação entre a Índia e o Paquistão (1947), e na repressão à Revolta dos Mau Mau (1952-1963), no Quênia.

Unamo-nos em defesa da civilização humana.

*Pedro Augusto Pinho, presidente da Associação dos Engenheiros da Petrobrás – AEPET, Brasil.

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