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quinta-feira, 28 março, 2024

A falta de consciência de classe retarda a derrota da burguesia e do imperialismo

Pedro César Batista

Diz-se que cada brasileiro é um técnico de futebol, pois quando seu time está em campo todos sabem qual tática e estratégia deveriam ser usadas para vencer o adversário. Esta prática tem se repetido na política, de forma anticientífica e sem levar em conta a história da luta de classes nas sociedades.

O desenvolvimento da humanidade é resultado da ação direta dos setores sociais mais organizados. Assim se deu em todas as fases da história.

No período escravagista o faraó tinha o poder de decidir a vida e o destino sobre tudo e todos.

No feudalismo a nobreza, aliada a igreja, tinha clara quais ações desenvolver para se manter no poder. A igreja espalhou fogueiras pelo mundo para evitar qualquer iniciativa libertadora, forcas e pelourinhos se espalharam por todos os continentes.

No capitalismo a burguesia, preserva sua unidade a nível planetário. O Deus Mercado, a Santa Livre Concorrência, as Gloriosas Meritocracia e a Liberdade individual mantem as pessoas completamente cegas, especialmente na atualidade com o bombardeio de mentiras e manipulações históricas pela mídia e média poderosas.

Em todas as fases da história a classe dominante teve claro seu papel de força dirigente, atuando de forma coesa e firme para manter o poder em suas mãos. Nunca vacilou em praticar genocídios, extermínios de milhões em massa e se sustentar com uma violência desmedida, sempre usando o discurso da moral, religião e liberdade.

Nada é eterno, tem nos comprovado a história. Em todas as fases a classe dominante foi derrotada, sendo substituída por uma nova classe em ascensão, que criou novas relações econômicas e sociais, impôs uma ordem jurídica revolucionária e se consolidou enquanto nova classe social dirigente. Assim foi com a nobreza e com a burguesia. O mesmo se deu com o proletariado na URSS, na China, Vietnã, Coreia do Norte, Laos, Cuba e tantos outros povos que implantaram a sociedade socialista.

O que ocorreu em todas as fases para levar a transformação foi a unidade de pensamento, organização férrea, direção coesa e firme de um partido político revolucionário, que não vacilou em cumprir o papel reservado de força responsável por fazer a nova forma de organização social e econômica nascerem.

As ciências têm sido o meio que permite entender as causas, formas e instrumentos usados pelas classes para conservarem o poder ou conquistarem a transformação social. A classe dominante para se manter no poder; as classes subalternas para conquistar o poder. Tanto a classe dominante, como a classe dominada utilizam-se das experiências históricas para agir.

No Brasil vivemos uma etapa em que se torna urgente as classes exploradas se apropriarem das experiências revolucionárias históricas, tornando-se capaz de construir uma organização com a capacidade de mostrar e mobilizar as massas oprimidas e exploradas brasileiras o caminho da revolução.

Na história nacional não faltaram lutas revolucionárias, quase em sua totalidade regionais ou setorizadas, com uma ou poucas organizações, sem conseguirem forjar a unidade necessária de todas as forças políticas revolucionárias e da massa da classe trabalhadora em todo o território nacional, criando as condições subjetivas, como dizia Lênin, para dar um basta aos crimes praticados pela burguesia brasileira e virar o jogo de uma vez por todas.

As condições objetivas estão mais que dadas, especialmente quando se vê, conforme dados da própria burguesia, que mostra 6 (seis) pessoas detendo mais riquezas que 100 (cem) milhões de brasileiros, especialmente neste momento que governa o Brasil um grupo fascista, que age como capataz para esta meia dúzia de parasitas endinheirados.

A política não é futebol, onde cada um pode fazer a sua análise sobre o seu time, como a equipe deve se organizar, atuar e qual a posição de cada jogador, além de que no esporte há uma atomização de centenas de camisas e torcidas. A política é o que decide todas as demais situações dentro da sociedade, tendo como fonte de poder real a classe social que controla as riquezas e os meios de produção, como as terras, as indústrias, os bancos e os meios de comunicação em todas as suas formas. A classe que detêm as riquezas controla o Estado, a cultura, a ideologia e as armas, por isso as forças armadas e policiais atuam contra a maioria do povo, reprimindo e matando sempre que é chamada para defender a riqueza dos ricos proprietários, sem dar nenhum valor para a vida da classe trabalhadora.

O momento exige que se supere esta divisão e fragmentação entre as forças populares e revolucionárias. A burguesia tem claro como um dia ensolarado quais suas táticas e a sua estratégia para seguir controlando o estado, as riquezas, impor suas ideias e manter a massa da classe trabalhadora subalterna e dividida.

É urgente a compreensão da necessidade da unidade e organização política revolucionária do proletariado brasileiro, formado pela classe trabalhadora, camponeses, desempregados, intelectuais, setores profissionais liberais, por todas as pessoas que vivem de seu trabalho. O Brasil é vice-campeão mundial em desigualdade. Aqui os ricos são mais ricos e os pobres mais pobres. Precisamos nos unir, somos cerca de 90% (noventa por cento) da população brasileira. Não podemos ficar cada um torcendo por um time e palpitando como se fossemos torcedores de futebol. Somos uma única classe, vivemos de nosso trabalho, manual ou intelectual, produzimos riquezas e que são apropriados por parasitas, que acumulam desde a escravidão até o momento atual.

Trump, Bolsonaro, Pinera, Duque, Orban, Netanyahu e muitos governantes no mundo servem unicamente a uma classe, a burguesia, que vive em uma fase denominada imperialista, quando há concentração de riquezas na mãos de um número cada vez mais reduzido de pessoas. Somente 1% (um por cento) da população do planeta detém mais de 80% (oitenta por cento) da riqueza. Os bancos controlam tudo, desde o que a imprensa divulga, a produção agrícola, a produção da indústria cultural, as guerras, a vida em todas as suas formas.

A resistência não se verga, não se curva, nem se abate. Se os senhores da burguesia atuam para manter a miséria e seguirem cada vez mais ricos e poderosos, há quem os enfrenta e constrói outro mundo, em que a dignidade humana e a vida estejam em primeiro lugar.

O Brasil vive um de seus momentos mais difíceis. Bolsonaro e suas quadrilhas atuam como lacaios e jagunços a serviço do imperialismo, o grande capital. Para isso, não tem economizado esforços em fazer maldades, retirar direitos sociais dos mais necessitados, tudo para assegurar que os ricos sigam mais ricos. Cabe-nos, portanto, construir uma unidade e organização, que tenha claro um programa que atenda as condições históricas atuais, que devolva os direitos retirados e possibilite avançar na elevação de consciência de classe e histórica rumo a verdadeira emancipação humana.

A responsabilidade de todas as organizações, militantes e ativistas neste momento é muito grande. Não é hora de disputar hegemonia. Não é hora de divisão ou de negação da unidade. A hora é de reforçar organização unitária da classe trabalhadora contra o imperialismo e a burguesia. A ciência do desenvolvimento social, a história da humanidade nos mostra claramente o caminho. Dizia Rosa Luxemburgo, Socialismo ou Barbárie. Nossa tarefa é fazer a revolução socialista..

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