Wagner França*
Como a condução econômica do ministro da Fazenda coloca em xeque as promessas progressistas e alimenta tensões dentro do governo.
A separação entre Luiz Inácio Lula da Silva e Fernando Haddad, especialmente no que diz respeito à condução da economia, é um ponto crucial para entender as críticas que têm surgido no Brasil nos últimos meses. Embora Lula seja o líder político que articula as grandes diretrizes de seu governo, as decisões técnicas na área econômica estão sob a responsabilidade do ministro da Fazenda. Isso torna imprescindível diferenciar as atribuições de cada um, sobretudo em um momento em que as políticas econômicas têm gerado insatisfação popular. Dessa forma, direcionar as críticas exclusivamente a Lula, ignorando o papel de Haddad e evidência uma falta de compreensão sobre as dinâmicas do governo.
Recentemente, Haddad esteve reunido com banqueiros nos Estados Unidos, onde, segundo a imprensa, discutiu diversas reformas econômicas a serem implementadas no Brasil. Esses encontros, em si, não são inéditos em governos brasileiros, mas no caso de um ministro ligado ao Partido dos Trabalhadores, levantam questões importantes. Qual sindicato o Ministro se reuniu para discutir. Os relatos de que Haddad teria se reunido também com lobistas e representantes do grande capital acentuam as dúvidas sobre a sua atuação. Esses encontros ratificam a ideia de que ele esta operando de forma a priorizar os interesses do sistema financeiro internacional, em detrimento das pautas populares que sempre foram a base de sustentação do PT.
Um ponto que merece destaque é o impacto das reformas defendidas por Haddad sobre setores essenciais como saúde e educação. A priorização de políticas de ajuste fiscal, em detrimento do fortalecimento de serviços públicos, vai de encontro às expectativas geradas pela eleição de Lula. Essa contradição gera um terreno fértil para o descontentamento social, minando a confiança de movimentos populares no Brasil. Além disso, tais escolhas reforçam estruturas econômicas que beneficiam o grande capital e abrem espaço para a ascensão da extrema direita, que se alimenta da crise para ampliar sua base política.
A hipótese de que Fernando Haddad possa ser um infiltrado no governo Lula, embora baseada em rumores, não deve ser ignorada. A proximidade com banqueiros e lobistas, aliada a políticas que atendem aos interesses neoliberais, levanta suspeitas sobre sua real posição dentro do governo. Historicamente, governos progressistas têm enfrentado infiltrações que visam desestabilizar projetos de redistribuição de renda e fortalecimento do Estado. Se Haddad está, de fato, agindo de maneira contrária aos interesses populares, é necessário denunciar sua atuação e exigir mudanças que garantam a coerência entre o discurso e a prática governamental.
Em resumo, nesse cenário, a nossa política econômica proporciona o enfraquecimento dos investimentos públicos e a manutenção de um ajuste fiscal rígido para favorecer
os interesses do capital internacional, enquanto sacrificam a classe trabalhadora e os serviços essenciais. Essa dinâmica enfraquece a base popular de apoio ao governo, enquanto fortalece narrativas conservadoras que buscam deslegitimar o projeto progressista liderado por Lula. Assim, criticar Haddad e suas políticas não é atacar o governo, mas buscar garantir que ele permaneça fiel às suas promessas.
Os movimentos sociais e organizações de esquerda têm o dever de manter uma vigilância crítica sobre a condução econômica do governo. Isso implica pressionar Haddad para que abandone o alinhamento com interesses neoliberais e adote políticas que atendam às demandas populares. Ao mesmo tempo, é necessário proteger a imagem de Lula, diferenciando suas responsabilidades das de Haddad, para evitar que as críticas econômicas enfraqueçam politicamente o presidente. Preservar a liderança de Lula é estratégico para combater a extrema direita e consolidar um projeto político voltado à justiça social.
Portanto, as críticas à economia devem ser direcionadas a Fernando Haddad, cuja atuação levanta dúvidas e descontentamento entre a base popular. A proximidade com banqueiros, lobistas e o grande capital não pode ser ignorada, especialmente em um momento de crise. Garantir que o governo Lula se mantenha fiel aos interesses da classe trabalhadora exige não apenas denunciar políticas econômicas incoerentes, mas também mobilizar a sociedade para pressionar por mudanças. Apenas assim será possível preservar o projeto político que prometeu enfrentar as desigualdades e fortalecer os direitos sociais no Brasil.
*Wagner França – Jornalista e Produtor Cultural
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Foto: Mídia Ninja