As revelações impactantes confirmaram o papel político da Lava Jato e de Moro, bem como a arbitrariedade do interrogatório que conduziu Lula à prisão, onde permanece desde 7 de abril de 2018 cumprindo pena por supostos atos de corrupção.
A publicação traz evidencia como Moro, ministro de Justiça no Governo de Jair Bolsonaro, orientou, alertou e estimulou o procurador Deltan Dallagnol, responsável pela Lava Jato, durante os processos contra o ex-líder operário.
Segundo esse trabalho jornalístico, Moro, Dallagnol e seus comparsas agiram de maneira coordenada para criar uma farsa judicial e forjar acusações com a finalidade política de impedir a quase certa vitória de Lula nas eleições presidenciais de outubro.
Os conteúdos da equipe de jornalistas, liderados por Glenn Greenwald, também responsável pelos documentos publicados em 2013 de Edward Snowden, ex-agente da Agência de Segurança Nacional (NSA) dos Estados Unidos, mostram como a Lava Jato não é uma ação jurídica, mas uma operação política fora da lei.
Há algumas semanas,o The Intercept obteve as gravações através de uma fonte anônima. As reportagens começam a série ‘As mensagens secretas da Lava Jato’.
A primeira reportagem traz ao público as motivações políticas que guiaram as ações da Lava Jato. A segunda revela como Moro orientou Dallagnol e sugeriu mudanças nas fases da operação, proporcionando pistas e fontes para a investigação, violando a neutralidade de magistrado.
Uma terceira reportagem demonstra como a Lava Jato mentiu no Supremo Tribunal Federal sobre o caso de um apartamento triplex, no litoral de São Paulo.
Nessa causa, foi condenado o ex-sindicalista por supostamente receber essa moradia de uma construtora em troca de obter contratos na empresa estatal Petrobras.
O The Intercept denuncia que as conversas entre Moro e Dallagnol demonstram que Moro ‘se intrometeu no trabalho do Ministério Público – o que é proibido – e foi bem recebido, agindo de maneira informal como um auxiliar da acusação’.
O site explica que a ‘atução coordenada entre o juiz e o Ministério Público por fora de audiências e autos (ou seja, das reuniões e documentos oficiais que compõem um processo) fere o princípio de imparcialidade previsto na Constituição e no Código de Ética da Magistratura’.
Além de ‘desmentir a narrativa dos atores da Lava Jato de que a operação tratou acusadores e acusados com igualdade’.
Moro e Dallagnol sempre foram acusados de operarem juntos na Lava Jato, mas não havia provas explícitas dessa atuação conjunta até agora, destaca a página digital.
Nesse sentido, a defesa de Lula recorda que em um comunicado formalizado perante o Comitê de Direitos Humanos da ONU em julho de 2016 foi demonstrado, com várias provas, que na Lava Jato houve uma atuação combinada entre os promotores e Moro com ‘objetivo pré-establecido e clara motivação política de processar, condenar e retirar a liberdade de Lula’.
O advogado de defesa Cristiano Zanin denuncia que ‘a ação combinada dos promotores e do ex-juiz da causa, com objetivos políticos, sobmeteu Lula e sua família às mais diversas arbitrariedades’.
Enfatiza que a restauração da liberdade plena do ex-presidente é urgente, bem como o reconhecimento cabal de que ele não praticou nenhum crime e é vítima de lawfare, que é a manipulação de leis e procedimentos jurídicos para fins de perseguição política.
Pelo momento, o Conselho Nacional do Ministério Público do Brasil anunciou que investigará a troca de mensagens entre Moro e procuradores da Lava Jato.
Já a Ordem de Advogados do Brasil (OAB), que diz ‘estar perplexa e preocupada’, recomendou que o ex-juiz e Dallagnol renunciem a seus cargos, enquanto são investigadas as ações ilegais que adotaram para incriminar Lula.
Para lançar mais lenha na fogueira, Greenwald comunicou que há mais material a ser divulgado pelo The Intercept sobre a atuação ilegal de integrantes da força-tarefa da Lava Jato e Moro, quem parece dedicado a encobrir o rosto da mentira para que pareça verdade.