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segunda-feira, 22 dezembro, 2025

México: Um ano de resultados e desafios em segurança

Cidade do México (Prensa Latina) Sem ignorar os desafios atuais, o México encerra o ano com resultados considerados louváveis ​​em matéria de segurança, após colher os primeiros frutos da estratégia adotada pelo governo da presidente Claudia Sheinbaum.

Por Lianet Arias Sosa

Correspondente-chefe no México

Em 8 de outubro de 2024, apenas sete dias após o início de seu governo, a chefe do Executivo delineou as diretrizes de sua visão nessa área, com semelhanças às implementadas pelo ex-presidente Andrés Manuel López Obrador, que a antecedeu.

A prioridade dada pelo Executivo para resolver o problema não surpreende se levarmos em conta que mais de 60% dos cidadãos consideram inseguro viver em sua cidade, conforme revelado há alguns meses pelo Instituto Nacional de Estatística e Geografia.

A estratégia da primeira mulher presidente do México inclui quatro linhas de ação: abordar as causas, consolidar a Guarda Nacional, fortalecer a inteligência e a investigação e coordenar com as entidades federais.

Como parte da primeira dessas diretrizes, o objetivo é alcançar os locais com os maiores índices de criminalidade e gerar impacto na comunidade, um esforço conjunto entre 53 agências e instituições federais, sob a coordenação do Ministério do Interior.

De acordo com a chefe desse ministério, Rosa Icela Rodríguez, eles aspiram a transformar os ambientes identificando e recuperando espaços, promovendo atividades culturais e esportivas e entregando bens apreendidos de grupos criminosos a famílias necessitadas.

Entre os aspectos essenciais está a chegada a essas áreas de todos os programas sociais, aqui denominados programas de assistência social, bem como o projeto “Sim ao Desarmamento, Sim à Paz”, que teve início em 10 de janeiro com a instalação de módulos nos pátios das igrejas para promover a troca de armas por dinheiro.

Implementada em 30 estados, a iniciativa já permitiu a destruição de mais de 8.700 desses dispositivos.

FATOS ELOQUENTES

As demais áreas da estratégia de segurança também produziram resultados eloquentes: as autoridades prenderam 38.700 pessoas por crimes de grande impacto e apreenderam 311 toneladas de drogas e 20.000 armas de fogo nos primeiros 14 meses do governo Sheinbaum.

Entre as drogas apreendidas, estavam mais de quatro milhões de comprimidos de fentanil, substância que causou uma crise de saúde nos Estados Unidos e foi um dos pretextos usados ​​pelo presidente do país, Donald Trump, para ameaçar impor tarifas ao México este ano.

Durante o ano de 2025, o Partido Republicano acusou repetidamente essa nação norte-americana de esforços insuficientes no combate ao narcotráfico, especialmente no caso do tráfico do potente opioide sintético, uma alegação refutada pelas estatísticas.

Outros dados destacam o desmantelamento, desde outubro de 2024, de 1.760 laboratórios de produção de metanfetaminas, o que representa – segundo o Secretário de Segurança, Omar García – um impacto econômico de bilhões de pesos no crime organizado.

Há alguns dias, a secretária-executiva do Sistema Nacional de Segurança Pública, Marcela Figueroa, informou uma queda de 37% na média diária de homicídios dolosos até 30 de novembro, como resultado direto da estratégia.

Uma rápida comparação com outros períodos de governo é reveladora: durante o mandato de Felipe Calderón (2006-2012), arquiteto da chamada guerra contra as drogas, os homicídios dolosos aumentaram 148%; e com Enrique Peña Nieto (2012-2018), 42%.

Este ano, a estratégia de Sheinbaum também recebeu um impulso do Congresso, que aprovou a Lei Geral do Sistema Nacional de Segurança Pública e do Sistema Nacional de Investigação e Inteligência, com o objetivo de abordar estruturalmente os fenômenos criminais e a violência.

Além disso, o combate aos grupos criminosos concentrou-se em áreas como Michoacán, especialmente após o assassinato, em 1º de novembro, do prefeito de Uruapan, Carlos Manzo, um evento que o Governo garantiu que não ficaria impune.

Somente entre 10 de novembro e 17 de dezembro, por meio de um plano da administração, 222 pessoas foram detidas no local, além da apreensão de 89 armas, 9.264 cartuchos, 462 carregadores, 200 veículos, 53 quilos de material explosivo, 75 quilos de maconha e 763 quilos de metanfetamina.

EXTORSÃO NA MIRA

O relatório nacional mais recente, divulgado em dezembro, também lança luz sobre a média diária de crimes de alto impacto, que totalizou 969,4 em 2018, enquanto que, até o momento, em 2025, esse número é de 518,2, uma redução de 47%.

Comparando o período de janeiro a novembro de 2019 com o mesmo período em 2025, a análise revela uma queda de 23,4% nos feminicídios, 22,6% nas lesões intencionais por arma de fogo, 58,4% nos sequestros e 49% no número total de roubos com violência.

A extorsão, com um aumento de 23%, é o único desses crimes que as autoridades não conseguiram reduzir, realidade que levou à implementação, em julho passado, de uma estratégia específica nessa área.

Como resultado, o Secretário de Segurança, Omar García, informou que até 30 de novembro foram atendidas 102.857 denúncias pelo número 089, criado para esse fim, das quais 75% se tratavam de crimes não consumados, graças à orientação em tempo real.

Ele também destacou a abertura de 3.684 inquéritos e a prisão de mais de 600 pessoas por esse crime em 22 estados.

Em dezembro passado, o governo federal e as entidades federativas assinaram o Acordo Nacional contra a Extorsão, que contempla a harmonização legislativa nos estados e a criação e o fortalecimento de áreas especializadas nas procuradorias.

Inclui também o reforço do funcionamento do 089 e o desenvolvimento de um manual nacional que unifique os processos de denúncia, investigação e acusação, garantindo critérios uniformes em todo o país norte-americano.

Na 52ª sessão do Conselho Nacional de Segurança Pública, realizada há alguns dias, Sheinbaum lembrou que a coordenação permitiu uma redução de 37% nos homicídios dolosos, bem como uma queda em outros crimes de grande impacto durante o governo atual.

“Acredito que, trabalhando juntos, no final do próximo ano, quando nos reunirmos nesta sessão ordinária, poderemos afirmar que, juntos, reduzimos significativamente esse crime de extorsão”, disse o chefe do Poder Executivo aos governadores.

De acordo com analistas, a nomeação da nova Procuradora-Geral, Ernestina Godoy, que ocupou o mesmo cargo na capital entre 2018 e 2023, durante a gestão de Sheinbaum como Chefe de Governo, pode contribuir para esse objetivo e para a continuidade da tendência de queda nos índices de criminalidade.

García e Rodríguez ocuparam cargos semelhantes na Cidade do México durante todos ou alguns desses anos, lembrou recentemente o presidente, e alcançaram uma redução histórica de 50% nos homicídios e de 60% nos crimes de grande impacto na cidade.

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