Emiliano José
Abusando da expressão, ou não, costumo chamar a Revolução Cubana de milagre.
Talvez não seja abuso: milagres, só os humanos, ao menos na minha visão de mundo, e sempre com todo respeito a quem professe fé religiosa.
Revolução Cubana, chegada dela ao poder no já distante janeiro de 1959 e a continuidade até os dias atuais, só pode ter semelhança com um milagre.
E o sujeito milagroso é o povo cubano.
Capaz de fazer surgir homens e mulheres de têmpera revolucionária.
De coragem.
Ousadia.
E talento, disposição de luta.

O maior deles, Fidel Castro.
Os inimigos da Revolução não descansaram um só minuto no esforço para derrotá-la.
Desde os primeiros dias.
E especialmente depois da disposição de o novo governo seguir a trilha socialista.
Aí, caíram matando.
Como iam perder aquele delicioso cassino?
Já em agosto de 1959, um avião lotado de contrarrevolucionários fortemente armados, aterrisava em Trinidad, centro da Ilha, cidade histórica, terceira vila a ser fundada em Cuba, ano de 1514, levando então o nome de Villa De la Santíssima Trindade.
Revolucionários cubanos não estavam dormindo de touca. O avião aterrisou, interceptado, e os contrarrevolucionários, presos.

A Revolução Cubana, Fidel e Che e Camilo à frente, tinha plena consciência de estar sob cerco intenso.
Os contrarrevolucionários não tiveram sequer o cuidado de trocar de avião: a mesma aeronave utilizada por Fulgencio Batista para fugir da Ilha.
Legião Anticomunista do Caribe – o nome da organização a que pertenciam os contrarrevolucionários.
Mercenários oriudos de vários países, inclusive muitos cubanos, alguns dos quais ex-oficiais do exército de Batista.
Dissemos: o avião foi interceptado.
Não sem combate, no entanto.
Na refrega, morrem dois contrarrevolucionários, dois combatentes revolucionários, nove feridos, vários prisioneiros.
Não iam invadir a Ilha assim, como um passeio.
Inimigos iam compreendendo ter pela frente um governo de revolucionários, atento.

Tomar Trinidad foi uma das primeiras expressões do esfoço contrarrevolucionário para liquidar a Revolução Cubana.
O presidente dominicano Rafael Trujillo acreditou ser possível invadir a Ilha, derrotar a Revolução, prestar serviço aos EUA.
Enganou-se.
Redondamente.
A luta contra os bandidos em Escambray foi dura.
Numa revolução, qualquer seja, revelam-se os bons caracteres, pessoas voltadas à luta, à defesa do povo, e maus caracteres, se quiserem, parte do que Marx chamava lumpemproletariado.
Marginais, muitos acreditando ser possível, na fase de afirmação revolucionária, ainda transição, ficar rico rapidamente, ou medianamente rico, roubando dinheiro e bens da população.
Aconteceu assim, na região de Escambray.




