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domingo, 23 novembro, 2025

Risco de fuga, tornozeleira violada: o que se sabe da prisão de Bolsonaro até o momento

© AP Photo / Luis Nova

Confira as ações que levaram Moraes a acatar o pedido de prisão preventiva do ex-presidente solicitado pela PF.

Jair Bolsonaro foi preso preventivamente na manhã deste sábado (22), por decisão do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF). Confira abaixo o que se sabe da prisão do ex-presidente até o momento.

Violação da tornozeleira motivou o pedido de prisão

A decisão de Moraes de decretar a prisão preventiva se deu por conta do entendimento do ministro de que havia alto grau de fuga de Bolsonaro. Ele citou o alerta disparado pela tornozeleira eletrônica às 00h08 da madrugada deste sábado.
O alerta foi recebido pela Secretaria de Administração Penitenciária do governo do Distrito Federal, responsável pelo dispositivo, que acionou a equipe quer faz a escolta do ex-presidente. Os agentes constataram a violação e o dispositivo foi trocado às 01h09 da madrugada.
Após ser preso, Bolsonaro confirmou aos investigadores ter usado um aparelho de solda para violar a tornozeleira, justificando como “curiosidade”.
A defesa de Bolsonaro sustenta que o ex-presidente tentou violar o dispositivo durante um surto. A versão é apoiada por aliados que apontam entres os motivos da ação privação do sono, uso de medicamentos e a suspeita de que o dispositivo continha uma escuta.

Vigília convocada por aliados

Outro elemento que motivou a prisão foi a vigília convocada nas redes sociais pelo senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) em apoio ao ex-presidente, para a noite deste sábado, às 19h00, na porta do condomínio em que Bolsonaro vive em Brasília.
A Polícia Federal (PF) considerou que a convocação colocava em risco os envolvidos e solicitou ao STF a prisão preventiva, apontando a necessidade de “preservar a ordem pública e a segurança”. Ao acatar o pedido, Moraes escreveu em sua decisão que a vigília “reeditaria os acampamentos golpistas” e que a prisão preventiva garantiria a ordem pública.
Foi a segunda vez que uma ação de Flávio Bolsonaro resultou na prisão do pai. A primeira foi em agosto deste ano, quando Bolsonaro foi preso em regime domiciliar após burlar as medidas cautelares impostas ao aparecer em um vídeo veiculado conteúdo nas redes sociais dos filhos e exibido em um ato realizado por apoiadores. Na ocasião, Flávio assumiu ter gravado o conteúdo.
“Não tinha intenção de burlar a cautelar. Que fez [a filmagem] fui eu”, disse o senador na época.
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Risco de fuga para a Embaixada dos EUA

Em sua decisão, Moraes também destacou que a proximidade da Embaixada dos EUA da residência de Bolsonaro, com 13 quilômetros de distância, elevava o risco de fuga.
“Rememoro que o réu, conforme apurado nestes autos, planejou, durante a investigação que posteriormente resultou na sua condenação, a fuga para a embaixada da Argentina, por meio de solicitação de asilo político àquele país”, escreveu o ministro.

Fuga de Eduardo Bolsonaro, Zambelli e Ramagem

Moraes afirmou que os indícios de fuga listados são agravados pelo histórico de fuga de aliados de Bolsonaro.
“É importante destacar que o corréu Alexandre Ramagem Rodrigues, a sua aliada política Carla Zambelli, ambos condenados por esta Suprema Corte; e o filho do réu, Eduardo Nantes Bolsonaro, denunciado pela Procuradoria-Geral da República no STF, também se valeram da estratégia de evasão do território nacional, com objetivo de se furtar à aplicação da lei penal”, destacou o ministro.
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Prisão ainda não é definitiva

A prisão preventiva de Bolsonaro não tem data para acabar, mas isso não significa que o ex-presidente cumprirá a sentença de 27 anos e três meses por tentativa de golpe de Estado na Superintendência da Polícia Federal, em Brasília. Isso porque os recursos apresentados pela defesa de Bolsonaro ainda estão sendo avaliados, e a prisão definitiva somente ocorre após o fim da tramitação, o que está previsto para acontecer nos próximos dias.
Ademais, a prisão preventiva ainda precisa ser referendada em sessão no STF. Moraes solicitou a sessão, mas ainda não definiu a data. Votam na sessão para decidir se aceitam ou não a prisão preventiva os outros magistrados que compõem a Primeira Turma do STF junto com Moraes: Flávio DinoCristiano Zanin e Cármen Lúcia.

Pelo fato de a condenação de Bolsonaro ser superior a oito anos a expectativa é que ele inicie o cumprimento da sentença em regime fechado. Aliados acreditam que o ex-presidente passará pelo menos 15 dias preso no Complexo Penitenciário da Papuda, em Brasília, antes de ser autorizado a cumprir prisão domiciliar.

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