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César Fonseca
Sai democracia, entra autocracia.
O novo presidente americano prometeu que seu primeiro ato no cargo será anistiar os invasores terroristas do Capitólio em 6 de janeiro de 2020.
Chute no traseiro da democracia ou não?
O novo panorama político mundial a ser inaugurado no império, se isso acontecer, não deixa dúvidas.
Se o exemplo vem de cima, é de se esperar que os de baixo seguirão, ou não?
Vão ou não para o ralo da história americana os valores iluministas que a formaram?
Como ficarão os ensinamentos e as práticas implementadas pelos pais da pátria gloriosa?
Benjamin Franklin, Jefferson, Madison etc serão exterminados com os seus pensamentos, base da nacionalidade e da educação?
A louvação do terrorismo contra democracia pela autocracia trumpista é a nova experiencia histórica que se inicia?
A proposição de Trump é ou não o ponto de partida para o novo nazifascismo mundial?
Representa ou não palavra de ordem para os discípulos do novo chefão troglodita espalhados pelo mundo?
O bolsonarismo estará ou não sendo estimulado para fazer de novo o que já tentou em 8 de janeiro de 2023, com o quebra-quebra dos 3 poderes?
Ou a promessa trumpista não passa de bravata?
ESTRATÉGIA DO MEDO
As preliminares da governabilidade trumpista evidencia o óbvio: espalhar medo e ameaças.
O direito da força no lugar da força do direito parece ser o modus operandi do troglodita.
Primeiro, ameaçou a China com a promessa de tarifa de 100% sobre importações chinesas.
Tal ameaça apenas demonstra que os Estados Unidos não têm competitividade suficiente para enfrentar a China de peito aberto.
1 x 0 para os chineses.
Nesta sexta, 18, Trump, segundo Global Times, deu um alô para Xi Jinping.
Disse que pretende ter relações amigáveis com o colega chinês.
Desfez ou não com o contato a impressão inicial de que sairia no pau, logo na largada?
Portanto, 2 x 0 para a China, já antes da posse.
Trump confirmou ou não a velha frase de Mao Tsé Tung de que os Estados Unidos são tigres de papel?
Outra controvertida posição trumpista se apresentou com o acordo de cessar fogo em Gaza pelo genocida Netanyahu.
Biden, às vésperas de passar o bastão, não perdeu a oportunidade histórica: anunciou a decisão.
Vai para a história de que não foi Trump, mas Biden que deu um basta no sionismo genocida na faixa de Gaza.
Jogou Israel em crise política.
Vale dizer: se Netanyahu voltar atrás, como já ameaça, obrigará ou não Trump a honrar a ação de Biden?
O mundo cairia em cima de Trump, caso deixe Netanyahu fazer o que quiser.
Seria taxado de imperador frouxo, sem autoridade.
Seu governo seria considerado submisso às forças armamentistas, as que, realmente, dão as ordens.
Tudo como dantes no Quartel de Abrantes.
VALENTIA CONTRA FRACOS
Se não tem forças para dobrar nem a China nem Israel, o que restaria ao imperador senão exercer sua força contra os mais fracos?
Não é o que deixou claro nas últimas semanas, fazendo ameaças ao México, Canadá, Groenlândia, Panamá e, também, imigrantes?
A presidente mexicana, Cláudia Scheinbaum, disse altivamente que não tem medo dele.
À ameaça trumpista de que mudará o nome do Golfo do México para Golfo da América(note, não é “Golfo das Américas”, mas da América), Sheinbaum provocou: chamaria os Estados Unidos de América Espanhola.
Afinal, os Estados Unidos tomaram na marra mais da metade do México para si, no século 19!
Já em relação às ameaças de sobretaxar importações mexicanas em 25%, Sheinbaum retrucou que faria o mesmo com as importações americanas.
O primeiro-ministro Justin Trudeau, do Canadá, igualmente, ameaçado por Trump com tarifas de importação de 25%, disse que reagiria com a mesma moeda.
Quanto à ameaça de transformar o Canadá no estado americano número 51, anexando-o, tal bravata pode ficar somente nas palavras, se os canadenses resistirem politicamente a essa agressão imperialista.
Emergiria ou não tensão revolucionária?
E o canal do Panamá, o valentão vai invadir o pequeno país para exercitar sua força de modo a impor a Doutrina Monroe, no peito e na raça?
São muitos contenciosos explosivos abertos ao mesmo tempo.
Quem tudo quer, como diz o ditado, tudo perde.
Verifica-se, dessa forma, que Trump não está nem aí para a autodeterminação dos povos, pelo menos os dos países mais fracos, vulneráveis.
O mesmo não aconteceria em relação aos mais fortes como Rússia e China.
Com Xi Jinping, Trump se apressou em levantar bandeira branca.
Quanto a Putin, também, antecipou declarações de que quer paz, propondo encerrar a guerra na Ucrânia.
Disse que ela não deveria nem ter sido iniciada.
Denota propensão à paz, não à guerra.
O que dirá o Deep State todo poderoso?
O que Trump quer é petróleo.
Venezuela e Brasil, grandes reservatórios de óleo, que se cuidem: pode vir turbulências por aí.
CONFLITO INTERNO
Prenuncia-se que a batalha que enfrentará será a de expulsar imigrantes.
A maioria dos americanos, segundo pesquisas, apoiaria a expulsão.
Muita agitação política desde já vai acontecer, para encher o mundo midiático de notícias, colocando o imperador em evidência.
Mas, seriam, mesmo, os imigrantes o real problema que enfrenta o capitalismo americano?
Ou se trata de cortina de fumaça para desviar assunto, tal como o perigo da desdolarização em decorrência do excesso de dívida pública que implodiria o sistema capitalista, se a moeda perder força para continuar bancando a financeirização especulativa?
O telefonema de Trump para Jinping não denunciaria o medo dele de o chefe chinês utilizar as trilionárias reservas em dólar chinesas, estimadas em mais de 4 trilhões de dólares, como arma monetária?
Afinal, se essas reservas forem jogadas na circulação capitalista global, adeus dólar!
Trump seria obrigado a enxugar a liquidez global, para evitar hiperinflação.
Ou não, de acordo com a lei da oferta e da procura?
A instabilidade monetária americana em face do elevado endividamento interno, algo em torno de 1,9 trilhão de dólares, 118% do PIB, seria ou não o calcanhar de Aquiles de Trump, se a desdolarização desandar?
A valentia trumpista estaria ou não revelando mera aparência de força frente à realidade oculta de vulnerabilidade do império?
Daria ou não razão a Mao Tsé Tung de que Tio Sam é tigre de papel, por não dispor mais da hegemonia atômica, enquanto balança, também, a hegemonia monetária, já que perdeu para a China a hegemonia comercial e financeira?
A realidade trumpista, enfim, é a representação da força ou da debilidade do unilateralismo imperialista?
A democracia americana, nesse cenário, corre ou não perigo com a subida ao poder do autocrata?