(Foto: Lula Marques/ Agência Brasil)
Pedro Pinho*
A respeito de licitação para compra de armas, em princípio vencida por empresa do Estado de Israel, o Ministro da Defesa, José Múcio Monteiro, conforme se divulgou pela imprensa e redes sociais, disse algo semelhante a “uma questão diplomática interfere na Defesa. Houve agora uma concorrência, uma licitação. Venceram os judeus, o povo de Israel, mas por questões da guerra, o Hamas, os grupos políticos, nós estamos com essa licitação pronta, mas por questões ideológicas não podemos aprovar”.
Ora senhor Ministro, nem se trata de questão diplomática e muito menos ideológica, mas do orgulho nacional, por ter nosso Presidente, Luiz Inácio Lula da Silva, eleito pelo povo brasileiro, sido declarado pelo Primeiro Ministro do Estado de Israel “persona non grata”. Nenhuma empresa israelense deveria ser convidada a participar de licitação no Brasil, ainda mais uma fabricante das armas, que trucidam o povo palestino.
Mas é a consequência da invasão neoliberal que aconteceu no Brasil com a sucessão do Presidente Ernesto Geisel (março de 1974 a 1979). Desde então o nosso País retrocede em todos os campos, e, muito especialmente, no patriotismo, na defesa da nacionalidade, em tirar a precedência da questão nacional sobre qualquer outra.
Geisel foi obrigado pelas finanças apátridas e colocar como seu substituto o General João Baptista de Oliveira Figueiredo (março de 1979 a 1985), filho de Euclides Figueiredo, contra quem Geisel lutara em 1932, na denominada Revolução Constitucionalista de São Paulo.
A respeito desta “Revolução” é oportuno recordar o que dela escreveu a filha e secretária de Getúlio, Alzira Vargas do Amaral Peixoto, em “Getúlio Vargas, meu Pai”, obra de 1960: “Positivamente, a Revolução Constitucionalista de São Paulo não era nenhuma dessas três coisas. Não era uma revolução. Era uma represália. Não era constitucionalista, pois apenas contribuiu para perturbar a constitucionalização do país. E, por estranho que pareça, também não era paulista. O fermento veio do Rio Grande do Sul e a massa que se servia da juventude e do solo bandeirantes, como campo de batalha, era feita dos grãos de ódio de todos os reacionários, de todos os tempos e de todos os Estados”.
O que fizeram as finanças para impor Figueiredo a Geisel?
O Brasil crescera como poucos países no período de 1967 a 1979. Foi o “Milagre Brasileiro” com a taxa de crescimento do PIB saltando de 9,8% a.a., em 1968, para 14% a.a., em 1973, e a inflação reduzindo de 19,46%, em 1968, para 15,6%, em 1973.
Como é óbvio, este crescimento se deu à custa de investimentos num momento em que as taxas de juros denominadas “prime rate”, nos Estados Unidos da América (EUA) oscilavam entre 6% e 8% (EUA, Federal Reserve).
Porém, as finanças lutavam dentro do capitalismo para se sobrepor ao industrialismo, sendo a energia do petróleo um dos alvos, pois agregava nesta campanha movimentos ecológicos e ambientalistas.
Em 1973 dá-se o primeiro choque do petróleo e em 1979 vem o segundo. O barril de petróleo, que passara desde 1928 até 1968 praticamente no mesmo valor, cresce até quatro (1973) e três (1979) vezes, indo a mais de 100 dólares, em moeda da época, em 1979.
Em 15 de agosto de 1971, o presidente estadunidense rompe unilateralmente com os Acordos de Bretton Woods e as taxas de juros iniciam acelerada elevação, chegando a 13%/15% no fim da década.
O Brasil se endividara, desde 1967, para crescer, investindo e importando até um milhão de barris de petróleo por dia. Ao fim do governo Geisel acumulava a dívida externa de quase 100 bilhões de dólares. Assim deu-se o golpe da sucessão de Geisel e a entrada do neoliberalismo com João Figueiredo.
Para crescer muitas empresas foram constituídas, não somente de economia mista – COBEC, COBRA, DATAPREV, EMBRATER, NUCLEBRÁS, IMBEL – mas igualmente de capitais privados nos polos industriais da Zona Franca de Manaus, petroquímico, em Camaçari, na Bahia, em São Paulo com o programa do Pró-Álcool, no Rio Grande do Sul, no Paraná etc.
Tudo começa a se desmanchar, se desfazer, principalmente atingindo o trabalhador, e, em especial, o homem do campo que merecera de Médici e Geisel os programas de assistência e previdência ((Pro-Rural).
Chegamos, agora, ao fim do caminho. Defendendo um Estado belicista e genocida, que tem como propósito implementar o disposto no livro de Theodor Herzl, “O Estado Judeu” (1895), transferindo (eliminando?) as populações palestina, árabe, de seus territórios até ocupar todo Oriente Médio, sendo a guerra um meio.
E para alcançar este objetivo se valer da relação estabelecida com a aristocracia inglesa, por ocasião da criação do Banco da Inglaterra (1694), e do poderoso e rico lobby sionista no Congresso dos EUA.
Por que o Brasil, país miscigenado e pacífico entra nesta briga e do lado errado? Porque está entre nós, como um poder interferindo na vida nacional, a ideologia neoliberal financeira, que tira direitos trabalhistas e previdenciários dos trabalhadores, que fecha empresas públicas e privadas, como obteve a Operação Lava Jato, e ainda tem ministro que cria polêmica para comprar armas de Israel!
*Pedro Augusto Pinho, administrador aposentado.