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segunda-feira, 3 fevereiro, 2025

Eleições em Cuba: O voto da unidade

Por Rafael Calcines Armas

Havana (Prensa Latina) Os cubanos são convocados para eleger os 470 deputados à Assembleia Nacional do Poder Popular (Parlamento) em 26 de março, em um exercício democrático que propõe aos eleitores votar por todos.

O voto unido não é um ato conjunto para quem vai às urnas, mas uma das opções, já que por lei, o eleitor pode decidir por um, por dois ou por todos os candidatos que concorrem ao seu círculo eleitoral (nível básico do sistema de governo no país).

Mas é considerada uma demonstração de unidade da cidadania em defesa do modelo social e político.

Embora isso possa parecer retórico para alguns, na realidade, desde 1º de janeiro de 1959, o país tem lutado quase permanentemente contra todas as adversidades para progredir sob pressão de todo tipo dos sucessivos governos dos Estados Unidos.

A expressão máxima dessa hostilidade é o bloqueio econômico, comercial e financeiro imposto pelos Estados Unidos e reforçado ao longo dos anos para tentar derrubar o Governo.

Assim, desde as primeiras eleições para o Poder Popular em outubro de 1976, o voto unido é valorizado como resposta a todas as pressões externas, e ao explicar essa motivação, o líder histórico da Revolução, Fidel Castro, deixou claro em fevereiro de 1993 que “ é uma questão política: é a estratégia dos patriotas, é a estratégia dos revolucionários”.

Em tantos anos, o assédio à ilha não mudou, pelo contrário, intensificou-se, e neste momento em que a situação econômica é extremamente difícil, essa estratégia continua a vigorar.

Soma-se a isso o fato de que, embora as campanhas insistam incessantemente na suposta ausência de democracia, ao contrário, as eleições em Cuba se caracterizam por uma ampla participação popular que vai além da possibilidade de os eleitores indicarem e elegerem diretamente seus representantes.

Cada vez também se tornam um verdadeiro movimento popular em todos os níveis, já que das cerca de 200.000 pessoas envolvidas no trabalho eleitoral, menos de um por cento são profissionais.

Os restantes são trabalhadores, estudantes, reformados e donas-de-casa que voluntariamente integram os diferentes órgãos, constituem as mesas de voto e atuam como colaboradores e fiscalizadores.

Até as crianças participam ativamente, pois membros da organização pioneira guardam as urnas durante a votação, algo que não existe no resto do mundo.

O mesmo acontece com o trabalho das comissões de candidatura, encarregadas de preparar e apresentar os projetos de candidatura dos deputados, bem como dos presidentes e vice-presidentes das assembleias municipais do Poder Popular.

Num país onde só existe um partido, o Partido Comunista, este não nomeia nem elege e este processo decorre com a participação cidadã, uma vez que as comissões de candidatura são presididas pela Central de Trabalhadores de Cuba.

As comissões também são formadas por representantes das principais organizações da sociedade civil, como os Comitês de Defesa da Revolução, a Federação das Mulheres Cubanas, organizações estudantis e a Associação Nacional de Pequenos Agricultores, às quais pertencem 90% da população.

Além disso, as comissões têm independência funcional e o poder de consultar quantas instituições e entidades julgarem convenientes, o que é uma garantia de selecionar aqueles que realmente merecem ocupar essa responsabilidade.

Esses indicados podem ser desde personalidades de renome mundial em seus respectivos campos de atuação, até simples cidadãos, incluindo religiosos, empresários privados e representantes da diversidade sexual, que juntos formam o que há de mais próximo da sociedade cubana atual.

Esse é outro elemento importante, dizem os partidários do voto unido, para que, quando o eleitor estiver sozinho com sua cédula, possa exercer sua escolha com liberdade e segurança para todos.

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