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domingo, 6 outubro, 2024

FINANCISTAS E MILICIANOS QUE NOS TANGEM COMO GADO PARA OS CURRAIS

Marcelo Camargo/Agência Brasil

Pedro Augusto Pinho*

Pouco a pouco, os restritos limites da tão decantada liberdade fecham suas asas para nós. Por um lado, as finanças nos tiram os últimos recursos para sobrevivência. De outro, as milícias nos tangem, como gado, para os currais onde somos controlados, inertes, ou morreremos.

E a mídia comercial, hegemônica, que a classe média, estulta, “o vulgo, que faz o que sempre fez; que saúda o vencedor, sem perguntar donde veio, nem para onde vai; que vocifera injúrias junto ao patíbulo do que morre mártir por ele”, repudia, mas repete suas mentiras com a certeza da sua ignorância, e os preconceitos com que sempre age.

Mas há ainda pior. Continuando na citação de Alexandre Herculano (1810-1877), do magnífico Prólogo da História da Origem e Estabelecimento da Inquisição em Portugal: “há aí os velhos interesses mortalmente feridos, que, não podendo defender-se como legítimos, buscavam até agora santificar-se pela poesia do passado”. “Há aí a hipocrisia, que, depois de minar debaixo da terra durante anos, surge enfim à luz do Sol e, balouçando o turíbulo, incensa todos os que abusam da força”.

E assim nos encontramos nesta terceira década do século XXI.

De um lado a pandemia, impulsionada como nova solução final (Endlösung der Judenfrage, de Reinhard Heydrich), para os pobres e desprovidos brasileiros, vista nas omissões e nas ações criminosas do poder formal. De outro as evasões de recursos, canalizados para os bancos, pelo sistema financeiro coordenado pelos gestores de ativos, residentes em paraísos fiscais. E, ainda de outro lado, a violência estatal, entregue às milícias que já dominam os Estados de São Paulo (Primeiro Comando da Capital – PCC) e do Rio de Janeiro (as próprias milícias e o Comando Vermelho, em aparente extinção), e, sob a proteção dos poderes da República, muito em breve também estarão substituindo as Forças Armadas. Ou não é isso que estamos vendo, entre genocídios e rebeliões prisionais, no norte do País.

Mas há a nuvem, os fantasmas que acobertam tudo isso, mascaram a realidade: o medo do comunismo, o pavor do lulopetismo. Por favor, não ironizo. É só ler, ouvir, atentar para os discursos e as análises dos governantes, seus prepostos, seus adeptos e vocalizadores. O marxismo-leninismo-gramscismo, o foro de São Paulo, a URSAL (União das Repúblicas Socialistas da América Latina, jocosa criação da socióloga brasileira Maria Lúcia Victor Barbosa, em 2001) estão à porta para destruir a família brasileira, desunida pela competitividade, pela miséria do micro empreendedorismo, pela escravidão do uber.

Mas comunismo, como sinônimo do totalitarismo, seria melhor encontrado nas areias cálidas da Arábia Saudita, para alguns um imenso porta-aviões que os Estado Unidos da América (EUA) usam para domar/dominar o Oriente Médio. Pois é um país, com assento na Organização das Nações Unidas (ONU), sem parlamento nem eleições, onde as mudanças, quando ocorrem, são fruto de desavenças familiares. E sem que esta situação opressora e religiosa seja minimamente alterada.

Mas este delírio, este desvio cognitivo, tem um sentido muito claro. Com fantasias deste porte, todo patrimônio construído por gerações, com dedicação, conhecimento e dinheiro brasileiros se esvai em privatizações para o exterior. Não nos deixam mentir a Vale do Rio Doce, a Embratel, a Embraer, a Telebrás, grandes parcelas da Petrobrás, da Nuclebrás, em breve o que resta da Eletrobrás, os Correios etc, etc, etc.

Também se alienam, a preço muito inferior à dúzia de banana, minérios raros e indispensáveis à civilização informática e aeroespacial de hoje, como o nióbio, que encontra no Brasil as maiores reservas conhecidas no planeta; o lítio, descoberto pelo patriarca da independência, José Bonifácio de Andrade e Silva, indicado no tratamento de transtornos afetivos, para manutenção de indivíduos com transtorno bipolar, diminuindo a frequência dos episódios maníacos e a intensidade destes quadros, de grande necessidade, como se depreende, para os dias atuais, ou, ainda, o grafeno, uma das formas cristalinas do carbono, assim como o diamante, o grafite e os fulerenos, que custam US$ 300 mil o quilo.

Enfim, toda esta ação mistificadora para ocultar a entrega, verdadeira doação aos estrangeiros das nossas riquezas naturais, nossa água, nossa terra, nosso petróleo e o controle da nossa energia.

O Brasil continua colônia, passada a breve Era Vargas, cujo sepultamento foi pedido por Lula, Fernando Henrique Cardoso, Bolsonaro e outros menos votados.

“E agora, José?

A festa acabou,

a luz apagou,

o povo sumiu,

a noite esfriou,

e agora, José?”

Cante como Carlos Drummond de Andrade. Chore como um brasileiro que perdeu sua Pátria, sua riqueza e, por ter aqui nascido, sua vida é escrava e sem futuro.

Um dos primeiros livros escritos no Brasil, no início do século XVII, por autor anônimo, foram os Diálogos das Grandezas do Brasil, conversa travada entre Brandônio e Alviano.

Diz Brandônio:

“Os primeiros pais mostraram e ensinaram a seus filhos e netos o uso das artes e polícia que possuíam. Mas, como havia de ser ensinada somente de palavra, não podia passar à memória de tão comprida geração em gentes a que lhe faltaram as escrituras, e o mais necessário para a conservação das artes e polícia, e terras tão remotas e incógnitas, como eram as que habitavam, e assim, com a continuação do tempo, se lhe haviam de ir varrendo da memória o que seus avós lhes tinham amostrado, como ficaram no estado em que do presente os conhecemos”.

E foi assim, esquecidos qual era a nossa Pátria, tudo entregamos ao estrangeiro, olvidados que o trabalho constrói e dá sentido à vida do cidadão, no corpo e na mente, deixamo-nos tanger e violentar pelas milícias.

Mas ficamos livres do comunismo e da corrupção. Ou não? Diga-nos os neopentecostais dos Bispos Macedo, ou os falsos filósofos, do astrólogo campineiro Luiz Pimentel, também conhecido como Mister Carvalho.

Ad religionem fas, ad homines iura pertinente (bons auspícios para as causas religiosas, justiça para as causas humanas).

*Pedro Augusto Pinho, administrador aposentado.

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