Por Antonio Rondón García Moscou (Prensa Latina) A Rússia começou esta semana com o fim da era Donald Trump, para dar os primeiros passos com o novo presidente dos EUA, John Biden, em meio à pandemia e de ações da oposição interna.
Trump deixou atrás de si um rastro de pelo menos 45 pacotes de sanções, o último dos quais ele anunciou horas antes de deixar a Casa Branca, contra o navio russo Fortuna, encarregado de depositar os tubos no fundo do mar do gasoduto North Torrent-2.
Além disso, o político republicano deixou os Estados Unidos fora de plataformas cruciais de estabilidade estratégica no globo como o Tratado sobre Armas Nucleares de médio e curto alcance, bem como os Céus Abertos, que permitiram voos de verificação.
Na época, Trump também não conseguiu responder às propostas da Rússia de estender por um ano o Tratado de Redução e Limitação da Ofensiva Estratégica (Start-3) para discutir em profundidade outras opções neste campo.
A chegada de Biden à presidência parecia dar os primeiros passos em questões como o Start-3, um acordo assinado em abril de 2010 pelos então presidentes da Rússia, Barack Obama, e da Rússia, Dmitry Medvedev, quando o atual chefe da Casa Branca estava servindo como vice-presidente.
Como disse o porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov, será necessário conhecer os detalhes da proposta da nova administração dos EUA para prorrogar o tratado por mais cinco anos.
Entretanto, este gesto diferente de Biden não significa de forma alguma que poderia haver qualquer tipo de melhoria nas relações com a Rússia. Pelo menos em sua agenda eleitoral ele colocou este país como um dos principais inimigos dos Estados Unidos.
Tudo isso está acontecendo no meio de uma campanha completa para o mercado de vacinas no mundo, na qual os Estados Unidos estão tentando, com o aumento do financiamento, pressão e descrédito de outros concorrentes, impor a venda de seus próprios produtos contra a pandemia de Covid-19.
A Rússia teve que trabalhar duro esta semana para, mais uma vez, neutralizar as dúvidas sobre as possibilidades de registro e contratação da vacina Sputnik V em países como a Hungria e o Brasil. O primeiro país já anunciou a assinatura de um contrato de venda com a Rússia.
A vacinação massiva neste país, e em particular nesta capital, assim como a diminuição do número diário de pessoas infectadas permitiu o relaxamento de algumas medidas epidemiológicas aplicadas para conter o avanço da pandemia.
Entretanto, assim que a redução das limitações foi conhecida, a oposição fora da legislatura, especificamente os seguidores do blogueiro Alexei Navalni, decidiram ensaiar novamente um cenário de desestabilização baseado na prisão deste oponente.
Navalni, que é suspeito de ter relações com agências de inteligência no exterior, além de estar envolvido em dois processos judiciais, teve que ser internado urgentemente em um hospital em Omsk em agosto passado, após uma viagem interna de avião.
As autoridades alemãs insistiram então em evacuar urgentemente o blogueiro para Berlim, apesar de ele estar em liberdade condicional, para o que tiveram que pedir permissão às autoridades do país.
Depois veio a acusação, sem provas, de que a Rússia foi responsável por uma tentativa de ataque químico contra Navalni, que surgiu totalmente recuperado numa clínica na capital alemã, algo que teria sido impossível no caso de um ataque químico real, dizem os especialistas.
A oposição convocou uma manifestação para a prisão de Navalni quando de seu retorno à Rússia, após a acusação denunciar sua violação do regime de liberdade condicional, para a qual somente o tempo que ele passou na Alemanha após deixar a clínica foi levado em consideração.
Como em ocasiões anteriores, os seguidores do líder da oposição pediram aos adolescentes, desta vez através da rede Tik Tok, que se juntassem ao protesto, que já provocou rejeição na sociedade e dos próprios pais, um sinal do eventual fracasso desta manobra contra o governo.
A Rússia parece estar ciente de que, em meio à mudança na Casa Branca, que na época anunciou uma guerra aberta contra esta nação, por causa das dificuldades impostas pela pandemia, o Ocidente aumentará suas tentativas de desestabilizar este país.