“Mensagens vazadas despertam dúvidas sobre a Justiça anti-corrupção no Brasil”, estampou o The New York Times. “Uma nova reportagem questiona a imparcialidade do juiz”, disse AP Press. O Washington Post destacou a possibilidade de liberdade de Lula e o The Guardian concluiu: “O Brasil se sacudiu com as acusações de que um juiz proeminente colaborou repetidamente com fiscais durante as investigações, incluindo o controverso que encarcerou Lula”
Jornal GGN – “Procuradores brasileiros que acusaram Lula tramavam em segredo mensagens para impedir que seu partido fosse vencedor das eleições 2018”. Essa é a manchete do The Intercept ao mundo, na versão em inglês, que foi exposta pelo jornal de Glenn Greenwald no que foi considerado uma das maiores revelações “da historia do jornalismo” e maior até que o arquivo de Snowden.
Se a versão brasileira menciona como destaque principal a “colaboração proibida” de Sergio moro e Deltan Dallagnol, a internacional vai além e privilegia a informação do impacto das ações consideradas ilegais do juiz de primeira instancia Lula diretamente na política brasileira e na escolha do candidato que iria governar o país.
E a versão da reportagem que diz respeito exatamente sobre os esforços feitos por Moro para orientar e ajudar Dallagnol a incriminar Lula também carrega junto no título -e não somente no texto em si- as dúvidas sobre as provas. É que as versões em inglês, as que justamente foram usadas pelo mundo para repercutir o furo investigativo, resumiram em duas grandes reportagens as quatro até agora reveladas pelo The Intercept Brasil.
O resultado disso é justamente em como divulgaram todos os grandes jornais do mundo o caso que balançou o Brasil nesta semana: “Mensagens vazadas despertam dúvidas sobre a Justiça anti-corrupção no Brasil”, esse foi o título de nada menos que o The New York Times, na reportagem em inglês e espanhol que figurou na capa do considerado maior jornal dos Estados Unidos.
“Mensagens entre agentes judiciais e policiais no Brasil que foram vazados despertaram dúvidas sobre a integridade da investigação de corrupção que sacudiu o poder politico e empresaria do pais, que teve sequelas em toda a America Latina. Trechos de conversas em mensagens de texto, publicados no domingo pelo site noticioso The Intercept, sugerem que o juiz Sergio Moro, o magistrado mais proeminente no julgamento dos casos da Operação Lava Jato, fez consultas e assessorou os procuradores federais sobre a estratégia para as investigações de várias figuras políticas destacadas”, introduz a reportagem.
Outra parte da reportagem do NYTimes diz: “Com Lula preso, se liberou o caminho para a eleição de Jair Bolsonaro, politico de extrema direita que depois designou a Moro como ministro da Justiça e ofereceu nomeá-lo ao Supremo Tribunal Federal (STF) quando houvesse uma vaga”.
Trazendo a análise para além do espectro brasileiro, o jornal lembra que “o escândalo teve consequências mais alem do país: presidentes latino-americanos foram condenados e estaria vinculado a suicídios de pelo menos dois suspeitos e ao homicídio de uma testemunha na Colombia.”
“Durante os primeiros anos, o escândalo da Lava Jato pareceu marcar um momento de transformação para o Brasil e boa parte da região, e tanto Moro como outras figuras envolvidas se converteram em heróis populares. Mas seu legado vem sendo questionado recentemente a medida que mais brasileiros debates qui os impulsores da operação anti-corrupção foram motivados pelas suas preferências políticas”, continuou.
O britânico também referenciado mundialmente The Guardian estampou: “Brasil treme ante a acusações de que o juiz que prendeu Lula colaborou com os investigadores”. “Os chats de celulares infiltrados publicados pelo The Intercept sugerem que Sergio Moro, agora ministro de Justiça, orientou um caso contra o ex-presidente”.
“O Brasil se sacudiu com as acusações de que um juiz proeminente colaborou repetidamente com fiscais durante as investigações de corrupção de alto nível, incluindo o controverso caso que encarcerou o ex-presidente Luiz Inacio Lula da Silva. De acordo com o The Intercept, Sergio Moro deu aos procuradores conselhos estratégicos, criticas e sugestões durante a extensa investigação sobre a corrupção conhecida como Lava Jato, que prendeu centenas de executivos, políticos e interlocutores”, escreveu o jornal britânico.
“As mensagens poderiam abrir caminho para que os advogados solicitem a Corte Suprema a anulação da condenação de Da Silva, conhecido amplamente pelos brasileiros como Lula”, expôs o The Washington Post, ao entrevistar o advogado criminalista Joao Paulo de Martinelli: “’Se ficam demonstrados que estas mensagens são corretas, houve uma parcialidade do juiz na condenação de Lula’”, disse o advogado ao jornal norte-americano The Washinton Post.
O The Washinton juntamente como milhares de jornais do mundo inteiro também trouxeram a cobertura da agencia internacional de noticias AP Press, com a impactante manchete: “AP Explica: Vazamentos desafiam provas da Lava Jato”.
A reportagem da agencia mundial começa com um trecho que vale reproduzir:
“Uma nova reportagem questiona a imparcialidade do juiz no coração de uma campanha brasileira contra a corrupção que acusou dezenas de políticos e empresários de alto nível no Brasil e no estrangeiro. O jornal online The Intercept informa que documentos infiltrados mostram que o juiz Sergio Moro estava guiando ilegalmente a procuradores em um caso levou ao encarceramento do ex-presidente Luis Inacio Lula da Silva, uma acusação que ele nega.”
E o último parágrafo diz:
“The Intercept diz que os documentos revelam que Moro, quem havia sido colocado como um herói por comandar a investigação, ajudou a guiar os procuradores em um esforço por condenar Da Silva, quando ele deveria ter sido imparcial. Também informa que os documentos mostram que os procuradores duvidaram da solidez das provas. O advogado de Da Silva, Cristiano Zanin, diz que a Procuradoria estava “corrompida” e que o ex-presidente deveria ser liberto. Moro e o vice-presidente da Republica Hamilton Mourão afirmaram que as conversas foram colocadas fora de contexto e defenderam a investigação.”