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sexta-feira, 19 abril, 2024

1 ano após golpe frustrado, Venezuela mostra balanço de provas de ligação dos EUA

Presidente da AN, Jorge Rodríguez ofereceu um balanço das provas encontradas depois de um ano da Operação Gedeón – Michele de Mello / Brasil de Fato

Estruturas dos grupos paramilitares haviam sido denunciadas pelo governo antes da invasão; Guaidó era um dos líderes

Michele de Mello
Brasil de Fato | Caracas (Venezuela) |

Nesta segunda-feira, (3), completa-se um ano da tentativa de invasão paramilitar da Venezuela, a chamada Operação Gedeón. Na madrugada do dia 3 de maio de 2020, uma lancha com uma dezena de homens armados com dez fuzis, duas metralhadoras e uma pistola saiu da Colômbia e tentou aportar na praia de Macuto, costa do estado de La Guaira, cerca de 50 km da capital Caracas.

O objetivo era entrar na Venezuela, capturar e assassinar o presidente Nicolás Maduro, além de lideranças do partido governante, e instituir um novo governo encabeçado por uma diretoria de ex-deputados, incluindo Juan Guaidó, e um novo comando militar, tutelado pelos Estados Unidos.

“A agressão paramilitar mais grave contra a Venezuela durante o último século e meio”, qualificou o presidente da Assembleia Nacional (AN), Jorge Rodríguez (Psuv).

Um ano depois, 78 pessoas foram detidas e dois militares estadunidenses, que coordenaram o operativo, foram condenados a 20 anos de prisão. Além disso, uma série de provas foram divulgadas, incluindo o contrato do plano golpista, assinado pelo ex-deputado Juan Guaidó.

“Foi a crônica de uma invasão anunciada. Não tínhamos nenhuma dúvida de que paramilitares, mercenários e desertores estavam sendo treinados na Colômbia com apoio de militares estadunidenses”, declarou o presidente da AN.

 

:: Leia também: As relações entre a oposição venezuelana e paramilitares colombianos::

A Venezuela já havia denunciado na Assembleia Geral da Organização das Nações Unidas em setembro de 2019, a existência de acampamentos paramilitares no território colombiano, oferecendo as coordenadas próximas à fronteira com a Venezuela.


Vice-presidenta venezuelana deu coordenadas exatas dos acampamentos paramilitares na Colômbia durante 74ª Assembleia Geral da ONU / VTV

Jimmy Montesinos, um dos militares desertores venezuelanos que participou da ação, foi detido no dia 4 de maio de 2020, na Colômbia, e confirmou, em seu depoimento à Justiça colombiana, a posição dos acampamentos e o esquema de financiamento desses grupos paramilitares por parte de oposição venezuelana. No entanto, os acampamentos só foram desmantelados pelo Exército Colombiano em setembro do ano passado.

O presidente do Parlamento venezuelano voltou a apresentar provas encontradas pela inteligência militar do país, como a rota das lanchas utilizadas, registrada no GPS das embarcações. Além de áudios entre Guaidó e Jordan Goudreau, diretor da empresa privada militar estadunidense Silverscorp.

O contrato também revela que os militares estadunidenses teriam livre acesso ao território brasileiro caso houvesse confronto com a Força Armada Nacional Bolivariana (Fanb). O deputado Jorge Rodríguez afirma que “não há dúvidas” sobre a cooperação entre Juan Guaidó, Jair Bolsonaro, Iván Duque e o ex-presidente dos Estados Unidos, Donald Trump para promover planos desestabilizadores contra a Venezuela.


“Operação Negro Primeiro” da Força Armada Nacional Bolivariana conseguiu impedir uma invasão paramilitar a 50 km de Caracas. / Reprodução

O governo brasileiro também ofereceu asilo a dois militares desertores que participaram da tentativa de magnicídio contra Nicolás Maduro, em agosto de 2018 e se negou a atender o pedido do Tribunal Supremo de Justiça da Venezuela pela deportação. Além disso, o Brasil é um dos países que apoiou a ativação do Tratado Interamericano de Assistência Recíproca (TIAR) da Ogranização dos Estados Americanos (OEA) contra a Venezuela.

O deputado psuvista acredita que o país continua sob risco de sofrer uma invasão. “É uma ameaça continuada da agressão contra a Venezuela. São mecanismos dessa guerra não convencional”, afirmou.

Rodríguez garante que em breve oferecerá novas evidências de delitos cometidos pelo líder opositor Juan Guaidó. Quando questionado pela lentidão dos processos abertos contra o ex-deputado, Rodríguez afirmou que “certamente ele será punido por cada crime que cometeu”.

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